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Só 1% dos deficientes consegue trabalho
Por Kátia Azevedo / Diário do Comércio   3 de novembro de 2004
A equipe brasileira voltou das Paraolimpíadas de Atenas com a bagagem recheada de medalhas. Mas heroísmo maior é enfrentar os obstáculos de todos os níveis no dia-a-dia. São dificuldades como a falta de acessibilidade nos transportes e nos prédios, a escassez de oferta de empregos e o preconceito.
Problemas ainda maiores para quem vive no anonimato, como a grande maioria dos cerca de 24,5 milhões de brasileiros portadores de deficiência física ou mental. Um número elevado que tende a aumentar, já que o País está entre os campeões de acidentes de trânsito e trabalho, além de violência urbana.
Mais curioso, o Brasil é também pródigo em leis voltadas para os portadores de necessidades especiais, chegando a ser considerada a nação mais avançada no assunto dentro da América Latina. Ocorre que, na prática, as regras acabam ignoradas, por desconhecimento, falta de fiscalização ou má vontade.
Dados do IBGE indicam que só 1% dos deficientes, ou 245 mil pessoas, tem emprego, e entre estes, apenas 2,2% com registro em carteira. São números que comprovam a pouca eficácia da lei de cotas, criada em 1989 e regulamentada em 1999, e que garante aos deficientes de 2% a 5% das vagas em empresas com mais de 100 funcionários, sob pena de multas para os desobedientes.
"Muitas empresas nem sabem que a lei existe. Além disso falta fiscalização, embora o Ministério Público esteja bastante empenhado em garantir o cumprimento da lei", diz o consultor em acessibilidade, Renato Laurenti. Ele cursava Educação Física, quando, 20 anos atrás, sofreu um acidente de carro que o deixou tetraplégico.
"Achava que deficientes não exisitiam, até me tornar um", dispara Laurenti, que após 10 anos de intensa fisioterapia e longos períodos de desânimo, decidiu encarar outra batalha, a da inclusão de todos os deficientes.
Hoje, ele roda a cidade a bordo de uma cadeira automática, e testa as condições de acesso em lugares públicos e privados, estabelecimentos comerciais, transportes. As experiências são divulgadas no site www.saci.org.br , ligado à USP, que tem a proposta de melhorar a qualidade de vida dos deficientes.
"É muito triste ver o descaso com que o deficiente é tratado. Há muito preconceito, gente que considera o deficiente um ser ranzinza, recluso. Quando na verdade são as dificuldades de acesso que fazem com que o deficiente não saia de casa", diz.
A falta de rampas, calçadas, orelhões rebaixados, corrimões e cardápios em braille, são destacados pelo consultor como grandes responsáveis também pelo baixo índice de deficientes exercendo um trabalho fora de casa. "Mesmo que a empresa ofereça vagas, boa parte dos deficientes não têm como chegar até elas", diz. "A maioria depende de transporte público, e os ônibus adaptados são quase inexistentes em São Paulo."
Problemas ainda maiores para quem vive no anonimato, como a grande maioria dos cerca de 24,5 milhões de brasileiros portadores de deficiência física ou mental. Um número elevado que tende a aumentar, já que o País está entre os campeões de acidentes de trânsito e trabalho, além de violência urbana.
Mais curioso, o Brasil é também pródigo em leis voltadas para os portadores de necessidades especiais, chegando a ser considerada a nação mais avançada no assunto dentro da América Latina. Ocorre que, na prática, as regras acabam ignoradas, por desconhecimento, falta de fiscalização ou má vontade.
Dados do IBGE indicam que só 1% dos deficientes, ou 245 mil pessoas, tem emprego, e entre estes, apenas 2,2% com registro em carteira. São números que comprovam a pouca eficácia da lei de cotas, criada em 1989 e regulamentada em 1999, e que garante aos deficientes de 2% a 5% das vagas em empresas com mais de 100 funcionários, sob pena de multas para os desobedientes.
"Muitas empresas nem sabem que a lei existe. Além disso falta fiscalização, embora o Ministério Público esteja bastante empenhado em garantir o cumprimento da lei", diz o consultor em acessibilidade, Renato Laurenti. Ele cursava Educação Física, quando, 20 anos atrás, sofreu um acidente de carro que o deixou tetraplégico.
"Achava que deficientes não exisitiam, até me tornar um", dispara Laurenti, que após 10 anos de intensa fisioterapia e longos períodos de desânimo, decidiu encarar outra batalha, a da inclusão de todos os deficientes.
Hoje, ele roda a cidade a bordo de uma cadeira automática, e testa as condições de acesso em lugares públicos e privados, estabelecimentos comerciais, transportes. As experiências são divulgadas no site www.saci.org.br , ligado à USP, que tem a proposta de melhorar a qualidade de vida dos deficientes.
"É muito triste ver o descaso com que o deficiente é tratado. Há muito preconceito, gente que considera o deficiente um ser ranzinza, recluso. Quando na verdade são as dificuldades de acesso que fazem com que o deficiente não saia de casa", diz.
A falta de rampas, calçadas, orelhões rebaixados, corrimões e cardápios em braille, são destacados pelo consultor como grandes responsáveis também pelo baixo índice de deficientes exercendo um trabalho fora de casa. "Mesmo que a empresa ofereça vagas, boa parte dos deficientes não têm como chegar até elas", diz. "A maioria depende de transporte público, e os ônibus adaptados são quase inexistentes em São Paulo."