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"Temos que investir na capacitação das pessoas"

Por Paula Cunha / Diário do Comércio   17 de novembro de 2004
A Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais (Avape) realizou, na última sexta-feira, o II Encontro das Empresas que Valorizam a Pessoa com Deficiência. No evento foi ressaltada a ação dos Ministérios Público e do Trabalho para fazer cumprir a lei de preenchimento de vagas por portadores de deficiências e a importância da capacitação, já que este é um momento em que as empresas estão preocupadas em seguir a legislação.

Para o presidente da Avape, Marcos Antonio Gonçalves, o momento é positivo e as perspectivas são promissoras. "Estamos vendo um movimento crescente de inclusão. No momento, há mais vagas que deficientes para preenchê-las. Por isso, temos que investir na capacitação destas pessoas que, na maioria dos casos, não teve acesso à formação escolar e as entidades de apoio aos portadores de deficiência têm que se profissionalizar. Não existem políticas públicas para incluir os 24,5 milhões de deficientes em todo o País", explica.

Segundo Gonçalves, o encontro serviu para trocar experiências e ressaltar as experiências positivas de empresas que apostaram no cumprimento da lei e criaram um modelo próprio de inclusão em suas instalações. Por isso, a Avape criou o Selo Empresa Solidária e já o entregou a 300 companhias que aderiram ao processo de inclusão.

Exemplos – A Bombril está entre as empresas que já cumpriram a cota exigida pela lei e têm o selo da Avape. Hoje emprega 57 portadores de deficiência. Seu gerente de Recursos Humanos, Reinaldo Silveri, relata que a primeira dificuldade enfrentada pela empresa foi preparar o seu departamento para receber os novos funcionários. Em seguida, ocorreu o processo de adaptação do espaço físico.

Segundo Silveri, houve uma dinâmica de sensibilização dos funcionários do RH e posteriormente dos departamentos que receberam os funcionários. Depois de contratados, os portadores de deficiência passaram por um processo de acompanhamento até se adaptarem à rotina de trabalho. Ele atribui o sucesso da iniciativa também à parceria firmada com a Avape, que auxiliou no mapeamento dos postos de trabalho que foram colocados à disposição dos portadores de deficiências.

Experiência semelhante teve a Visteo Sistemas Automotivos, que iniciou seu processo de inclusão de portadores de deficiência em 1985 e cumpre a lei de cotas desde 1991. A parceria com a Avape veio em 1992. O representante da empresa, Leonardo Bissolin explica que o processo de seleção é igual para todos os funcionários e que os resultados obtidos até o momento têm sido bastante positivos.

Legislação – Para Eugênia Augusto Fávero, procuradora da República, as cotas devem ser consideradas provisórias porque o ideal seria que a contratação de pessoas com deficiências fosse uma rotina aceita por todas as empresas. Ela acredita que todas as práticas de responsabilidade social implicam na convivência com a diferença.

Segundo Eugênia, a lei diz que deficiência é uma limitação significativa física, sensorial ou mental e não se confunde com incapacidade. "A incapacidade para alguma coisa (andar, subir escadas, ver, ouvir etc.) é uma conseqüência da deficiência, que deve ser vista de forma localizada, pois não implica em incapacidade para outras atividades", conclui.

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