Notícias

Reserva florestal particular quer beneficiar 'vizinhos'

Por Paula Cunha   19 de janeiro de 2005
Preservar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, criar alternativas sustentadas de utilização de recursos que gerem renda para a população local. Este é o objetivo da Reserva Florestal Curucutu Parques Ambientais, localizada no distrito de Parelheiros, na zonal Sul da cidade de São Paulo. Associada à organização não governamental Comunidade Brasil, ela pretende estabelecer parcerias para colocar em prática estes projetos de integração. No dia 19 de março, haverá a realização de um evento especial, batizado "Diversidades Curucutu" para divulgar a iniciativa.

Considerada a primeira e única Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em uma capital do País, a área de 855 mil metros quadrados, que representa 2,7% do total de áreas verdes em parques e reservas do município de São Paulo, era um local desmatado quando foi comprada pelo advogado Jayme Vita Roso, na década de 60. O nome Curucutu é inspirado nas corujas da região.

Seu primeiro objetivo ao adquirir a área era fazer um loteamento, mas ao constatar a sua degradação ele resolveu recuperá-la. O reflorestamento começou em 1979 e, atualmente, a reserva conta com 700 mil árvores plantadas de 60 espécies. Deste total, 280 mil já são adultas.

A partir daí, também a vida animal foi renovada e pacas, jaguatiricas, veados, cutias e pássaros voltaram a habitar a área. Rosa investiu R$ 500 mil para adquirir milhares de mudas de árvores nos últimos 18 anos.

Para obter recursos para colocar em prática estes planos, a Comunidade Brasil elaborou e está colocando em prática projetos de desenvolvimento sustentado. A consultora em gestão social e ambiental da entidade, Annabella Andrade, explica que o objetivo é atrair a atenção de possíveis parceiros.

"Por isso, transformamos a Curucutu Parques Ambientais em uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) em março de 2003. Assim, temos respaldo oficial para desenvolver projetos sustentáveis na área", afirma.

Selo e clube – Outra iniciativa possível após esta medida foi a criação do Selo Curucutu para empresas amigas do meio ambiente. Ele será oferecido a partir deste ano a companhias dispostas a colaborar.

Além disso, foi lançado oficialmente no início de 2005 o Clube Amigos do Curucutu, para obter recursos de empresas interessadas em contribuir para estas e outras atividades.

Resgate social – Segundo Annabella, todos estes planos estão associados a iniciativas para melhorar a qualidade de vida da população local. Ela acredita que esta é uma condição essencial para incutir na comunidade a consciência da necessidade de preservar o ambiente.

"Por isso, a Comunidade Brasil pretende desenvolver a recuperação do artesanato local. O objetivo é difundir técnicas que estão esquecidas e transformá-las em um meio de sustento", afirma.

Além disso, a melhoria das moradias dos habitantes do entorno da reserva também será implementada, através de parcerias ainda não firmadas oficialmente, para que a população local evite degradar a área. Outra medida é a separação de uma área para a comunidade local plantar milho para garantir a sua subsistência.

Para receber estas e outras iniciativas, a casa que abriga a sede da reserva também está sendo transformada. Nela serão realizadas as oficinas de capacitação para os artesãos locais e para os cursos de capacitação como informática, aulas para aproveitar os recursos das árvores frutíferas (produção de geléias e sucos), a reutilização de materiais recicláveis e aulas de preservação ambiental para as crianças de escolas públicas da região.

"Nosso objetivo é oferecer produtos de qualidade e que se destacam da produção artesanal já conhecida. Por isso, fizemos parcerias com estilistas que possam oferecer oficinas gratuitas para os interessados. Queremos vender nossa produção em lojas de grife", diz Annabella.

Para atingir estes objetivos, a ONG está buscando apoio financeiro e institucional de grandes e médias empresas. Ela pretende conquistar, também, os pequenos empreendedores que se disponham a doar material, como equipamento para proteção dos visitantes. São necessários capacetes especiais para adultos e crianças para tornar a visita um outro recurso para obtenção de verbas. A meta é cobrar um ingresso simbólico de grupos e escolas particulares. Para as escolas públicas , o acesso e as oficinas ecológicas serão gratuitos.

Comentários dos Leitores