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Cursos reintegram deficientes

Por Paula Cunha   26 de janeiro de 2005
Quando se percorre as oficinas da Estação Especial da Lapa, pode-se sentir o entusiasmo e as expectativas de um futuro melhor. Logo no início, sente-se literalmente o cheiro da vontade de mudar a vida na oficina de panificação. Com a atenção voltada para a professora Lídia Bressan, alunos com diversos tipos de deficiência seguem as instruções e preparam bolos e pães. A professora ressalta a integração entre os alunos durante os 30 dias do curso. "Além da amizade, eles aprendem a caminhar sozinhos."

Já nas oficinas de hidráulica e de instalações elétricas, a principal meta dos freqüentadores é adquirir conhecimentos que permitam a prestação de serviços. O instrutor de elétrica, Sílvio Nunes, diz que a maioria dos alunos tem expectativa de trabalhar oferecendo reparos em residências e em edifícios. O curso também é freqüentado por desempregados, como Jorge Lopes de Oliveira: "Agora estou mais animado e espero voltar a trabalhar logo. Estou recuperando minha auto-estima."

Nas aulas de pintura decorativa e civil, professor e alunos trocam experiências à medida que as técnicas de trabalho são apresentadas. O professor, Edson Dionízio, convive com alunos com necessidades especiais há seis anos e diz que aprende muito. "O instrutor acaba sendo pai, psicólogo, amigo, professor etc."

Aos 29 anos, Marco Aurélio Fernandes da Silva, que apresenta déficit de aprendizagem, espera sobreviver com a nova atividade. Desempregado há cinco anos, ele aposta que os conhecimentos adquiridos agora e a experiência que já tem o ajudarão a conseguir trabalho. "Até agora, só fiz bicos."

Trabalho em casa – Muitos dos interessados no curso de artefatos em couro da Estação desejam alcançar a sua independência dentro de casa e, por isso, a maioria dos alunos é formada por aposentados. O professor, Sebastião Lopes, explica que a integração entre alunos portadores e não portadores de deficiências é muito positiva. "Com a convivência, os alunos me ensinaram que às vezes é possível trabalhar de uma maneira diferente."

Rosa Maria Dourado, aposentada aos 50 anos em razão de uma tendinite, diz que ficou deprimida em casa e que a solução foi buscar uma atividade diferente. "Além de aprender dou bastante risada aqui. O professor é muito criativo e, agora, quero fazer outros cursos", conclui.

Exemplo de persistência é o aluno do curso de computação para deficientes visuais, Francisco das Chagas. Ele perdeu a visão há quatro anos e, desde então, ficou sem atividade. "Quis mudar a situação porque só ouvia rádio em casa e não agüentava mais. Tenho 57 anos e, agora, quero fazer outros cursos."

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