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Reatech aponta novos caminhos para a inclusão

Por Paula Cunha   20 de abril de 2005
Com a definição forte que você lê ao lado, Dorina Nowill, da Fundação para Cegos, deu o tom da IV Feira Internacional de Tecnologia em Reabilitação e Inclusão, a Reatech. O clima de entusiasmo e participação esteve presente em todo o encontro, na semana passada.

No Centro de Convenções Imigrantes, ONGs, entidades de apoio, empresas fabricantes de equipamentos e visitantes partilharam um clima de integração, entusiasmo e a vontade de trocar informações e experiências. Por todo o pavilhão, profissionais da área de saúde, representantes de entidades e, principalmente, os portadores de deficiências conferiram as novidades em equipamentos e nas propostas de integração.

O presidente da Amigos Metroviários dos Excepcionais (AME - www.ame-sp.org.br ), José de Araújo Neto, afirmou que o grande mérito da feira é reunir e fomentar iniciativas de inclusão. Ele avaliou que cresceu o número de empresas procurando assessoria para incluir portadores de deficiência. Neto lembrou que há 24,5 milhões deles no Brasil e que só 1% deste total trabalha.

Não tão otimista, o funcionário público Roberto Carlos Pereira opinou que os equipamentos e os veículos ainda têm preços proibitivos para a maioria dos deficientes. Segundo ele, as montadoras poderiam oferecer carros adaptados em modelos mais baratos. "As ações para integrar os portadores ainda são insuficientes no país. Vim só para ver os preços de carros. Acho que os deficientes não querem nada de graça, mas este evento é positivo para mostrar o que queremos."

Otimista, Cleusa Ventura Cornélio disse que a atuação de ONGs como a Associação Desportiva para Deficientes (ADD) ajudam a incluir e melhorar a vida dos deficientes através de atividades esportivas e de capacitação. Seu filho Wesley, de sete anos, freqüenta a entidade há dois anos e a mãe afirmou que a experiência tem sido positiva. "Ele está se comunicando melhor com os outros", explicou. O menino diz, sorrindo, que gosta muito de participar dos jogos.

Mostrar os avanços nas conquistas obtidas pelos portadores de deficiências e reforçar a necessidade de capacitação para integrá-los ao mercado de trabalho. Este é o objetivo da Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais (Avape). O presidente da entidade, Marcos Antonio Gonçalves, reforçou as ações da entidade, que já qualificou seis mil pessoas nos últimos dez anos.

"Queremos mudar a mentalidade caritativa. Os portadores precisam de cidadania e não de caridade", explicou Gonçalves. Para ele, deve haver uma mudança de atitude para alterar os espaços urbanos e colaborar com as ações de inclusão.

Iniciativas – Para cumprir a lei que exige a contratação de portadores de deficiências, diversas empresas participaram da Reatech para recrutar interessados. O setor bancário compareceu em diversos estandes. O Banco Real ABN Amro Bank ofereceu em seu estande fichas de cadastramento. Sua representante, Ismênia Pires, informou que o banco já conta com mais de 300 funcionários portadores de deficiência. Os interessados podem obter mais informações no site www.bancoreal.com.br .

O mesmo acontece com a empresa de automação industrial Alstom. Ela participou da Reatech para trocar informações com ONGs e selecionar interessados no preenchimento de vagas. "Já fazíamos adaptações para continuar com alguns de nossos próprios funcionários que sofreram acidentes e passamos, em seguida, a contratar portadores. Por isso, procuramos algumas ONGs para nos auxiliar", disse Felicia Dal'Ava, do setor de Comunicação da Alstom.

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