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A feira de quem faz
Por Paula Cunha / Diário do Comércio   22 de junho de 2005
Um espaço ao mesmo tempo comercial, profissional, de resgate e de inclusão social, com o objetivo de combater o desemprego e criar novas perspectivas de vida. Esta é a proposta da Feira de Quem Faz, onde artesãos comercializam sua produção e, ao mesmo tempo, participam de programas de capacitação e até de uma incubadora para a formação de futuras microempresas.
Localizado no Centro de São Paulo, próximo à praça da Sé, o empreendimento tem capacidade para abrigar 44 estandes e conta com 24 já ocupados por artesãos que comercializam sua produção. Entre eles, estão pessoas que estavam desempregadas e outras que encontraram no artesanato um novo rumo para suas vidas não só profissionais como também pessoais.
Funcionando diariamente desde abril, a feira pretende atrair o grande contingente de pessoas que circulam pelo centro da cidade durante a semana. Por isso, ela está divulgando seu caráter permanente, já que no ano passado só operou em datas específicas como os dias das Mães e dos Pais, além do Natal.
Para viabilizar o projeto, a Cáritas contou com a ajuda de diversos parceiros. Entre eles, indústrias fornecedoras de matérias-primas, como a fabricante de tintas Guarani e a Cromos Embalagens, entre outras. Além disso, voluntários da Universidade Mackenzie se responsabilizaram pelo projeto visual do espaço. Três pessoas se ofereceram para desenvolver as tarefas diárias de manutenção da feira.
O clima de solidariedade pode ser sentido por todos os artesãos que apresentam seu trabalho no espaço. Eles se conhecem bem, pois passam o dia todo juntos e suas histórias têm em comum a garra com que enfrentam as adversidades e a coragem de optar por uma nova atividade.
Este é o caso de Nazeli de Faria. Ela já foi instrutora de confecção e era professora em uma entidade de assistência ao menor até abril deste ano. Ao ser dispensada, com 50 anos de idade, viu-se "perdida e angustiada. Não queria ficar esperando acontecer alguma coisa".
A chance de utilizar suas habilidades surgiu quando soube da Feira de Quem Faz e conseguiu um estande já em abril quando o espaço foi reaberto em caráter definitivo. Nazeli participou do curso básico de formação de incubadoras e foi a primeira a assinar o contrato de locação do estande. Agora, ela sente que encontrou o espaço ideal para comercializar suas bolsas, bonecas e almofadas. "É muito bom fazer 50 anos e descobrir que sou capaz de fazer algo", diz Nazeli.
Dinheiro emprestado – Situação semelhante enfrentou Fátima Alves. Antes de chegar à Feira , ela foi empregada doméstica e dona de brechó. Quando se viu sem trabalho passou por uma loja de bonecas e se interessou pela atividade. "Comecei a fazer as bonecas sozinha e vendia a produção para amigos no bairro", explica. Depois, passou a receber encomendas para fabricar ímãs para atacadistas.
Ela tem esperanças de que a feira cresça porque acredita que um espaço como este é importante para os artesãos e conta que pediu dinheiro emprestado para começar este novo empreendimento.
Espírito empreendedor – O que começou como um hobby transformou-se em uma atividade séria para Marisol Dela Roza, que mostra orgulhosa suas bijuterias, caixas decoradas e pinturas em tecidos. Ela conta que parou de trabalhar após o casamento e que o espaço no centro da cidade surgiu como uma alternativa.
Ela diz que a experiência na feira tem sido bastante interessante e que participar da incubadora a ajudou a aprender a administrar o negócio. "Acho o artesanato apaixonante e prentendo expandir o negócio", conclui.
Fazer o que gosta – Depois de dez anos como auxiliar administrativa, Rita de Sá decidiu literalmente "dar uma virada na vida" e fazer o que gosta: artesanato. Feliz em seu estande, cercada pelos relógios e peças decorativas, ela conta a sua história de desencanto com a atividade exercida anteriormente.
"Minha família criticou a decisão e meu marido me apoiou. Fiquei sabendo da feira através da internet e considero o local muito bom porque estamos no coração de São Paulo."
Juventude e experiência – A mais jovem integrante do espaço, Estela Alves Brazoline, tem 19 anos e ficou sabendo do espaço através da internet, depois de prestar o vestibular para o curso de matemática, sem sucesso. Ela quer aprender mais com a convivência com as pessoas e mostrar seu trabalho. "Sempre gostei de artesanato e espero que ele cresça", diz.
Já a ex-secretária bilíngüe Eli Müller resolveu utilizar as habilidades voltadas para o artesanato desenvolvidas desde criança quando perdeu o emprego aos 45 anos. Ela ficou sabendo da feira por um panfleto.
Um exemplo de artesã bem-sucedida que iniciou suas atividades na Feira de Quem Faz é Maria Célia Alves Santos. Ela fabrica lingerie e descobriu o espaço depois que seu marido perdeu o emprego e a família enfrentava dificuldades. Agora, tem uma pequena loja perto de casa, na zona Leste da capital.
"Vesti a camisa do projeto e aprendi muito lá. Sempre fui dona de casa e o projeto foi uma escola para mim. Agora, consigo caminhar com minhas próprias pernas e o que vendo dá para me equilibrar e pagar minhas contas", conclui.
FEIRA DE QUEM FAZ
Rua José Bonifácio, 107, Centro
De segunda a sexta-feira, das 9h às 18h; aos sábados, das 9h às 13h
Tel: (11) 3242-0646/3242-3815
www.feiradequemfaz.com.br
Localizado no Centro de São Paulo, próximo à praça da Sé, o empreendimento tem capacidade para abrigar 44 estandes e conta com 24 já ocupados por artesãos que comercializam sua produção. Entre eles, estão pessoas que estavam desempregadas e outras que encontraram no artesanato um novo rumo para suas vidas não só profissionais como também pessoais.
Funcionando diariamente desde abril, a feira pretende atrair o grande contingente de pessoas que circulam pelo centro da cidade durante a semana. Por isso, ela está divulgando seu caráter permanente, já que no ano passado só operou em datas específicas como os dias das Mães e dos Pais, além do Natal.
Para viabilizar o projeto, a Cáritas contou com a ajuda de diversos parceiros. Entre eles, indústrias fornecedoras de matérias-primas, como a fabricante de tintas Guarani e a Cromos Embalagens, entre outras. Além disso, voluntários da Universidade Mackenzie se responsabilizaram pelo projeto visual do espaço. Três pessoas se ofereceram para desenvolver as tarefas diárias de manutenção da feira.
O clima de solidariedade pode ser sentido por todos os artesãos que apresentam seu trabalho no espaço. Eles se conhecem bem, pois passam o dia todo juntos e suas histórias têm em comum a garra com que enfrentam as adversidades e a coragem de optar por uma nova atividade.
Este é o caso de Nazeli de Faria. Ela já foi instrutora de confecção e era professora em uma entidade de assistência ao menor até abril deste ano. Ao ser dispensada, com 50 anos de idade, viu-se "perdida e angustiada. Não queria ficar esperando acontecer alguma coisa".
A chance de utilizar suas habilidades surgiu quando soube da Feira de Quem Faz e conseguiu um estande já em abril quando o espaço foi reaberto em caráter definitivo. Nazeli participou do curso básico de formação de incubadoras e foi a primeira a assinar o contrato de locação do estande. Agora, ela sente que encontrou o espaço ideal para comercializar suas bolsas, bonecas e almofadas. "É muito bom fazer 50 anos e descobrir que sou capaz de fazer algo", diz Nazeli.
Dinheiro emprestado – Situação semelhante enfrentou Fátima Alves. Antes de chegar à Feira , ela foi empregada doméstica e dona de brechó. Quando se viu sem trabalho passou por uma loja de bonecas e se interessou pela atividade. "Comecei a fazer as bonecas sozinha e vendia a produção para amigos no bairro", explica. Depois, passou a receber encomendas para fabricar ímãs para atacadistas.
Ela tem esperanças de que a feira cresça porque acredita que um espaço como este é importante para os artesãos e conta que pediu dinheiro emprestado para começar este novo empreendimento.
Espírito empreendedor – O que começou como um hobby transformou-se em uma atividade séria para Marisol Dela Roza, que mostra orgulhosa suas bijuterias, caixas decoradas e pinturas em tecidos. Ela conta que parou de trabalhar após o casamento e que o espaço no centro da cidade surgiu como uma alternativa.
Ela diz que a experiência na feira tem sido bastante interessante e que participar da incubadora a ajudou a aprender a administrar o negócio. "Acho o artesanato apaixonante e prentendo expandir o negócio", conclui.
Fazer o que gosta – Depois de dez anos como auxiliar administrativa, Rita de Sá decidiu literalmente "dar uma virada na vida" e fazer o que gosta: artesanato. Feliz em seu estande, cercada pelos relógios e peças decorativas, ela conta a sua história de desencanto com a atividade exercida anteriormente.
"Minha família criticou a decisão e meu marido me apoiou. Fiquei sabendo da feira através da internet e considero o local muito bom porque estamos no coração de São Paulo."
Juventude e experiência – A mais jovem integrante do espaço, Estela Alves Brazoline, tem 19 anos e ficou sabendo do espaço através da internet, depois de prestar o vestibular para o curso de matemática, sem sucesso. Ela quer aprender mais com a convivência com as pessoas e mostrar seu trabalho. "Sempre gostei de artesanato e espero que ele cresça", diz.
Já a ex-secretária bilíngüe Eli Müller resolveu utilizar as habilidades voltadas para o artesanato desenvolvidas desde criança quando perdeu o emprego aos 45 anos. Ela ficou sabendo da feira por um panfleto.
Um exemplo de artesã bem-sucedida que iniciou suas atividades na Feira de Quem Faz é Maria Célia Alves Santos. Ela fabrica lingerie e descobriu o espaço depois que seu marido perdeu o emprego e a família enfrentava dificuldades. Agora, tem uma pequena loja perto de casa, na zona Leste da capital.
"Vesti a camisa do projeto e aprendi muito lá. Sempre fui dona de casa e o projeto foi uma escola para mim. Agora, consigo caminhar com minhas próprias pernas e o que vendo dá para me equilibrar e pagar minhas contas", conclui.
FEIRA DE QUEM FAZ
Rua José Bonifácio, 107, Centro
De segunda a sexta-feira, das 9h às 18h; aos sábados, das 9h às 13h
Tel: (11) 3242-0646/3242-3815
www.feiradequemfaz.com.br