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Cruz Verde
Por Cyro Queiroz Fiuza    20 de julho de 2005
Complexo tem 200 internados e atende 1,5 mil crianças por dia com equipe especializada
Entidade tem tratamento modelo para paralisia cerebral em SP
Carlos Eduardo dos Santos Silva, o Cacá, tem quatro anos e é o único paciente em condições físicas e clínicas de estudar fora, como aluno do segundo maternal do Colégio Pueri Domus. Carlos Eduardo dos Anjos Souza, o Dudu, é sãopaulino roxo e tem a cadeira de rodas toda adesivada com o símbolo de seu clube. Já o inseparável amigo Alfredo Magalhães torce pelo Corinthians e exibe sua paixão na medalhinha que leva no pescoço. Vanessa Alcântara Moreno, de apenas dois anos, cativa pelo sorriso no hospital-dia enquanto espera pela mãe que a leva para casa. José Roberto Paulino Mota, 40 anos, mostra a serenidade dos anos que passam sem perder o jeito de menino. Os pequenos João Augusto Soares Alves e Andréia Dias Azevedo olham para a câmara fotográfica enquanto disputam a atenção da auxiliar de enfermagem Alvina Carlos Silva, há oito anos cuidando de crianças com paralisia cerebral como eles.
Todos fazem parte de um sonho que começou a se tornar realidade no longínquo 1959. Por iniciativa do neurologista e neuropediatra Antonio Branco Lefèvre e de um grupo de voluntários, foi fundada a Associação Cruz Verde, que hoje cumpre a tarefa de atender crianças e jovens portadores de graves paralisias cerebrais. Um trabalho especializado que já preocupava os fundadores e o professor Lefévre, então docente de neurologia da Faculdade de Medicina da USP, pois era premente a necessidade de atendimento e local adequados para tratar 200 pacientes – número atual de leitos do hospital localizado no bairro da Vila Clementino, na capital paulista.
Entidade de caráter filantrópico, a Cruz Verde ganhou impulso com a inauguração do prédio onde se localiza o seu hospital, em 1970, inicialmente com 100 leitos e hoje com o dobro. Além das internações normais e do hospital-dia, há um ambulatório, aberto em 1989, que possibilitou a implantação de consultas pré-marcadas. "Hoje temos 1,5 mil atendimentos por mês, incluindo os no centro cirúrgico odontológico", diz Marilena Pacios, superindentente da entidade.
Sucesso – O sistema de hospital-dia revelou-se um sucesso: a criança permanece durante o dia na associação, recebe atendimento e alimentação, seguindo para casa no final da tarde. O elevado índice de ausências iniciais foi resolvido com a compra de uma van, que leva mães e filhos ao metrô ou pontos de ônibus mais próximos. Enquanto permanecem à espera dos filhos, as mães participam de atividades no centro de convivência da associação, onde fazem trabalhos artesanais que serão vendidos no próximo bazar da entidade.
O hospital-dia atende cerca de 15 crianças, mas tem capacidade – embora sem recursos no momento – para dobrar esse atendimento de imediato. Para internações, a fila de espera chega a 300 pacientes. Tanto para casos ambulatoriais como hospitalares, a primeira triagem é realizada pelo serviço social, que depois direciona os pacientes para os neurologistas e daí para o tratamento adequado – hospitalar, clínico, psicológico, fono ou fisioterápico.
Recursos – Os recursos para manutenção da associação vêm na maior parte do Sistema Único de Saúde (SUS), e são complementados por doações, campanhas e pela contribuição do quadro de associados (pessoas físicas e jurídicas). A maior parcela do atendimento (89%) também é direcionada pelo SUS. Segundo a superintendente, a necessidade principal da associação é de leite em pó, extrato de tomate, maizena, farinha láctea, groselha, desodorante, shampoo, aparelho de barbear, medicamentos, fraldas e sondas para alimentação.
Com 250 funcionários, a associação emprega médicos, enfermeiros, auxiliares, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, odontólogos e pessoal administrativo. Apesar das dificuldades, Marilena Pacios é otimista. "O plano para o médio prazo é fazer um centro cirúrgico. A curto prazo, preencher as vagas no hospital-dia, dobrando o atual atendimento".
A associação também tem um corpo fixo de 50 voluntários, dividido em grupos de formação específica, que atuam duas vezes por semana. Há, ainda, o voluntariado no grupo de artesanato e no centro de convivência das mães de pacientes.
Definição – A paralisia cerebral consiste em um grupo heterogêneo de condições patológicas não-progressivas do movimento e da postura, que se manifestam no início da vida, atribuídas à várias etiologias, conhecidas e desconhecidas, envolvendo o cérebro imaturo. As causas vêm dos períodos que antecedem (pré-natal) o nascimento, que ocorrem durante (peri-natal) ou no pós-natal.
Quanto aos tipos de paralisia cerebral, são quatro: espástico, atetósico, atáxico e flácido. O mais comum é o espástico, que é hipertônico (causa maior contração da musculatura), e o mais raro, o tipo flácido, ou hipotônico, que apresenta musculatura mais flácida. O atetósico afeta uma determinada parte do sistema nervoso central (SNC) e causa movimentos anormais do paciente, enquanto que o atáxico refere-se à falta de equilíbrio apresentada pelo portador da doença. "O fato da não-reabilitação plena desses pacientes não nos tira o ânimo de chegar lá, em busca de melhores condições de vida para todos", conclui a superintendente.
SERVIÇO
Como colaborar e conhecer a Cruz Verde: visite a sede na R. Dr. Diogo de Faria, 695, São Paulo - SP
Fone/fax: (11) 5579-7335
Site: www.cruzverde.com.br
E-mail: cruzverde@cruzverde.org.br
Entidade tem tratamento modelo para paralisia cerebral em SP
Carlos Eduardo dos Santos Silva, o Cacá, tem quatro anos e é o único paciente em condições físicas e clínicas de estudar fora, como aluno do segundo maternal do Colégio Pueri Domus. Carlos Eduardo dos Anjos Souza, o Dudu, é sãopaulino roxo e tem a cadeira de rodas toda adesivada com o símbolo de seu clube. Já o inseparável amigo Alfredo Magalhães torce pelo Corinthians e exibe sua paixão na medalhinha que leva no pescoço. Vanessa Alcântara Moreno, de apenas dois anos, cativa pelo sorriso no hospital-dia enquanto espera pela mãe que a leva para casa. José Roberto Paulino Mota, 40 anos, mostra a serenidade dos anos que passam sem perder o jeito de menino. Os pequenos João Augusto Soares Alves e Andréia Dias Azevedo olham para a câmara fotográfica enquanto disputam a atenção da auxiliar de enfermagem Alvina Carlos Silva, há oito anos cuidando de crianças com paralisia cerebral como eles.
Todos fazem parte de um sonho que começou a se tornar realidade no longínquo 1959. Por iniciativa do neurologista e neuropediatra Antonio Branco Lefèvre e de um grupo de voluntários, foi fundada a Associação Cruz Verde, que hoje cumpre a tarefa de atender crianças e jovens portadores de graves paralisias cerebrais. Um trabalho especializado que já preocupava os fundadores e o professor Lefévre, então docente de neurologia da Faculdade de Medicina da USP, pois era premente a necessidade de atendimento e local adequados para tratar 200 pacientes – número atual de leitos do hospital localizado no bairro da Vila Clementino, na capital paulista.
Entidade de caráter filantrópico, a Cruz Verde ganhou impulso com a inauguração do prédio onde se localiza o seu hospital, em 1970, inicialmente com 100 leitos e hoje com o dobro. Além das internações normais e do hospital-dia, há um ambulatório, aberto em 1989, que possibilitou a implantação de consultas pré-marcadas. "Hoje temos 1,5 mil atendimentos por mês, incluindo os no centro cirúrgico odontológico", diz Marilena Pacios, superindentente da entidade.
Sucesso – O sistema de hospital-dia revelou-se um sucesso: a criança permanece durante o dia na associação, recebe atendimento e alimentação, seguindo para casa no final da tarde. O elevado índice de ausências iniciais foi resolvido com a compra de uma van, que leva mães e filhos ao metrô ou pontos de ônibus mais próximos. Enquanto permanecem à espera dos filhos, as mães participam de atividades no centro de convivência da associação, onde fazem trabalhos artesanais que serão vendidos no próximo bazar da entidade.
O hospital-dia atende cerca de 15 crianças, mas tem capacidade – embora sem recursos no momento – para dobrar esse atendimento de imediato. Para internações, a fila de espera chega a 300 pacientes. Tanto para casos ambulatoriais como hospitalares, a primeira triagem é realizada pelo serviço social, que depois direciona os pacientes para os neurologistas e daí para o tratamento adequado – hospitalar, clínico, psicológico, fono ou fisioterápico.
Recursos – Os recursos para manutenção da associação vêm na maior parte do Sistema Único de Saúde (SUS), e são complementados por doações, campanhas e pela contribuição do quadro de associados (pessoas físicas e jurídicas). A maior parcela do atendimento (89%) também é direcionada pelo SUS. Segundo a superintendente, a necessidade principal da associação é de leite em pó, extrato de tomate, maizena, farinha láctea, groselha, desodorante, shampoo, aparelho de barbear, medicamentos, fraldas e sondas para alimentação.
Com 250 funcionários, a associação emprega médicos, enfermeiros, auxiliares, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, odontólogos e pessoal administrativo. Apesar das dificuldades, Marilena Pacios é otimista. "O plano para o médio prazo é fazer um centro cirúrgico. A curto prazo, preencher as vagas no hospital-dia, dobrando o atual atendimento".
A associação também tem um corpo fixo de 50 voluntários, dividido em grupos de formação específica, que atuam duas vezes por semana. Há, ainda, o voluntariado no grupo de artesanato e no centro de convivência das mães de pacientes.
Definição – A paralisia cerebral consiste em um grupo heterogêneo de condições patológicas não-progressivas do movimento e da postura, que se manifestam no início da vida, atribuídas à várias etiologias, conhecidas e desconhecidas, envolvendo o cérebro imaturo. As causas vêm dos períodos que antecedem (pré-natal) o nascimento, que ocorrem durante (peri-natal) ou no pós-natal.
Quanto aos tipos de paralisia cerebral, são quatro: espástico, atetósico, atáxico e flácido. O mais comum é o espástico, que é hipertônico (causa maior contração da musculatura), e o mais raro, o tipo flácido, ou hipotônico, que apresenta musculatura mais flácida. O atetósico afeta uma determinada parte do sistema nervoso central (SNC) e causa movimentos anormais do paciente, enquanto que o atáxico refere-se à falta de equilíbrio apresentada pelo portador da doença. "O fato da não-reabilitação plena desses pacientes não nos tira o ânimo de chegar lá, em busca de melhores condições de vida para todos", conclui a superintendente.
SERVIÇO
Como colaborar e conhecer a Cruz Verde: visite a sede na R. Dr. Diogo de Faria, 695, São Paulo - SP
Fone/fax: (11) 5579-7335
Site: www.cruzverde.com.br
E-mail: cruzverde@cruzverde.org.br