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ADD: do esporte à qualificação profissional dos deficientes

Por Paula Cunha / Diário do Comércio   24 de agosto de 2005
Foto de Marcos Fernandes / Agência Luz Gildo Porfírio levou um tiro e passou por um longo processo de readaptação
A Associação Desportiva para Deficientes (ADD) está dando um passo à frente no seu esforço para integrar portadores de deficiência à sociedade. Ela criou a ADD Training para capacitar e atualizar esta parcela da população e, agora, está inaugurando o curso de telemarketing e o programa de orientação para que seus alunos estejam aptos a enfrentar as entrevistas e dinâmicas de grupo, comuns aos processos de seleção.

O projeto está em fase de expansão com este novo curso e Karina Mosmann, coordenadora de comunicação e marketing da ADD, explica que os cursos surgiram quando os jovens que participavam dos programas esportivos da entidade desde a infância passaram a enfrentar muitas dificuldades para encontrar trabalho no início da idade adulta.

O programa tem dois anos de existência e neste período já capacitou mais de 550 pessoas e, atualmente, 45 estão passando pelo treinamento em informática básica e em telemarketing. Estes números podem parecer pequenos, mas deve-se lembrar que o país conta atualmente com 24,5 milhões de portadores de deficiências e que apenas 1% deste total trabalha.

A fase atual é de expansão dos cursos, explica a coordenadora, já que muitas empresas estão em busca de profissionais qualificados para preencher as vagas exigidas pela legislação que garante postos de trabalho para portadores de deficiência.

Todo os conteúdos apresentados aos interessados foram estruturados na própria sede da ADD. Duas salas foram adaptadas para receber nove alunos e as aulas acontecem durante todo o dia e também à noite. Os professores foram contratados pela instituição.

Os cursos de informática têm carga horária de 72 horas/aula (três meses). Eles são formados pelo módulo básico que inclui Windows, Word, Excel, Internet e Power Point. Além disso, há os de Internet, Office, Corel Draw, HTML, Produção Gráfica, Manutenção de Micro, Linguagem de Programação, Teleprocessamento, Data Base Marketing e Adobe Page Maker.

Experiências – Todos os atuais participantes demonstram grande esperança e entusiasmo com os cursos. Para muitos deles, é uma possibilidade de se reciclar para tentar voltar ao mercado de trabalho.

Algumas pessoas ficaram afastadas em função de acidentes. É o caso de Gildo Porfírio. Aos 22 anos, ele foi atingido por um tiro, passou a se locomover em cadeira de rodas e atravessou um longo processo de reabilitação. Já fez o curso de informática e agora está concluindo o de telemarketing. "Procurei a ADD para me atualizar. Estou desempregado e acredito que os cursos me ajudarão", afirma.

Já Tatiane Dreger conheceu a ADD através da internet e fez o curso de informática. Agora, prestes a concluir o de telemarketing, ela está entusiasmada. A jovem de 19 anos espera melhorar a comunicação com as pessoas e encontrar uma posição na área. "Já trabalhei no setor de marketing receptivo na Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais (Avape) e agora estou fazendo faculdade de Nutrição", diz.

Estímulo – Na opinião de Karina, o entusiasmo dos estudantes é conseqüência da estruturação dos cursos e do treinamento pelo qual os professores passaram. Eles também são estimulados pelos progressos obtidos pelos alunos.

A professora de telemarketing, Ana Cristina Silva, compartilha o mesmo entusiasmo. Ela se especializou no treinamento em telemarketing e elogia o projeto da ADD. "O curso foi bem estruturado e os alunos participam bastante durante as aulas. Eles se preocupam muito em aproveitar esta oportunidade para se capacitar", diz.

O professor de informática Alex Inaba Kamioka já foi professor da SOS Computadores e é a primeira vez que dá aulas para portadores de deficiência. A experiência foi bastante positiva, pois também aprendeu a linguagem de sinais para orientar deficientes auditivos.

"Estou aprendendo que todos têm problemas, mas sinto que os meus são pequenininhos. Estou sendo muito estimulado pelo esforço dos meus alunos, que se empenham para aprender e comparecer às aulas. Muitos moram muito longe e é difícil para eles chegar aqui."

História – A ADD foi fundada em 1996 como uma entidade sem fins lucrativos. Seu objetivo é promover o desenvolvimento de pessoas portadoras de deficiências através da prática do esporte adaptado. Seus idealizadores são o professor de educação física Steve Dubner e a administradora Eliane Miada.

SERVIÇO

Para obter mais informações sobre a Associação Desportiva para Deficientes e o projeto ADD Training ligue para o telefone (11) 5052-9944.

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