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Receita de inclusão: uma idéia na cabeça e uma câmera na mão
Por Paula Cunha    26 de outubro de 2005
A famosa frase "Luzes, câmera, ação" está sendo utilizada não apenas para dar a arrancada inicial à filmagem de novas produções cinematográficas no Brasil e em todo o mundo, mas também para transformar a vida de adolescentes na pequena cidade de Tibagi, no interior do Paraná. Lá, a Organização Não Governamental (ONG) Cooperativa de Cinema ensina cinema e suas técnicas de produção a jovens de escolas públicas, que estão tendo acesso não só a câmeras digitais mas estão aprimorando sua formação cultural.
A Cooperativa participou dos seminários e debates na 3ª Conferência Internacional BAWB, realizada em Curitiba no início de outubro. Segundo seu diretor, Homero Camargo, o objetivo da participação foi apresentar o projeto a outras ONGs e estabelecer parcerias para ampliá-lo. Até o momento, só a prefeitura de Tibagi e a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Paraná colaboram com as atividades da entidade.
Ela já atendeu cerca de 300 jovens de 12 a 16 anos, que passaram pelo processo de produção de curtas e médias metragens, a maioria com temas que resgatam a identidade cultural do Paraná. Deste total, 50 foram diretamente formados, ou seja, passaram pelo processo de aprendizagem de todas as fases de produção de um filme, e receberam um certificado.
"No início, entramos em contato com todas as escolas do município de Tibagi. O objetivo era encontrar jovens interessados em iniciar uma atividade audiovisual", explicou Camargo.
Segundo ele, o passo seguinte foi pedir a 600 alunos que escrevessem redações, com temas livres. Foram selecionadas as que tinham condições de serem transformadas em pequenos roteiros. Os critérios para a escolha foram a originalidade do tema, a relação deste último com a cultura local, a coerência no desenvolvimento da história e a viabilidade para a produção.
Com prazo de produção fixado, em média, em quatro meses, os jovens participaram de todas as etapas de produção, desde a escolha do tema, passando pela elaboração do roteiro, seleção de atores, locações e figurinos até a montagem final.
Integração – Segundo os jovens, as atividades que envolvem a produção dos filmes também os ajudaram a estabelecer contato com a comunidade local. Para montar o set de filmagem e selecionar os figurinos adequados às histórias que pretendiam contar, eles recorreram a empresas de Tibagi. Segundo eles, esta aproximação foi importante porque a cidade passou a dar maior importância à produção cultural da região.
Neste ano, os filmes dos jovens foram exibidos em uma sala de cinema da cidade e o interesse foi grande. Segundo os organizadores da mostra, quatro mil pessoas assistiram as produções em três dias de projeção. O índice foi considerado muito alto, já que a população da cidade de Tibagi é de dez mil habitantes.
Resultados – Esta integração também foi considerada positiva pelas escolas freqüentadas pelos jovens estudantes. Segundo Camargo, os diretores notaram que os adolescentes que participaram do projeto passaram a demonstrar mais facilidade para se expressar em sala de aula, além de desenvolver um senso maior de responsabilidade tanto na escola quanto no seu dia-a-dia.
Durante a apresentação das atividades da ONG no evento da BAWB, três jovens falaram sobre a experiência de participar da produção de filmes e o que isso transformou suas vidas. Aline, de 16 anos, ressalta que o que mais a transformou durante as filmagens foi sentir que tinha a capacidade de tomar decisões importantes nos momentos certos. "Além disso, passei a me empenhar mais para cumprir todos os compromissos que assumo."
Lucas, de 15 anos, enfatizou que passou a valorizar mais o trabalho em geral e a observar mais como se faz uma produção artística. Ele espera participar de outras produções na ONG.
Para Natalli, o maior benefício obtido com a participação no projeto foi aumentar sua confiança. "Estou me expressando melhor e quero continuar a desenvolver atividades culturais. Acho que este é o meu caminho", disse.
Todo este entusiasmo dos jovens está sendo estimulado não só com aulas e atividades técnicas na Cooperativa. Eles também estão passando por um processo de aprimoramento cultural. Para atingir este objetivo, a ONG já conta com um acervo de filmes nacionais e estrangeiros e uma biblioteca. A meta é oferecer aos adolescentes participantes das atividades da entidade conhecimentos de cinema e de cultura geral. "Eles assistem filmes e são estimulados a discutir não só a técnica mas também o seu conteúdo e a mensagem que transmitem", diz Camargo.
A coordenadora do projeto nas escolas, Silvana Fontana, acrescenta que a entidade planeja estabelecer contato com emissoras públicas de televisão para exibir os filmes produzidos pelos adolescentes.
Perspectivas – Em relação ao evento da BAWB, o diretor da Cooperativa de Cinema afirmou que ele cumpriu seu objetivo de mostrar suas atividades e de estabelecer contatos com outras ONGs.
"O que nos inspirou para participar desta mostra é a possibilidade de estabelecer parcerias para desenvolver projetos. Várias pessoas já se interessaram por nossas atividades e estamos estudando projetos em comum. As alianças no Terceiro Setor têm que ser mais trabalhadas", conclui Homero Camargo.
A repórter viajou a Curitiba a convite da organização da 3ª Conferência Internacional BAWB.
A Cooperativa participou dos seminários e debates na 3ª Conferência Internacional BAWB, realizada em Curitiba no início de outubro. Segundo seu diretor, Homero Camargo, o objetivo da participação foi apresentar o projeto a outras ONGs e estabelecer parcerias para ampliá-lo. Até o momento, só a prefeitura de Tibagi e a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Paraná colaboram com as atividades da entidade.
Ela já atendeu cerca de 300 jovens de 12 a 16 anos, que passaram pelo processo de produção de curtas e médias metragens, a maioria com temas que resgatam a identidade cultural do Paraná. Deste total, 50 foram diretamente formados, ou seja, passaram pelo processo de aprendizagem de todas as fases de produção de um filme, e receberam um certificado.
"No início, entramos em contato com todas as escolas do município de Tibagi. O objetivo era encontrar jovens interessados em iniciar uma atividade audiovisual", explicou Camargo.
Segundo ele, o passo seguinte foi pedir a 600 alunos que escrevessem redações, com temas livres. Foram selecionadas as que tinham condições de serem transformadas em pequenos roteiros. Os critérios para a escolha foram a originalidade do tema, a relação deste último com a cultura local, a coerência no desenvolvimento da história e a viabilidade para a produção.
Com prazo de produção fixado, em média, em quatro meses, os jovens participaram de todas as etapas de produção, desde a escolha do tema, passando pela elaboração do roteiro, seleção de atores, locações e figurinos até a montagem final.
Integração – Segundo os jovens, as atividades que envolvem a produção dos filmes também os ajudaram a estabelecer contato com a comunidade local. Para montar o set de filmagem e selecionar os figurinos adequados às histórias que pretendiam contar, eles recorreram a empresas de Tibagi. Segundo eles, esta aproximação foi importante porque a cidade passou a dar maior importância à produção cultural da região.
Neste ano, os filmes dos jovens foram exibidos em uma sala de cinema da cidade e o interesse foi grande. Segundo os organizadores da mostra, quatro mil pessoas assistiram as produções em três dias de projeção. O índice foi considerado muito alto, já que a população da cidade de Tibagi é de dez mil habitantes.
Resultados – Esta integração também foi considerada positiva pelas escolas freqüentadas pelos jovens estudantes. Segundo Camargo, os diretores notaram que os adolescentes que participaram do projeto passaram a demonstrar mais facilidade para se expressar em sala de aula, além de desenvolver um senso maior de responsabilidade tanto na escola quanto no seu dia-a-dia.
Durante a apresentação das atividades da ONG no evento da BAWB, três jovens falaram sobre a experiência de participar da produção de filmes e o que isso transformou suas vidas. Aline, de 16 anos, ressalta que o que mais a transformou durante as filmagens foi sentir que tinha a capacidade de tomar decisões importantes nos momentos certos. "Além disso, passei a me empenhar mais para cumprir todos os compromissos que assumo."
Lucas, de 15 anos, enfatizou que passou a valorizar mais o trabalho em geral e a observar mais como se faz uma produção artística. Ele espera participar de outras produções na ONG.
Para Natalli, o maior benefício obtido com a participação no projeto foi aumentar sua confiança. "Estou me expressando melhor e quero continuar a desenvolver atividades culturais. Acho que este é o meu caminho", disse.
Todo este entusiasmo dos jovens está sendo estimulado não só com aulas e atividades técnicas na Cooperativa. Eles também estão passando por um processo de aprimoramento cultural. Para atingir este objetivo, a ONG já conta com um acervo de filmes nacionais e estrangeiros e uma biblioteca. A meta é oferecer aos adolescentes participantes das atividades da entidade conhecimentos de cinema e de cultura geral. "Eles assistem filmes e são estimulados a discutir não só a técnica mas também o seu conteúdo e a mensagem que transmitem", diz Camargo.
A coordenadora do projeto nas escolas, Silvana Fontana, acrescenta que a entidade planeja estabelecer contato com emissoras públicas de televisão para exibir os filmes produzidos pelos adolescentes.
Perspectivas – Em relação ao evento da BAWB, o diretor da Cooperativa de Cinema afirmou que ele cumpriu seu objetivo de mostrar suas atividades e de estabelecer contatos com outras ONGs.
"O que nos inspirou para participar desta mostra é a possibilidade de estabelecer parcerias para desenvolver projetos. Várias pessoas já se interessaram por nossas atividades e estamos estudando projetos em comum. As alianças no Terceiro Setor têm que ser mais trabalhadas", conclui Homero Camargo.
A repórter viajou a Curitiba a convite da organização da 3ª Conferência Internacional BAWB.