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Reciclázaro surgiu numa praça

Por Paula Cunha / Diário do Comércio   9 de novembro de 2005
Com uma afirmação radical de que as famílias não estão aptas a cuidar de seus dependentes químicos e que elas são co-dependentes, o diretor da Comunidade Viva Verde, Fábio Parreira, explica que quando o paciente entra na clínica sua família também é "tratada". Segundo ele, o perfil dos assistidos é o de dependentes de álcool e drogas e que estão em situação de risco por morarem nas ruas. "São pessoas que não se adaptaram aos tratamentos convencionais. Muitos tentaram este tipo de ajuda antes de ir para os abrigos".

O modelo de tratamento foi criado pelo psiquiatra que atende os assistidos, Cláudio Duarte, especializado em dependência de álcool e drogas e que alia técnicas de terapia com trabalho. Eles encontram nesta atividade uma forma de se disciplinar e, atualmente, também uma maneira de atuar socialmente, já que parte da produção está abastecendo creches e abrigos da região.

Além do psiquiatra, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e uma professora de ioga compõem a equipe que acompanha os pacientes. Todas estas atividades são oferecidas a eles dentro de uma programação controlada e há avaliações constantes para medir a evolução dos assistidos. Há, também, a prática de esportes que favorece a integração.

A clínica existe desde 2003, em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social e a Associação Reciclázaro, que atua há nove anos em projetos de apoio a populações em situação de risco social. A entidade criou um modelo de recuperação para os moradores de rua e, atualmente, das 10 mil pessoas que vivem nesta situação, cerca de 900 passam diariamente pela Reciclázaro.

A entidade nasceu nas pastorais da Igreja Católica, na paróquia São João Maria Vianney, na Lapa, com o objetivo de recuperar a praça Cornélia, que era afetada pelo tráfico de drogas e já abrigava moradores de rua. Em 1998, a Reciclázaro abriu a Casa de São Lázaro para acolher os moradores da praça. O projeto de reciclagem, surgiu da necessidade de auxiliar estas pessoas, que na época recolhiam latas de cerveja para sobreviver. A Comunidade Viva Verde surgiu como mais um desdobramento deste processo e da necessidade de se oferecer um tratamento especializado para os dependentes químicos.

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