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Cão-guia: olhos para quem não pode ver
Por Paula Cunha   8 de fevereiro de 2006
Criar no Brasil a cultura de utilizar cães-guias para cegos como uma ferramenta de inclusão social. Este é o objetivo da Fundação Predicta, que espera entregar gratuitamente animais treinados para seis deficientes visuais nos próximos 14 meses. Os especialistas envolvidos no projeto acreditam que o cão-guia é um elemento que ajuda a integrar o cego à comunidade, já que as pessoas se sentem atraídas, inicialmente, pelos cães, passam a interagir com o deficiente e acabam revendo suas posições sobre a deficiência em geral. Ao mesmo tempo, o animal é um instrumento que ajuda a aumentar a independência dos cegos.
Criada pelo empresário do setor de serviços de inteligência em marketing online, Marcelo Marzola, a Fundação Predicta estabeleceu parcerias para atingir este objetivo. Uma delas é com a Associação Cão Guia de Cego (ACGC), que assumiu tarefas desde a seleção das matrizes, passando pelos cuidados pré e pós-parto até a entrega dos animas.
Os efeitos benéficos da convivência entre animais e deficientes pôde ser sentida durante o treinamento do cão Y, acompanhado esta semana pelo Diário do Comércio . Seu novo proprietário Luís Alberto de Carvalho, que trabalha no ramo de agribusiness, conta que este não é o seu primeiro cão-guia. Ele ficou cego aos 14 anos em conseqüência de um glaucoma e adquiriu seu primeiro animal aos 18. Atualmente, treina Y, o labrador que substitui Ninoca, que está se aposentando.
"Desde que fiquei cego quis um cão-guia. Queria mais autonomia e já gostava de cães antes de perder a visão." Apesar da convicção de que o animal seria mais um elemento a auxiliá-lo a manter a independência, ele enfrentou diversas dificuldades, já que no começo a família se posicionou contra e não havia uma legislação específica para definir os direitos de locomoção dos cegos acompanhados por seus cães. Hoje, a lei nº 11.492 garante o acesso do deficiente e de seu cão em qualquer estabelecimento ou instituição e meios de transporte, como o Metrô.
Outros obstáculos – Durante o treinamento, que durou aproximadamente, uma hora e meia, Carvalho e a treinadora Sandra Buncana de Camis mostraram como se treina um cão guia e como é difícil executar esta tarefa em uma cidade com calçadas em péssimo estado como São Paulo.
Identificar degraus, desviar de bueiros e encontrar os espaços possíveis para passar entre os carros estacionados foram alguns exercícios pelos quais Y passou. Sempre com uma orientação firme através da voz da treinadora, o cão completou o trajeto e orientou Carvalho na maioria dos obstáculos.
Por ser ainda muito jovem, Y deixou de desviar de alguns galhos de árvores que roçaram a cabeça de Carvalho. A treinadora explicou que ele ainda é muito jovem e se distrai com outros cães e com o barulho do trânsito, o que faz com que ele deixe de indicar ao deficiente alguns obstáculos que necessitam o uso do faro, como a árvore.
Respeito – Além de atrair de forma positiva as pessoas, o cão-guia também acaba impondo respeito quando circula com os cegos nas ruas. Embora a treinadora ressalte que este não é o principal objetivo, ela reconhece que ele exerce esse efeito.
Sandra, que é formada em física e matemática e foi professora durante alguns anos, passou a treinar cães em 1979, a princípio para apresentações em exposições. Passou a entrar em contato com treinadores, veterinários e outros profissionais e treinou o primeiro cão-guia para um cego em 1991.
Novela – Após a transmissão da novela da TV Globo América, de Glória Perez, no ano passado, a população conheceu melhor o trabalho dos cães-guias para ajudar deficientes visuais e essa divulgação foi positiva, na opinião de Carvalho e de Sandra.
Carvalho explicou que foi um dos consultores para a elaboração do texto da novela e que o personagem Jatobá (interpretado por Marcos Frota) foi inspirado, parcialmente nele. Ele considera a novela muito positiva para mudar a imagem dos deficientes no Brasil e mostrar que eles podem ser independentes.
"Por isso, digo sempre que o cão-guia, quando nos ajuda a recuperar a independência nos faz resgatar a auto-estima e isso é o mais importante para quem perde a visão", conclui Carvalho.
Criada pelo empresário do setor de serviços de inteligência em marketing online, Marcelo Marzola, a Fundação Predicta estabeleceu parcerias para atingir este objetivo. Uma delas é com a Associação Cão Guia de Cego (ACGC), que assumiu tarefas desde a seleção das matrizes, passando pelos cuidados pré e pós-parto até a entrega dos animas.
Os efeitos benéficos da convivência entre animais e deficientes pôde ser sentida durante o treinamento do cão Y, acompanhado esta semana pelo Diário do Comércio . Seu novo proprietário Luís Alberto de Carvalho, que trabalha no ramo de agribusiness, conta que este não é o seu primeiro cão-guia. Ele ficou cego aos 14 anos em conseqüência de um glaucoma e adquiriu seu primeiro animal aos 18. Atualmente, treina Y, o labrador que substitui Ninoca, que está se aposentando.
"Desde que fiquei cego quis um cão-guia. Queria mais autonomia e já gostava de cães antes de perder a visão." Apesar da convicção de que o animal seria mais um elemento a auxiliá-lo a manter a independência, ele enfrentou diversas dificuldades, já que no começo a família se posicionou contra e não havia uma legislação específica para definir os direitos de locomoção dos cegos acompanhados por seus cães. Hoje, a lei nº 11.492 garante o acesso do deficiente e de seu cão em qualquer estabelecimento ou instituição e meios de transporte, como o Metrô.
Outros obstáculos – Durante o treinamento, que durou aproximadamente, uma hora e meia, Carvalho e a treinadora Sandra Buncana de Camis mostraram como se treina um cão guia e como é difícil executar esta tarefa em uma cidade com calçadas em péssimo estado como São Paulo.
Identificar degraus, desviar de bueiros e encontrar os espaços possíveis para passar entre os carros estacionados foram alguns exercícios pelos quais Y passou. Sempre com uma orientação firme através da voz da treinadora, o cão completou o trajeto e orientou Carvalho na maioria dos obstáculos.
Por ser ainda muito jovem, Y deixou de desviar de alguns galhos de árvores que roçaram a cabeça de Carvalho. A treinadora explicou que ele ainda é muito jovem e se distrai com outros cães e com o barulho do trânsito, o que faz com que ele deixe de indicar ao deficiente alguns obstáculos que necessitam o uso do faro, como a árvore.
Respeito – Além de atrair de forma positiva as pessoas, o cão-guia também acaba impondo respeito quando circula com os cegos nas ruas. Embora a treinadora ressalte que este não é o principal objetivo, ela reconhece que ele exerce esse efeito.
Sandra, que é formada em física e matemática e foi professora durante alguns anos, passou a treinar cães em 1979, a princípio para apresentações em exposições. Passou a entrar em contato com treinadores, veterinários e outros profissionais e treinou o primeiro cão-guia para um cego em 1991.
Novela – Após a transmissão da novela da TV Globo América, de Glória Perez, no ano passado, a população conheceu melhor o trabalho dos cães-guias para ajudar deficientes visuais e essa divulgação foi positiva, na opinião de Carvalho e de Sandra.
Carvalho explicou que foi um dos consultores para a elaboração do texto da novela e que o personagem Jatobá (interpretado por Marcos Frota) foi inspirado, parcialmente nele. Ele considera a novela muito positiva para mudar a imagem dos deficientes no Brasil e mostrar que eles podem ser independentes.
"Por isso, digo sempre que o cão-guia, quando nos ajuda a recuperar a independência nos faz resgatar a auto-estima e isso é o mais importante para quem perde a visão", conclui Carvalho.