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Carnaval também tem ação social

Por Paula Cunha   22 de fevereiro de 2006
Nem só de enredos, alegorias, fantasias e passistas vive uma escola de samba. Conscientes da realidade que as cerca, estas agremiações atuam junto às comunidades próximas às suas sedes e criam programas sociais que vão do reforço escolar ao atendimento médico e odontológico, além de criar uma programação cultural com aulas de teatro e há até as que têm planos de criar uma sala de cinema.

Este é o caso da Unidos de Vila Maria, com sede no bairro paulistano de mesmo nome. Ela abriu as portas da escola para a comunidade carente da região, que não apenas participa dos desfiles durante o Carnaval e dos preparativos que envolvem a sua realização, mas também estão transformando suas vidas profissionais com os cursos profissionalizantes e as oficinas promovidas durante todo o ano.

Esta "virada" para a ação social foi possível porque, há quatro anos, a escola passou para o grupo especial e ganhou ainda mais visibilidade. O departamento social foi criado logo em seguida para desenvolver as atividades sociais, esportivas e culturais da agremiação.

Histórias de transformação – Todas estas iniciativas estão mudando radicalmente a vida de alguns moradores do bairro. De crianças e adolescentes que recebem atendimento médico e odontológico, passando pelas que estão desenvolvendo seus talentos artísticos nas aulas de música e teatro até os que passaram pela escola de futebol, já se profissionalizaram e realizaram o sonho de muitos atletas e estão jogando em times estrangeiros. Assim, a escola tem muitas histórias pessoais.

Apresentado pelo diretor social, Wagner Merência, como um dos orgulhos da Unidos de Vila Maria, Rafael Camandaroba Silva está jogando no time espanhol Pontevedra Futebol Clube. Aos 22 anos, ele se orgulha ao contar que já consegue se manter sozinho na Espanha e também ajudar a família que ficou aqui no Brasil.

"A escola me estimulou muito e me ajudou quando tive que interromper as atividades para ajudar minha família, que passava por dificuldades. Fui para o Mart Center ser office-boy e o pessoal da Unidos me chamou de volta porque achava que eu tinha talento. Depois, um amigo que também jogava futebol me convidou para fazer um teste e tudo deu certo: já estou lá há um ano e oito meses. A escola também me ajudou a descobrir que tinha direito à cidadania espanhola e colaborou para que eu conseguisse os documentos necessários. Agora, volto sempre que posso e visito a Unidos. Neste ano, vou participar do desfile de Carnaval", conta Rafael.

Futuro – O entusiasmo das crianças era visível durante a visita à escola na semana passada. Com a quadra tomada pelos responsáveis pela confecção de adereços e fantasias, algumas delas ajudavam a selecionar material e transportar algumas peças já concluídas.

Paula Marjorie Correia da Silva, de 12 anos, contou animada que participa das aulas de teatro desde o início do ano passado. "Já ensaiamos várias cenas e vamos fazer peças inteiras durante o ano."

Paula também desfila no Carnaval e está entusiasmada com os ensaios. O irmão toca na bateria e ela começou a desfilar no ano passado na ala das crianças.

Apaixonado por futebol, Michael Douglas de Paula conta que a sua atividade preferida são as aulas com o treinador e o preparador durante a semana. Ele também está ajudando no setor de adereços. "Meu pai e meu irmão trabalham aqui na escola e eu venho para cá todos os dias."

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