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Uma oportunidade para crescer na vida
Por Paula Cunha / Diário do Comércio   26 de julho de 2006
Ingressar em uma universidade pública no Brasil é uma meta para a maioria dos jovens estudantes. Ele se transforma em um sonho distante para os adolescentes que estudam em escolas públicas e sofrem com a defasagem nos currículos e com as deficiências da formação de seus professores. Além disso, não podem arcar com as mensalidades de cursinhos pré-vestibulares tradicionais.
Para reverter este quadro, surgiram os cursinhos alternativos, com mensalidades menores (de R$ 70 a R$ 170, enquanto os tradicionais vão de R$ 298 a R$ 506) e professores voluntários, muitos vindos das próprias universidades e que conhecem as enormes diferenças entre os currículos de escolas públicas e particulares. Algumas destas iniciativas se propõem a ir além de preencher esta lacuna e oferecem atividades que desenvolvem o espírito crítico dos alunos e os preparam para a realidade das universidades.
Esta é uma tarefa a que se propôs o cursinho Instituto. Criado em 2000, por um grupo de alunos e ex-alunos da Universidade de São Paulo, o grupo tem por proposta conscientizar o aluno de que ele pode concorrer e passar em vestibulares como o da Fuvest e de outras universidades públicas.
Seus alunos freqüentam as aulas em três unidades, nos bairros do Brooklin, Itaquera e Vila Prudente, durante os finais de semana. No sábado, as aulas vão das 9 às 16 horas e no domingo das 9h às 13h. A mensalidade é de R$ 70 e dá direito ao material didático, elaborado pelo grupo Ético.
Esta rotina é seguida pelos estudantes após uma semana inteira de trabalho. O estresse e o cansaço não desestimulam o grupo de 25 alunos, que chega pontualmente no sábado na unidade da Vila Prudente.
Muitos deles estavam fora da escola há muito tempo e vieram de escolas públicas. Por isso, têm consciência da carga curricular que precisam absorver nesse período e se esforçam para solucionar as dúvidas na própria sala de aula.
Para Anderson do Nascimento, de 21 anos, "fazer o cursinho é diminuir o abismo entre a escola pública e a particular. O Instituto estimula o aluno a estudar por si próprio". Ele pretende prestar o vestibular para Física na USP e está consciente das dificuldades. Cursa Mecatrônica no Servico Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e aprende grande parte do conteúdo do vestibular no cursinho.
Em situação semelhante encontra-se Vanessa Aparecida Gomes da Silva. Ela também freqüentou o Senai e formou-se em telecomunicações. "Fui ao Etapa, mas não podia pagar a mensalidade, mesmo com desconto (o cursinho concede reduções para ex-alunos de escolas públicas). Aqui, no Insituto, estou aprendendo muito. Os professores conhecem os alunos e os incentivam", diz.
A jovem de 20 anos pretende prestar o vestibular da Fuvest e da Universidade de Campinas (Unicamp) para as carreiras de engenharia ou informática. Atualmente, ela trabalha com manutenção de computadores, o que a auxilia a pagar as mensalidades do cursinho.
Recomeçar – Em situação diferente está Valéria Antonia Machado de Farias. Aos 42 anos, ela esperou que os filhos crescessem para voltar a estudar. Um deles já está casado e os outros dois têm 13 e 17 anos. "Pretendo estudar para buscar conhecimento. Quero cursar Letras. Agora a prioridade sou eu", explica. Ela descobriu o cursinho na internet e não tem recursos para pagar cursos como o Anglo ou o Objetivo.
"Este cursinho é uma mão na roda para todos, principalmente porque a escola pública não dá nada aos jovens. Quem quer realmente aprender aprende de verdade. Os professores estão dispostos a ensinar e aqui estou conseguindo aprender", completa.
Filosofia – Para o coordenador do Instituto, Marcos Henrique Achado, o diferencial do curso é que apresenta o currículo de forma a ligar seus conteúdos com a realidade na qual vivem seus alunos. "Os cursinhos alternativos são anticomerciais e acabam por assumir a missão de transformar a visão de mundo dos alunos. O aluno vem para cá e aprende o conteúdo pensando criticamente e, por isso, muitos se sentem frustrados no começo quando não recebem as famosas fórmulas e as músicas para decorar. Ele tem de ter uma noção de coletivo e atuar socialmente. Por isso, estimulamos os grupos de estudo", afirma.
Para aumentar o número de vagas, o Instituto busca parceiros e pretende divulgar mais suas atividades. O objetivo é dar oportunidades a mais alunos de escolas públicas e que estão voltando a estudar.
A professora de Química Angélica Valência de Lima reforça esta posição. Para ela, que também sempre estudou em escola pública e hoje cursa Química na USP, esta deve ser a mentalidade do aluno e, principalmente, dos professores, todos voluntários. "Os professores têm de assumir um compromisso com os alunos porque estes chegam aqui sem conhecer ninguém que tenha entrado na faculdade. Os professores tornam-se um exemplo e um espelho".
Atualmente, dos 18 professores do curso, apenas um já está formado. Eles se comprometem a dar aulas e desenvolver atividades extras nos domingos. Quanto à remuneração, contam com um pagamento simbólico, para a condução, depois que todas as despesas com apostilas são pagas. "Lutamos por quem ainda não é cidadão", conclui Angélica.
Para reverter este quadro, surgiram os cursinhos alternativos, com mensalidades menores (de R$ 70 a R$ 170, enquanto os tradicionais vão de R$ 298 a R$ 506) e professores voluntários, muitos vindos das próprias universidades e que conhecem as enormes diferenças entre os currículos de escolas públicas e particulares. Algumas destas iniciativas se propõem a ir além de preencher esta lacuna e oferecem atividades que desenvolvem o espírito crítico dos alunos e os preparam para a realidade das universidades.
Esta é uma tarefa a que se propôs o cursinho Instituto. Criado em 2000, por um grupo de alunos e ex-alunos da Universidade de São Paulo, o grupo tem por proposta conscientizar o aluno de que ele pode concorrer e passar em vestibulares como o da Fuvest e de outras universidades públicas.
Seus alunos freqüentam as aulas em três unidades, nos bairros do Brooklin, Itaquera e Vila Prudente, durante os finais de semana. No sábado, as aulas vão das 9 às 16 horas e no domingo das 9h às 13h. A mensalidade é de R$ 70 e dá direito ao material didático, elaborado pelo grupo Ético.
Esta rotina é seguida pelos estudantes após uma semana inteira de trabalho. O estresse e o cansaço não desestimulam o grupo de 25 alunos, que chega pontualmente no sábado na unidade da Vila Prudente.
Muitos deles estavam fora da escola há muito tempo e vieram de escolas públicas. Por isso, têm consciência da carga curricular que precisam absorver nesse período e se esforçam para solucionar as dúvidas na própria sala de aula.
Para Anderson do Nascimento, de 21 anos, "fazer o cursinho é diminuir o abismo entre a escola pública e a particular. O Instituto estimula o aluno a estudar por si próprio". Ele pretende prestar o vestibular para Física na USP e está consciente das dificuldades. Cursa Mecatrônica no Servico Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e aprende grande parte do conteúdo do vestibular no cursinho.
Em situação semelhante encontra-se Vanessa Aparecida Gomes da Silva. Ela também freqüentou o Senai e formou-se em telecomunicações. "Fui ao Etapa, mas não podia pagar a mensalidade, mesmo com desconto (o cursinho concede reduções para ex-alunos de escolas públicas). Aqui, no Insituto, estou aprendendo muito. Os professores conhecem os alunos e os incentivam", diz.
A jovem de 20 anos pretende prestar o vestibular da Fuvest e da Universidade de Campinas (Unicamp) para as carreiras de engenharia ou informática. Atualmente, ela trabalha com manutenção de computadores, o que a auxilia a pagar as mensalidades do cursinho.
Recomeçar – Em situação diferente está Valéria Antonia Machado de Farias. Aos 42 anos, ela esperou que os filhos crescessem para voltar a estudar. Um deles já está casado e os outros dois têm 13 e 17 anos. "Pretendo estudar para buscar conhecimento. Quero cursar Letras. Agora a prioridade sou eu", explica. Ela descobriu o cursinho na internet e não tem recursos para pagar cursos como o Anglo ou o Objetivo.
"Este cursinho é uma mão na roda para todos, principalmente porque a escola pública não dá nada aos jovens. Quem quer realmente aprender aprende de verdade. Os professores estão dispostos a ensinar e aqui estou conseguindo aprender", completa.
Filosofia – Para o coordenador do Instituto, Marcos Henrique Achado, o diferencial do curso é que apresenta o currículo de forma a ligar seus conteúdos com a realidade na qual vivem seus alunos. "Os cursinhos alternativos são anticomerciais e acabam por assumir a missão de transformar a visão de mundo dos alunos. O aluno vem para cá e aprende o conteúdo pensando criticamente e, por isso, muitos se sentem frustrados no começo quando não recebem as famosas fórmulas e as músicas para decorar. Ele tem de ter uma noção de coletivo e atuar socialmente. Por isso, estimulamos os grupos de estudo", afirma.
Para aumentar o número de vagas, o Instituto busca parceiros e pretende divulgar mais suas atividades. O objetivo é dar oportunidades a mais alunos de escolas públicas e que estão voltando a estudar.
A professora de Química Angélica Valência de Lima reforça esta posição. Para ela, que também sempre estudou em escola pública e hoje cursa Química na USP, esta deve ser a mentalidade do aluno e, principalmente, dos professores, todos voluntários. "Os professores têm de assumir um compromisso com os alunos porque estes chegam aqui sem conhecer ninguém que tenha entrado na faculdade. Os professores tornam-se um exemplo e um espelho".
Atualmente, dos 18 professores do curso, apenas um já está formado. Eles se comprometem a dar aulas e desenvolver atividades extras nos domingos. Quanto à remuneração, contam com um pagamento simbólico, para a condução, depois que todas as despesas com apostilas são pagas. "Lutamos por quem ainda não é cidadão", conclui Angélica.