Notícias

ONGs dão vida nova ao ambiente no hospital

Por Paula Cunha   16 de agosto de 2006
Em 2005, o hospital do Graacc diagnosticou 285 casos novos de câncer infantil. Para atender estes novos pacientes e suas famílias, o complexo conta, além de seu corpo clínico e de seus funcionários, com a atuação de diversas Organizações Não Governamentais (ONGs) que proporcionam aos pequenos pacientes momentos de conforto e atividades a que muitos deles não têm acesso em sua vida diária.

Por isso, o compromisso destas entidades é desenvolver um trabalho sério de acompanhamento dos pacientes e de suas famílias antes e durante o tratamento com o objetivo de não só trazer alívio em fases difíceis da quimioterapia (que provoca fortes reações físicas como dores e vômitos) mas também nos momentos que o antecedem nas salas de espera.

Palhaços sérios – Pode parecer contraditório mas esta é a meta que Cláudia Rubinstein e Rosali Sobelman alcançaram em 12 anos de atividade da ONG Operação Arco-Íris. Com foco exclusivo no trabalho em hospitais, Cláudia explica que a dupla sempre se concentrou neste tipo de atividade, pois nunca fizeram festas. "Fomos a primeira ONG que chegou ao Graacc. Para mim, o palhaço é uma revelação de nós mesmos e é a forma mais verdadeira de se comunicar com as pessoas".

Rosali acrescenta que, durante o desenvolvimento do trabalho, a dupla sempre respeita a vontade da criança. "Ela é o nosso ponto de partida e sempre atuamos envolvendo o seus acompanhantes para que o ambiente seja positivo para ela e a nossa parceria com o Graacc deu certo porque ele adotou uma política de portas abertas e cuida da família e não só do doente. Aqui a política de humanização não é só uma política, é uma realidade".

Cláudia diz que a ONG capacita todos os seus palhaços e eles são treinados para lidar com todas as situações que envolvem tratamento médico em hospitais e a convivência com famílias e profissionais. Durante a apresentação das duas em uma das salas de espera do hospital, elas envolveram em brincadeiras os pequenos pacientes, suas mães, funcionários do hospital e até mesmo a equipe de reportagem do Diário do Comércio . Todos participaram de uma aula de dança. "Estamos aqui porque o hospital é um porto de esperança para potencializar a alegria e a esperança que todos têm".

Arte para todos – Há oito anos no Graacc, a Associação Arte Despertar (AAD) ampliou sua missão de transmitir informações sobre a história da arte, música e desenvolver atividades de contar histórias para pacientes e seus acompanhantes e passou a atuar também junto ao corpo médico e de funcionários do hospital.

"Quando trouxemos o projeto começamos a atuar somente na Brinquedoteca. Hoje, estamos também nas salas de espera porque vimos que as crianças e os pais não faziam nada lá e queríamos dar outro sentido para elas no momento de espera do tratamento. Depois, quando passamos para a UTI, criamos atividades diferenciadas e as dirigimos também aos profissionais porque as enfermeiras gostaram do trabalho de relaxamento com música. Acho que o profissional de saúde também precisa ser atendido", explica Maria Helena da Cruz Sponton, coordenadora do projeto pedagógico para hospitais da AAD. Ela afirma que, agora, médicos e enfermeiras já reconhecem a importância das atividades das ONGs junto às famílias e seus pacientes e que a mentalidade destes profissionais está começando a mudar.

Histórias que valem ouro – Há cinco anos no Graacc, a ONG Viva e Deixe Viver também começou a atuar na Brinquedoteca. A contadora Débora Geiger diz que as atividades ajudam as crianças e também os pais. "Já contei histórias na seção de quimioterapia onde a criança tomava o remédio, vomitava e pedia para que a contadora não interrompesse a história. Os pais gostam porque ajuda a criança e eles acabam participando. Os profissionais da área médica também passaram a aprovar a atividade porque ela distrai a criança e eles trabalham com mais facilidade".

Comentários dos Leitores