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Crédito para projetos sustentáveis. Só que com rentabilidade

Por Davi Franzon    15 de setembro de 2006
Não é exatamente fácil equilibrar rentabilidade e investimentos, em sua maioria de longo prazo, em projetos sociais e ações de Organizações Não Governamentais (ONGs). Mas é essa a linha de atuação do Triodos Bank, instituição holandesa criada no início dos anos 1980, que atua na Europa e inicia operações na América Latina.

Peter Blom, chairman do banco, esteve no Brasil durante um encontro do setor de cartões de crédito, realizado no mês passado. Blom explicou que o banco procura um parceiro no mercado financeiro brasileiro, já que a instituição, pelo menos neste momento, não pretende montar uma nova estrutura fora da Europa. O executivo espera fechar uma parceria no nosso país para oferecer as linhas de microcrédito e crédito socialmente responsável, os dois principais produtos que fazem parte da carteira do Triodos Bank.

Blom explica que uma atuação direta no Brasil não seria possível, já que as demandas dos países onde atuam e os das ONGs brasileiras são totalmente distintos. Dessa forma, ele espera um parceiro que já conheça essas demandas e os meios de como oferecer e adaptar as linhas de financiamento da instituição.

O executivo acrescenta que o banco trabalha com o conceito de "PPP" (do inglês People, Planet, Profit, ou pessoas, planeta e lucros; ). Essa definição, explica Peter, direciona os financiamentos do Triodos para projetos sustentáveis, com um impacto efetivo no seu meio de atuação, mas sem deixar de lado a rentabilidade almejada por toda instituição financeira. "Nossas linhas focam o social, mas o investidor quer o seu retorno, o que é normal e necessário. O acionista, na realidade, é quem acredita em projetos sociais, afinal é o dinheiro dele que proporciona os investimentos", disse Blom.

Resultados – Seguindo os números apresentados pelo executivo, a balança social/rentabilidade do Triodos demonstra um resultado positivo. Até dezembro de 2005, a instituição possuía uma carteira de tinha 100 mil clientes, correspondendo a um total de US$ 2,7 bilhões sob sua administração. No seu último balanço, o lucro apresentado é de US$ 6,3 milhões, uma elevação de 46% na comparação com 2004, segundo o executivo. Desde sua fundação, a instituição é de capital aberto. Tem nove mil investidores.

Hoje, o Triodos financia projetos ligados à agricultura orgânica, modelos para energia renovável – Peter Blom espera conhecer mais sobre o biocombustível nas próximas visitas ao Brasil –, para sistemas de saúde, educação, tecnologia ambiental, projetos religiosos, arte e moradia permanente para pessoas com deficiência de aprendizagem, moradores de rua, crianças e idosos.

Blom explica que todos os pedidos são avaliados da mesma forma que um pedido de financiamento para compra de máquinas, tecnologia ou capital de giro, a diferença fica no impacto futuro desse financiamento. "Para conseguir um financiamento, a ONG precisa comprovar o impacto da sua ação; não simplesmente defender uma idéia. Essa é uma dificuldade das organizações sociais na América do Sul", disse o executivo.

O Triodos Bank também oferece contas correntes e fundos de investimento em empresas socialmente responsáveis.

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