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Além da cor
Por Paula Cunha    27 de setembro de 2006
Um cursinho pré-vestibular comunitário que prepara seus alunos para a entrada na universidade e que os conscientiza de seu papel na sociedade. Este é o Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes), criado em 1998, em São Paulo, pelo Serviço Franciscano de Solidariedade. Freqüentado essencialmente por afro-descendentes, está ampliando seu campo de atuação aceitando alunos pobres em geral e investindo em ações de conscientização política e de mobilização pela ampliação de seus direitos. Desde o início de suas atividades, já concedeu bolsas em universidades particulares a 5,9 mil estudantes e colocou 50 deles em instituições públicas de ensino superior em todo o Estado de São Paulo.
Estes números podem parecer pequenos, mas são uma iniciativa importante para diminuir as enormes diferenças sociais existentes entre as populações branca e afro-brasileira em todo o País. A primeira equivale a 51,4% de todos os habitantes e a segunda a 48% dos 187 milhões de pessoas em todo o território nacional, de acordo com os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por isso, o Serviço Franciscano de Solidariedade trabalha para combater estas desigualdades.
"Nossa luta é pela inserção dos afro-descendentes na universidade pública", explica Enilda Suzart Medrado Rodrigues. A coordenadora do Núcleo de Estudos da Mulher Negra do Educafro acrescenta que a entidade, ao ampliar seu campo de atuação, com mobilizações para aumentar a participação dos setores excluídos da sociedade, passou a ter "a missão de trazer as pessoas para cá e fazer com que elas entendam seu processo histórico de desenvolvimento".
Este processo de conscientização pode ser observado nas palavras de Kleber Luiz de Magalhães Costa. Aos 25 anos, ele está no primeiro ano do curso de Direito na Universidade São Francisco, no bairro paulistano do Pari. "Já fui aluno do Educafro e consegui entrar no curso de Direito por meio do sistema de bolsas do cursinho. Desde o começo, as aulas de cidadania me ajudaram bastante. Elas são dadas juntamente com as matérias que preparam os alunos para o vestibular", diz.
O jovem conta que os pais não têm condições de pagar a faculdade para os filhos. E que foi levado para o Educafro pelas irmãs mais velhas. "Minhas irmãs estão cursando Odontologia e Administração de Empresas na Universidade de Santo Amaro (Unisa). Meus pais não puderam estudar, mas nós, os filhos, estamos realizando este sonho. Nunca ninguém da família tinha entrado na faculdade", diz ele.
Atualmente, ele concilia o trabalho durante o dia, a faculdade e as atividades no Educafro. A favor do movimento de luta pelas cotas para os afro-descendentes nas universidades públicas e no mercado de trabalho, ele participa de todas as manifestações pela sua adoção em todo País. "Considero muito importante participar de tudo o que acontece no Educafro porque ele me conscientizou muito. Quando entrei no cursinho, minha expectativa era apenas entrar na faculdade. Agora, penso que todos têm não só o direito de fazer um curso superior, mas de participar de tudo", diz.
Evolução – Este processo de conscientização aconteceu não só com Kleber, mas com a maioria dos alunos do Educafro, explicam seus organizadores. Enilda Lúcia Suzart Medrado Rodrigues, que coordena o Núcleo de Estudos da Mulher Negra da entidade. Há cinco anos no Educafro, ela conheceu a ONG por meio de uma amiga. "Mas não comecei a militar no movimento pelos direitos dos afro-descendentes no Educafro. Já havia participado em reuniões para debater a inclusão social e política da população afro-descendente em diversos partidos políticos," diz.
Enilda, que atualmente está no terceiro ano do curso de História, na Unifar, conta que passou por um processo que incluiu a fase de "acreditar na filosofia do 'sucesso pelo esforço próprio', mas depois senti que as pessoas excluídas da sociedade precisam se organizar. No Educafro me encontrei. Todos aqui são pessoas excluídas do cenário político e social brasileiro", conclui.
Para o coordenador dos 184 núcleos da entidade, Eduardo Pereira Neto, o Educafro atende o público que quer se qualificar para se integrar à sociedade, mas muitos acabam transformando esta experiência em um movimento de transformação individual e, posteriormente, política. "Os jovens chegam e acabam descobrindo primeiro sua individualidade e depois se reconhecem como grupo. A partir daí passam a atuar politicamente", conclui.
Estes números podem parecer pequenos, mas são uma iniciativa importante para diminuir as enormes diferenças sociais existentes entre as populações branca e afro-brasileira em todo o País. A primeira equivale a 51,4% de todos os habitantes e a segunda a 48% dos 187 milhões de pessoas em todo o território nacional, de acordo com os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por isso, o Serviço Franciscano de Solidariedade trabalha para combater estas desigualdades.
"Nossa luta é pela inserção dos afro-descendentes na universidade pública", explica Enilda Suzart Medrado Rodrigues. A coordenadora do Núcleo de Estudos da Mulher Negra do Educafro acrescenta que a entidade, ao ampliar seu campo de atuação, com mobilizações para aumentar a participação dos setores excluídos da sociedade, passou a ter "a missão de trazer as pessoas para cá e fazer com que elas entendam seu processo histórico de desenvolvimento".
Este processo de conscientização pode ser observado nas palavras de Kleber Luiz de Magalhães Costa. Aos 25 anos, ele está no primeiro ano do curso de Direito na Universidade São Francisco, no bairro paulistano do Pari. "Já fui aluno do Educafro e consegui entrar no curso de Direito por meio do sistema de bolsas do cursinho. Desde o começo, as aulas de cidadania me ajudaram bastante. Elas são dadas juntamente com as matérias que preparam os alunos para o vestibular", diz.
O jovem conta que os pais não têm condições de pagar a faculdade para os filhos. E que foi levado para o Educafro pelas irmãs mais velhas. "Minhas irmãs estão cursando Odontologia e Administração de Empresas na Universidade de Santo Amaro (Unisa). Meus pais não puderam estudar, mas nós, os filhos, estamos realizando este sonho. Nunca ninguém da família tinha entrado na faculdade", diz ele.
Atualmente, ele concilia o trabalho durante o dia, a faculdade e as atividades no Educafro. A favor do movimento de luta pelas cotas para os afro-descendentes nas universidades públicas e no mercado de trabalho, ele participa de todas as manifestações pela sua adoção em todo País. "Considero muito importante participar de tudo o que acontece no Educafro porque ele me conscientizou muito. Quando entrei no cursinho, minha expectativa era apenas entrar na faculdade. Agora, penso que todos têm não só o direito de fazer um curso superior, mas de participar de tudo", diz.
Evolução – Este processo de conscientização aconteceu não só com Kleber, mas com a maioria dos alunos do Educafro, explicam seus organizadores. Enilda Lúcia Suzart Medrado Rodrigues, que coordena o Núcleo de Estudos da Mulher Negra da entidade. Há cinco anos no Educafro, ela conheceu a ONG por meio de uma amiga. "Mas não comecei a militar no movimento pelos direitos dos afro-descendentes no Educafro. Já havia participado em reuniões para debater a inclusão social e política da população afro-descendente em diversos partidos políticos," diz.
Enilda, que atualmente está no terceiro ano do curso de História, na Unifar, conta que passou por um processo que incluiu a fase de "acreditar na filosofia do 'sucesso pelo esforço próprio', mas depois senti que as pessoas excluídas da sociedade precisam se organizar. No Educafro me encontrei. Todos aqui são pessoas excluídas do cenário político e social brasileiro", conclui.
Para o coordenador dos 184 núcleos da entidade, Eduardo Pereira Neto, o Educafro atende o público que quer se qualificar para se integrar à sociedade, mas muitos acabam transformando esta experiência em um movimento de transformação individual e, posteriormente, política. "Os jovens chegam e acabam descobrindo primeiro sua individualidade e depois se reconhecem como grupo. A partir daí passam a atuar politicamente", conclui.