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Pista de decolagem

Por Paula Cunha    4 de outubro de 2006
Voar não é um privilégio apenas de pássaros e aviões. Quem entra no restaurante Congonhas Grill no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pode não perceber, mas ali dentro dois jovens estão alçando vôo para realizar seus sonhos. Eles fizeram parte do projeto Bartender, composto de curso profissionalizante e estágio e agora estão trabalhando e continuam se preparando para crescer em sua profissão.

O projeto da Diageo, fabricante de bebidas premium, foi criado há cinco anos e está abrindo inscrições para mais uma turma. Já capacitou 1,2 mil jovens e, deste total, 80% já conseguiram trabalho nos setores de alimentos, bebidas, entretenimento e hotelaria.

Quem aproveitou esta oportunidade e já trabalha na área é o jovem Erick Pereira de Paula Sar Israel. Com apenas 19 anos, ele está transformando as perspectivas profissionais e profissionais que tinha até agora, pois já foi contratado pelo Congonhas Grill. Estudante de escolas públicas desde a infância, o rapaz conta que o curso "mexeu com a cultura de falta de perspectiva profissional que a gente tem ".

Apesar das dificuldades que passou, Erick sempre sempre se interessou por diversos temas ao mesmo tempo e, inicialmente, pensou em ser seminarista. "Queria seguir algo tradicional e já lia muita coisa a respeito de religiões antigas. Acabei fazendo um curso de antropologia religiosa porque os rituais sempre me fascinaram. Entretanto, também queria fazer biologia. Por isso, entrei na Universidade Paulista (Unip), mas não pude continuar o curso por falta de dinheiro", contou.

Quem o levou ao Aprendiz foi uma amiga. Erick pretendia fazer o curso de teatro, mas não havia mais vagas e como as inscrições para as próximas turmas ainda não haviam sido abertas ele assistiu a uma apresentação sobre o curso de bartender e ficou interessado.

Dúvidas – No início do curso, o jovem hesitou porque durante os três ou quatro primeiros dias houve apenas apresentações tanto dos alunos quanto dos professores e pouco se falou do conteúdo propriamente dito. Quando as aulas começaram, Erick viu que "tinha uma chance de entrar no mundo". E utilizou sua capacidade de adaptação para aprender mais, mas ressaltou que muitas vezes não dava certo. "Acho que já tinha esta capacidade de adaptação e o curso me ensinou a me adaptar sem quebrar a cara", diz ele.

O entusiasmo aumentou quando às lições teóricas e práticas de atendimento ao cliente, elaboração de bebidas e funcionamento do restaurante e até como lidar com clientes difíceis foram adicionadas as aulas de inglês ministradas em parceria com a Cultura Inglesa. Agora, o Erick está tentando obter uma bolsa nesta instituição de ensino para aprofundar seus conhecimentos do idioma.

Quanto ao futuro, ele planeja vôos mais altos. Erick pretende trabalhar e estudar em Londres. Seu sonho é voltar a estudar antropologia religiosa no Trinity College e, quem sabe, gastronomia para se especializar na área em que já está trabalhando.

Superação – Vencer a timidez e obter uma formação profissional sólida. Estas foram as conquistas que Bruna de Andrade Moraes obteve ao concluir o curso do Projeto Bartender. Aos 19 anos e com o Ensino Médio concluído, ela havia participado apenas de um curso de orientação profissional e comunicação do Cidade Escola Aprendiz. "Nunca tinha feito nenhum curso, nem de inglês ou informática, porque não podia pagar por eles. Por isso, escolhi primeiro o de orientação. Já tentei o Enem e não me classifiquei e pensei também em uma bolsa em um cursinho, mas quando vi o anúncio do curso de bartender no mural, me interessei porque me lembrei deles nos bares que já freqüentei", diz.

Agora, já contratada pelo Congonhas Grill, Bruna já está procurando um curso de inglês e outros relacionados às funções de atendimento que está desempenhando no restaurante. Ela ainda não pensa em uma faculdade, mas seus horizontes já estão se ampliando "O curso me ajudou a superar a timidez e agora quero me aperfeiçoar mais", conclui.

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