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Jogos ajudam a incluir crianças especiais

Por Paula Cunha    20 de dezembro de 2006
Criar um jogo para crianças deficientes visuais é um desafio. O designer gráfico Rafael Ekmann decidiu encarar esta tarefa e criou jogos que podem ser jogados não só por crianças cegas mas também por aquelas que têm visão normal. Além de preencher uma lacuna no mercado de brinquedos, estes novos produtos promovem a interação. A Grow, fabricante de brinquedos, aprovou o projeto, fabricou os jogos e eles já estão nas lojas da Ri-Happy, que também entrou na parceria.

"Enxergar além das necessidades básicas das pessoas e trabalhar com deficientes me estimularam a ter uma visão de mais participação. O projeto mostrou que o design industrial pode ter um apelo social e responsável e, ao mesmo tempo, obter um apelo financeiro e um retorno possível", diz Rafael Ekmann, premiado com menção honrosa pelo Jogo de Memória Texturizado, no final do ano passado no Iº Concurso Nacional de Brinquedo da Revista Espaço Brinquedo.

Na edição deste ano da mesma competição, ele já concorreu com outro jogo, o Bom de Faro, e alcançou o primeiro lugar. Inscreveu, também, um que estimula a percepção sonora, outro que trabalha com sensações auditivas, um de ação e mais um para bebês. A fabricação do de ação já está sendo negociada com outra grande indústria de brinquedos, bem como o de percepção. Com este último, ganhou uma viagem para a feira de brinquedos na cidade alemã de Nuremberg, marcada para o próximo ano.

Começo – Segundo Ekmann, o interesse por esta área surgiu quando fez uma busca na internet e não havia nenhuma pesquisa ou projeto para crianças com qualquer tipo de deficiência. Suas pesquisas na internet mostraram que havia softwares que ajudavam cegos na navegação virtual, como o Virtual Vision. Ele constatou que havia fóruns de deficientes visuais e começou a conversar com eles e perguntar como encontravam produtos específicos. Percebeu que o maior anseio deles era encontrar produtos inclusivos e havia grandes reclamações em relação às lojas exclusivas para deficientes, pois elas acabavam convivendo pouco com outras pessoas.

"Gosto de trabalhos manuais e ao fazer a pesquisa vi que o projeto era pioneiro tanto aqui quanto em outros países porque havia um estudo sobre brinquedos com texturas, mas sem este apelo de inclusão", explicou.

Antes de começar a desenvolver o brinquedo, Ekmann escreveu um artigo intitulado "Desenvolvimento de Jogos de Percepção para Deficientes Visuais". Depois de escrevê-lo, ficou sabendo do primeiro concurso através do seu orientador na faculdade. Inscreveu o jogo no concurso e recebeu menção honrosa.

Interação – Após receber o prêmio, Rafael Ekmann iniciou negociações com a Grow para a produção do jogo. "Os jurados eram da Grow e se interessaram pelo projeto. A Fundação Dorina Nowill entrou no processo para testar o jogo. A própria Dorina participou do teste e o seu aval foi muito importante", disse.

Também com a Ri-Happy as negociações foram positivas. A rede de lojas de brinquedos aprovou o projeto e decidiu investir na proposta de integração entre crianças com e sem deficiência inserida no jogo. Colocado à venda em novembro, houve bastante interesse por parte dos consumidores, na avaliação dos seus representantes.

O jovem criador do jogo está entusiasmado criando mais 15 jogos que estão em negociação. "Os jogos me projetaram no mercado de trabalho. Com eles, agora sou supervisor de desenvolvimento de projetos em uma indústria deste ramo. Esta satisfação, mais a constatação de que este produto é inédito no País e que a sua disseminação contribuirá para integrar pessoas com e sem deficiência é muito importante para mim", conclui.

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