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Centro histórico é 'laboratório'

Por Marcus Lopes   4 de abril de 2007
Em Santana do Parnaíba, Grande São Paulo, mais de 400 jovens carentes já foram beneficiados pelo Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios, que forma profissionais em restauro para recuperação de patrimônios históricos. Em Parnaíba, as aulas práticas são os próprios edifícios do centro da cidade, que é tombado. Desde a fundação do projeto, em 1999, 209 construções foram recuperadas pelos alunos do programa, mantido pela prefeitura.

"É um programa que restaura o indivíduo", define o pedagogo e restaurador Julio Barros, coordenador do projeto e que durante anos morou em Ouro Preto. Ele é um dos fundadores da Fundação Aleijadinho, que mantém convênio com a prefeitura de Santana do Parnaíba para a formação de restauradores. "A base do projeto é a mesma de Ouro Preto", explica Barros. As disciplinas do curso são praticamente as mesmas da cidade mineira, na teoria e na prática.

Em Parnaíba, são oferecidas 100 vagas por ano e os aprendizes recebem uma bolsa de R$ 70 a R$ 740 por mês, além de vale-refeição e vale-transporte. É que, no decorrer do curso, muitos são promovidos e assumem cargos como monitores e oficiais de instrução. "Eles têm de se sentir recompensados pelo esforço que fazem", explica. Segundo Barros, os cursos de restauro para jovens carentes não devem ser interpretados apenas como profissionalizantes, mas de educação e inclusão social, já que a área de restauração no Brasil ainda pertence à elite e jovens que tinham poucas perspectivas na vida aprendem uma profissão em um setor que emprega cada vez mais pessoas.

"Há todo um resgate das tecnologias tradicionais e ofícios que estavam esquecidos, como artesãos e mestres." Segundo ele, a grande maioria dos formados está no mercado de trabalho ou na faculdade, principalmente no curso de arquitetura.

No ano passado, o projeto conquistou o prêmio Cidade da Oportunidade, oferecido pela Youth Employment Summit (YES) - Cúpula Global da Empregabilidade Juvenil, que conta com parceiros como a Organização Internacional do Trabalho e os Institutos Unibanco e Mude o Mundo. O objetivo do prêmio é identificar e reconhecer os governos municipais brasileiros que têm obtido êxito na promoção de oportunidades ligadas à geração de emprego e renda para os jovens.

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