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Um barquinho, muitas lições

Por Paula Cunha / Diário do Comércio   6 de junho de 2007
Ontem, Dia Mundial de Defesa do Meio Ambiente, cem crianças de escolas públicas e particulares foram selecionadas pelo Núcleo Pró-Vela, pelo Sindicato de Arquitetura e da Engenharia (Sinaeco) e pelo Instituto de Engenharia para um programa inédito para a maioria: velejar na represa Billings, em São Paulo. Apesar do frio, todas adoraram o passeio. Mais que isso: voltaram para casa conscientes da necessidade de manter a água do planeta livre da poluição.

Todas embarcaram para um rápido passeio, a partir da península de Cocaia, que margeia a zona Sul da cidade, em barcos a vela construídos por adolescentes da ONG Vento em Popa, parceira do projeto.

São veleiros de madeira construídos com materiais simples e de baixo custo para serem usados em aulas para crianças carentes. Cada embarcação foi pensada para custar menos de R$ 1.500. O projeto das embarcações ficou a cargo dos alunos de Engenharia Naval da Escola Politécnica da USP (Poli).

O programa de ontem combinou o passeio com palestras sobre o uso equilibrado da água e as práticas poluidoras que devem ser evitadas. Falou-se ainda sobre a importância da recuperação das nascentes em todos os grandes centros urbanos. Mais que ouvir, as crianças viram a situação da represa.

Os velejadores que conduziram as embarcações são os jovens carentes da região que passaram por um período de treinamento com formação básica e profissionalizante.

Fabiano de Jesus Souza, de 16 anos, é um desses jovens. Participar das atividades da ONG, no entender de Souza, foi um avanço em sua vida. "Aqui aprendi disciplina e a dar importância à preservação do meio ambiente."

As atividades que mais aprecia na Vento em Popa são a montagem de barcos e a leitura. Estudante do primeiro ano do Ensino Médio em uma escola pública da região, Souza diz que passou a se interessar por histórias relacionadas ao mar e a embarcações. Terminou de ler recentemente o livro Fernão Capelo Gaivota. "Gostei muito da parte em que o personagem é colocado no centro do seu bando e é julgado por seus companheiros."

Yuri Lima Oliveira, de 14 anos também está entusiasmado com as ações de preservação da Billings. Há poucos meses na Vento em Popa, o jovem morador do bairro Gaivota, nas imediações da represa, é presença assídua nas aulas de preservação ambiental, regularmente ministradas.

"A represa precisa ficar mais limpa e mais bonita porque muita gente precisa dela. Do barco, no meio da represa, vi que a paisagem é bonita."

Palestras – Durante o passeio de ontem, entidades parceiras do Núcleo Pró-Vela falaram para as crianças da escola pública João Ernesto, do município de Diadema. O diretor da entidade de defesa ambiental H2C, Paulo Costa, falou sobre a importância da preservação da água, líquido, conforme alertou, tão precioso quanto o petróleo. Costa lembrou que há vários países, como a Etiópia, onde 70% da população não têm acesso à água.

Na opinião de Caique Robert de Morais, de 7 anos de idade, a palestra foi muito boa porque ensinou a ele que economizar água é muito importante. O estudante da escola pública João Ernesto, em Diadema participa do projeto social Naia, para crianças da região. Além de assistência, o projeto oferece atividades lúdicas para as crianças que vivem no entorno da represa. Naia significa "Núcleo Assistencial Irmão Alfredo".

Esperto, Caique disse disse que contaria aos dois irmãos o que aprendeu durante a visita à represa que só conhecia de longe. "Nunca tinha andado de barco aqui. E gostei muito. Vamos ver se quando voltar a passear de barco aqui a água estará limpa."

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