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Um time campeão. Pela cidadania.

Por Paula Cunha   4 de julho de 2007
Com o mesmo entusiasmo que encaravam treinos, concentrações e competições, um time de atletas que se destacou no País nas mais diversas modalidades se uniu para lançar a organização Atletas pela Cidadania.

Mais que uma Organização Não Governamental, o grupo pretende não apenas mobilizar a sociedade em favor de causas sociais e ambientais, mas influenciar na criação de ações que transformem a sociedade com uma atuação política para defender estes princípios. A divulgação oficial do grupo foi feita em São Paulo no fim de junho em uma apresentação especial com direito a vídeo promocional e declaração de princípios.

Time de ponta - Formado por nomes como Raí, Ana Moser, Hortência, Magic Paula, Joaquim Cruz, Sócrates, Ida, Patrícia Medrado, Rogério Sampaio, entre outros, a nova frente de ação está cercada por profissionais especializados em áreas como educação, trabalho, saúde e outras, que os municia de dados a repeito da realidade dos jovens para elaborar planos que serão apresentados à sociedade e ao governo.

"Não estamos aqui para fazer um movimento superficial. Queremos realizar uma intervenção efetiva nos problemas que escolhemos", afirmou o ex-jogador Raí. "Desejamos, também, fazer um trabalho de bastidores na política para atingir as metas fixadas. Nos incomoda simplesmente lançar uma proposta e deixar as coisas acontecerem. Não é este o nosso objetivo."

Primeiras causas – O grupo fundamentou suas escolhas (atuação política, educação de qualidade, oportunidades para os jovens) baseados em estatísticas oficiais. Os jovens serão o ponto central de atenção do grupo, pois, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há 34 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 24 anos, o que equivale a 20% da população total de 189,1 milhões de habitantes.

Por ser esta a parcela do povo brasileiro que mais dificuldade encontra para entrar no mercado de trabalho, o grupo decidiu também divulgar e incentivar a adoção da Lei do Aprendiz nas empresas. Este será o primeiro tema a ser explorado, pois é um instrumento de transformação da realidade dos jovens. O mercado de trabalho tem, atualmente, capacidade para criar 800 mil vagas para este grupo, mas existem apenas 56 mil adolescentes colocados como aprendizes em todo o País.

O grupo pretende divulgar com mais intensidade todos os itens que compõem a Lei do Aprendiz e orientar as empresas na adoção deste tipo de programa que contempla para esta parcela da população não apenas trabalho mas também cursos específicos para jovens a partir dos 14 anos.

Durante a coletiva, a reportagem do Diário do Comércio perguntou como se daria esta divulgação porque muitas empresas alegam dificuldade em cumprir todos os pontos da lei. O presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew, afirmou que a lei é bem conhecida e que as empresas precisam se empenhar mais para cumpri-la. Segundo ele, há muitas companhias que têm condições de aplicá-la mas simplesmente ainda não o fazem.

As crianças também serão escolhidas para as ações do grupo, pois ele constatou que mais da metade dos pequenos de quatro a seis anos está fora da escola. Neste grupo da educação infantil, o déficit de vagas é estimado em 14,6 milhões de vagas.

Dia histórico – O "Atletas pela Cidadania" foi lançado oficialmente agora, mas já está atuando desde o ano passado. O grupo que o compõe esteve no Congresso Nacional para conversar com congressistas a respeito da importância da aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

O Atletas pela Cidadania pretende estabelecer parcerias com ONGs e instituições da sociedade civil para fundamentar suas ações. Um dos novos aliados é o Instituto Ethos. Seu presidente, Oded Grajew, disse que este deverá ser considerado um dia histórico.

"A iniciativa é inédita, mas teremos uma perspectiva do impacto destas ações em breve. É importante lembrar a importância das ações deste grupo de esportistas. A Lei do Aprendiz, por exemplo, foi promulgada em 2000 e ficou sem regulamentação. O Raí fez um movimento para regulamentá-la e isso aconteceu no ano passado. Este é um grupo que se organiza para lutar permanentemente pela cidadania", disse Grajew.

Ao final da cerimônia de lançamento, o ex-jogador Sócrates afirmou que todo o grupo já participa de outras ações pontuais de responsabilidade social para melhorar o País. "Estamos aqui para mostrar que a nossa união pode ajudar nesta tarefa. Nosso principal objetivo é dar uma contribuição coletiva", concluiu.

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