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De volta ao trabalho, depois daaposentadoria.

Por Paula Cunha / Diário do Comércio   11 de julho de 2007
A atriz norte-americana Bette Davis costumava dizer que "envelhecer não é para frouxos". Esta frase é muito apropriada para definir a situação dos idosos no Brasil. Com o aumento da expectativa de vida, a chamada terceira idade totaliza 15 milhões de brasileiros. Em 2025, o país terá 32 milhões de idosos. Diante destes números, órgãos públicos, ONGs e empresas trabalham para incluí-los em ações culturais e no mercado de trabalho.

Com tantos jovens lutando para começar a trabalhar pode parecer estranho ações para recolocar idosos. O Diário do Comércio contatou 15 agências de empregos na Capital paulista e a resposta para a pergunta se havia alguma ação neste sentido foi a mesma: "Lamentamos, mas as empresas consideram adultos maiores de 45 anos velhos demais para o mercado de trabalho".

A única exceção encontrada entre elas foi a Gelre (www.gelre.com.br). Com um departamento de responsabilidade social para incluir minorias, ela também orienta as empresas que as contratam para evitar discriminação no dia-a-dia.

Sonia Regina Palo, de 53 anos, é um exemplo de quem sempre trabalhou (desde os 16), mas precisou continuar como promotora de vendas após a aposentadoria para complementar sua renda. "Sempre trabalhei como secretária, até me aposentar em 2002. Como comecei em uma multinacional e ganhava muito bem, não procurei trabalho na minha área, o jornalismo. Além disso, fiz teatro infantil e comerciais para a TV e estudei direito por dois anos".

Agora, para complementar a aposentadoria promove produtos alimentícios em supermercados e feiras do setor. Antes disso, ela visitou 400 agências de recolocação. Apenas quatro deram retorno. "É um trabalho que permite o contato com muitas pessoas", conta.

Agora, Sonia faz cursos de computação para se manter atualizada e atua como recepcionista nos eventos do Instituto Ethos. "Sinto que ainda consigo aprender e o trabalho com o público é gratificante", afirma.

Prazer diário – Esta é a sensação que Maria Sílvia G. Eliceto experimenta ao chegar à sede da Gelre, no centro de São Paulo. Aos 67 anos, ela trabalha há 15 na agência e sua história é semelhante a de outras aposentadas que continuam a trabalhar.

A necessidade não é um fardo, em sua opinião. Além da satisfação em atender o público que procura a agência, Maria Sílvia consegue ajudar uma nora, uma filha e um neto na faculdade. Ela é um dos exemplos do censo do IBGE: 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são arrimo de família no país.

Para a gerente do departamento de responsabilidade social da Gelre, Maria de Fátima e Silva, Sônia e Maria Sílvia representam as minorias que precisam ser incluídas. "Trabalhamos com todas as minorias. Sou otimista: já vejo frutos da integração da terceira idade. Já há empresas valorizando essa experiência. E quando a maioria restringe a contratação de minorias, diminui as chances de sustentabilidade a longo prazo. Algumas já entendem esta necessidade", conclui.

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