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Inclusão com qualidade

Por Paula Cunha / Diário do Comércio   31 de outubro de 2007
Uma pesquisa realizada pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing (ADVB) neste ano indica que 59% das empresas que decidem criar algum programa de inclusão social escolhem projetos educacionais como prioridade. Apenas 8% delas adotam a inclusão de portadores de deficiências como uma estratégia e não somente como uma ação para cumprir a lei de quotas.

Diante desta realidade, o Instituto Paradigma e a Câmara de Comércio França-Brasil realizaram, na semana passada, em São Paulo, um seminário para discutir os rumos da inclusão de portadores de deficiências e a necessidade de se firmar parcerias entre ONGs, empresas privadas e poder público para alcançar este objetivo.

Tecnologia – Para acelerar o processo de inclusão dos deficientes, o Instituto Paradigma anunciou no evento a parceria com a DesEnvolve Soluções Humanas, empresa especializada no desenvolvimento de programas de capacitação e de desenvolvimento humano dentro das empresas.

O CEO da DesEnvolve, Fabrício Antônio, explicou que a empresa formatou um curso interativo à distância para capacitar portadores de deficiência. Nessas aulas, um professor do Instituto Paradigma utiliza um computador de banda larga, com câmara e acesso a som direto. Ele pode ser transmitido nas matrizes das empresas para as suas filiais.

Os cursos são estruturados e customizados de acordo com o ramo de atuação de cada empresa e têm duração média de um mês para turmas de até 15 pessoas. São destinados aos funcionários da área de Recursos Humanos e tem custo de R$ 1,2 mil por ponto instalado.

A presidente do Instituto Paradigma, Luiza Russo, disse que este é um passo importante tanto para aumentar as possibilidades de qualificação dos portadores de deficiência quanto para agilizar e profissionalizar o processo de inclusão destes profissionais nas empresas. "Temos que utilizar todos os recursos para incluir os portadores de deficiência e a parceria com DeSenvolve é mais um passo nesta direção", concluiu Luiza.

Posturas – Também para colaborar no processo de inclusão, o auditor fiscal de trabalho da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), José Carlos do Carmo, afirmou que a DRT passou a adotar posturas que valorizam a qualidade da inclusão. "Até este ano, o Ministério do Trabalho priorizou a gestão quantitativa e já incluímos mais de 70 mil pessoas no mercado de trabalho", disse.

Agora, segundo ele, a prioridade é a qualidade. Percebemos que já há empresas que estão valorizando a diversidade e, por isso, estamos desenvolvendo ações para fiscalizar a qualidade da inclusão", disse.

Parcerias – Com o objetivo de alcançar a qualidade nas ações de inclusão social, o Instituto Paradigma já tem estabelecidas outras parcerias com alguma ONGs e também com o setor público para qualificar os portadores de deficiências e, em consequência, torná-los mais aptos a concorrer a vagas no mercado de trabalho.

Luiza Russo, explicou que o Instituto estabeleceu parcerias com a Secretaria Municipal do Trabalho (SMT) para qualificar os portadores de deficiência. O primeiro passo foi buscar pessoas por meio das subprefeituras em todos os bairros da capital paulista. Com isso, nos últimos 18 meses, foram qualificadas 263 pessoas em cursos com duração de dez turnos. Cerca de 48,5% destes participantes já estão no mercado formal de trabalho, segundo a SMT.

"O instituto busca aumentar a qualificação dos portadores de deficiência. Atualmente, São Paulo tem 700 mil vagas de trabalho disponíveis para estas pessoas. Por isso, estamos formatando cursos inclusivos mais gerais e não apenas para funções específicas. Esta ação inclui a parceria com empresas e com as escolas que estão no seu entorno", disse Luiza.

Exemplo – Um exemplo de integração social em quadro de funcionários pode ser encontrado na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), onde a quota de contratação de portadores de deficiência já foi cumprida e ultrapassada. Os funcionários contratados foram treinados e a entidade adquiriu os equipamentos necessários para o cumprimento de tarefas em cada setor que recebeu estes novos colaboradores.

Na Distrital Ipiranga, por exemplo, os computadores foram adaptados para receber portadores de deficiência visual. A auxiliar de escritório Isabel Dolonhez, que tem visão parcial, trabalha normalmente e cumpre todas as suas tarefas com o auxílio do software especial em seu computador. Ela também usa uma espécie de monóculo.

"Passei por todos os processos de integração desde que entrei, em julho de 2006. Não tive dificuldade para me adaptar, pois já conhecia o programa de computador, que é bem fácil", disse. A jovem está no terceiro ano da faculdade de Administração de Empresas e disse que tem boas perspectivas de alavancar sua carreira.

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