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Em Pinheiros, catadores de lixo colhem cultura
Por Paula Cunha    14 de novembro de 2007
Instalada sob um viaduto em Pinheiros, na zona oeste, a primeira biblioteca montada em uma cooperativa de catadores de papel foi inaugurada no início deste mês e ganha mais adeptos a cada dia. A idéia de levar a cultura para esses trabalhadores é do Instituto Ecofuturo, que se uniu à Coopamare, cooperativa de material reciclável, para montar a unidade.
Nas prateleiras, clássicos da literatura brasileira e internacional. A sala é bem iluminada e há ambientes divididos para adultos e crianças. A médio prazo, o espaço deverá ser aberto também para a comunidade do entorno.
Ler é preciso – A preocupação com a criação de um ambiente acolhedor é fundamental na opinião de Christine Castilho Fontelles, diretora da Ecofuturo, mantida pelas empresas Suzano Papel e Celulose e Suzano Petroquímica, que cria e instala bibliotecas em escolas, empresas e ONGs. O projeto foi batizado Ler é Preciso.
"Esta preocupação com as instalações faz parte de nossa meta de oferecer o melhor para o público que usará a biblioteca. O acervo é composto de obras clássicas e lançamentos, pois não concordamos com a idéia de montar bibliotecas com doações de livros didáticos desatualizados e volumes em mau estado de conservação", explica Christine.
Ela acrescenta que não concorda com a idéia de que o brasileiro não gosta de ler, mas sim que não lê porque não tem acesso aos livros. Para Christine, reforçar esta idéia equivale a dizer que "o brasileiro passa fome porque não gosta de comer". Dados da Câmara Brasileira do Livro indicam que há 26 milhões de leitores de livros no País, o que equivale a 30% da população alfabetizada com idade acima de 14 anos. A Câmara considera que são leitores ativos aqueles que lêem, em média, um livro por mês.
A diretora da Ecofuturo defende a adoção desta política e mostra números de desempenho do projeto. Desde a sua criação, em 1999, já foram instaladas 63 bibliotecas em todo o País. As unidades contam, atualmente, com 55 mil usuários mensais. "O ser humano precisa de ambientes pedagógicos e também de experimentação para conviver com outras pessoas e a biblioteca é um exemplo destes espaços", diz Christine.
Orgulho – Os membros da Coopamare, e também usuários, misturam sentimentos de integração e alegria diante da instalação da unidade. Na semana passada, muitos livros ainda estavam sendo catalogados por aqueles que fizeram o o curso de capacitação do Instituto Ecofuturo, mas as mesas e o espaço para as crianças já estavam devidamente montados.
Foi nesse ambiente que os líderes da cooperativa mostraram os livros e expressaram seu orgulho pela conquista do novo espaço. "A biblioteca é um marco histórico. Os catadores são uma categoria de pessoas excluídas, mas agora conquistaram o seu acesso à cultura", disse Cíntia Oliveira Abreu, uma das coordenadoras da Coopamare, que veio da Organização do Auxílio Fraterno (OAF).
Um dos membros da cooperativa que mais valoriza a biblioteca é Paulo Aurélio Silva. Com 56 anos de idade, e catador há oito anos, sua história seria mais uma igual a de outros catadores, que acabou forçado a esta atividade porque não conseguiu voltar ao mercado de trabalho após um período de desemprego em razão da idade e da falta de qualificação. Entretanto, Paulo tornou-se um dos líderes da Coopamare e um dos idealizadores da biblioteca.
Paulo também participou do curso de capacitação para organizar e gerir bibliotecas, além de ter feito um curso para se tornar promotor de leitura. Conta que lê tudo que cai em suas mãos. "Sou uma pessoa movida por buscas, mas já sei o que tenho dentro de mim. Estudei apenas até a sexta série e tudo o que aprendi veio da leitura e das pessoas e lugares que conheci", disse.
Agora, além da biblioteca, pretende divulgar o grupo de semeadores de leitura que percorre os abrigos para ler para os albergados. A idéia é aprovada pelo presidente da Coopamare, Manuel Vítimo Soares. Ele diz que a biblioteca está chamando a atenção para as cooperativas de catadores e isso é positivo.
"Agora, com a maior visibilidade da profissão de catador, queremos melhorar nossa situação. Lutamos para permanecer neste espaço, mas a Prefeitura quer a nossa mudança. Vamos lutar para valorizar nossa atividade", conclui.
Nas prateleiras, clássicos da literatura brasileira e internacional. A sala é bem iluminada e há ambientes divididos para adultos e crianças. A médio prazo, o espaço deverá ser aberto também para a comunidade do entorno.
Ler é preciso – A preocupação com a criação de um ambiente acolhedor é fundamental na opinião de Christine Castilho Fontelles, diretora da Ecofuturo, mantida pelas empresas Suzano Papel e Celulose e Suzano Petroquímica, que cria e instala bibliotecas em escolas, empresas e ONGs. O projeto foi batizado Ler é Preciso.
"Esta preocupação com as instalações faz parte de nossa meta de oferecer o melhor para o público que usará a biblioteca. O acervo é composto de obras clássicas e lançamentos, pois não concordamos com a idéia de montar bibliotecas com doações de livros didáticos desatualizados e volumes em mau estado de conservação", explica Christine.
Ela acrescenta que não concorda com a idéia de que o brasileiro não gosta de ler, mas sim que não lê porque não tem acesso aos livros. Para Christine, reforçar esta idéia equivale a dizer que "o brasileiro passa fome porque não gosta de comer". Dados da Câmara Brasileira do Livro indicam que há 26 milhões de leitores de livros no País, o que equivale a 30% da população alfabetizada com idade acima de 14 anos. A Câmara considera que são leitores ativos aqueles que lêem, em média, um livro por mês.
A diretora da Ecofuturo defende a adoção desta política e mostra números de desempenho do projeto. Desde a sua criação, em 1999, já foram instaladas 63 bibliotecas em todo o País. As unidades contam, atualmente, com 55 mil usuários mensais. "O ser humano precisa de ambientes pedagógicos e também de experimentação para conviver com outras pessoas e a biblioteca é um exemplo destes espaços", diz Christine.
Orgulho – Os membros da Coopamare, e também usuários, misturam sentimentos de integração e alegria diante da instalação da unidade. Na semana passada, muitos livros ainda estavam sendo catalogados por aqueles que fizeram o o curso de capacitação do Instituto Ecofuturo, mas as mesas e o espaço para as crianças já estavam devidamente montados.
Foi nesse ambiente que os líderes da cooperativa mostraram os livros e expressaram seu orgulho pela conquista do novo espaço. "A biblioteca é um marco histórico. Os catadores são uma categoria de pessoas excluídas, mas agora conquistaram o seu acesso à cultura", disse Cíntia Oliveira Abreu, uma das coordenadoras da Coopamare, que veio da Organização do Auxílio Fraterno (OAF).
Um dos membros da cooperativa que mais valoriza a biblioteca é Paulo Aurélio Silva. Com 56 anos de idade, e catador há oito anos, sua história seria mais uma igual a de outros catadores, que acabou forçado a esta atividade porque não conseguiu voltar ao mercado de trabalho após um período de desemprego em razão da idade e da falta de qualificação. Entretanto, Paulo tornou-se um dos líderes da Coopamare e um dos idealizadores da biblioteca.
Paulo também participou do curso de capacitação para organizar e gerir bibliotecas, além de ter feito um curso para se tornar promotor de leitura. Conta que lê tudo que cai em suas mãos. "Sou uma pessoa movida por buscas, mas já sei o que tenho dentro de mim. Estudei apenas até a sexta série e tudo o que aprendi veio da leitura e das pessoas e lugares que conheci", disse.
Agora, além da biblioteca, pretende divulgar o grupo de semeadores de leitura que percorre os abrigos para ler para os albergados. A idéia é aprovada pelo presidente da Coopamare, Manuel Vítimo Soares. Ele diz que a biblioteca está chamando a atenção para as cooperativas de catadores e isso é positivo.
"Agora, com a maior visibilidade da profissão de catador, queremos melhorar nossa situação. Lutamos para permanecer neste espaço, mas a Prefeitura quer a nossa mudança. Vamos lutar para valorizar nossa atividade", conclui.