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Abrem-se as cortinas para a palhaçada
Por Paula Cunha / Diário do Comércio   27 de dezembro de 2007
Ser palhaço é um trabalho muito sério. Foi isso que os jovens do projeto Transformando com Arte, criado pelos Doutores da Alegria, aprenderam em dois anos de curso. Alguns encontraram a sua vocação e já vivem das palhaçadas, outros utilizaram a formação para aperfeiçoar a atuação em outras atividades.
Sandro Fontes de Lima, de 20 anos, já foi incorporado ao grupo de palhaços Doutores da Alegria como "besteirologista-residente", depois de passar pelo processo de seleção e pelo curso. Sandro descobriu cedo a sua vocação. Aos nove anos participou do Circo Escola do Grajaú pela primeira vez, adorava as aulas de circo e chegou a trabalhar no Circo Espacial. "Um professor me falou do grupo dos Doutores da Alegria. Mandei meu currículo, uma carta e fui aprovado após a dinâmica inicial", diz.
Antes de ser oficialmente aceito, Sandro viveu momentos de alguma dúvida, motivados principalmente pela necessidade de trabalhar. "Cheguei a encontrar emprego em um açougue, mas na véspera de começar a trabalhar passei por um circo quando voltava para casa de ônibus. No dia seguinte, fui ao açougue e pedi demissão", conta.
Estréia – Depois de passar pelas aulas e ser integrado ao Doutores da Alegria como "besteirologista-residente", Sandro acompanhou a equipe pela primeira vez ao hospital da Universidade de São Paulo como observador. "O primeiro trabalho foi na UTI de bebês e serviu para aprender como funciona um hospital. O curso me formou como pessoa e como profissional e aprendi a adaptar a minha técnica de atuação. Naquele ambiente, precisava ser mais sutil", diz.
Depois da primeira visita ao hospital, Sandro percebeu a importância da presença dos Doutores da Alegria junto aos pacientes. A experiência fez com que ele se empenhasse mais na arte de ser palhaço e ingressasse no teatro. Já participou de algumas peças, como Sonho de Uma Noite de Verão , de William Shakespeare. "Decorar o texto foi difícil, mas o desafio foi importante. A agilidade de raciocínio que adquiri nos Doutores da Alegria me ajudou muito", afirma.
Sandro pretende continuar com o trabalho nos Doutores da Alegria e subir na hierarquia dos palhaços. "O palhaço te acompanha sempre. Mesmo que eu esteja exercendo outra profissão, ele me ajudará a encarar o mundo com outros olhos", afirma.
Transformação – O Transformando com Arte capacita jovens com renda de até três salários mínimos e os encaminha para o mercado de trabalho. Criado há quatro anos pela ONG Doutores da Alegria, o curso tem duração de dois anos com 64 horas mensais. O projeto formou a primeira turma de 17 jovens em parceria com a Camargo Correia. Atualmente, a segunda turma conta com 11 adolescentes escolhidos dentro do Projeto Arrastão, o atual parceiro, que atua no Campo Limpo, zona Sul.
O coordenador do Transformando com Arte, Heraldo Firmino, explica que o projeto nasceu de uma proposta da Prefeitura que pretendia fazer uma parceria com o Doutores da Alegria, utilizando o programa Bolsa Trabalho, só que mais voltado para as artes. No início, o curso tinha seis meses. Com o fim da parceria, passou a ter duração de um ano e recebeu um prêmio da empresa Camargo Corrêa, que depois se tornou parceira. O projeto passou então a ter dois anos.
Olheiros – Depois de formados, os jovens continuam sob a supervisão do grupo, Os Doutores também têm olheiros em todo o País, que indicam e selecionam jovens que se encaixam no perfil do projeto. "Temos a estratégia de fortalecer a arte do palhaço como profissão. Por isso, acompanhamos os jovens que passam pelo projeto. Exigimos que eles continuem com os estudos durante o período de participação no curso", diz Firmino.
Para fazer com que os jovens entendam que ser palhaço é uma profissão e que a atividade pode pode ir além do hospital, o currículo tem matérias bem diversificadas. Além do aperfeiçoamento na máscara do palhaço, jogos teatrais, consciência corporal, história do teatro, cenários e figurinos, os jovens também aprendem a fazer pesquisa de campo (entrevistas com grupos de teatro que já atuam profissionalmente) e a elaborar projetos, desde a concepção artística até a sua sustentação econômica.
Outras disciplinas são comédia dell'arte, história do circo, malabares e cultura popular. Os integrantes assistem espetáculos e visitam museus. Segundo Firmino, as aulas habilitam os jovens a praticar atividades como contação de histórias e a desenvolver projetos sócio-culturais. "O curso abre um leque de possibilidades. Ensinamos que a disciplina é importante para entrar no mercado de trabalho e se manter nele", conclui.
Sandro Fontes de Lima, de 20 anos, já foi incorporado ao grupo de palhaços Doutores da Alegria como "besteirologista-residente", depois de passar pelo processo de seleção e pelo curso. Sandro descobriu cedo a sua vocação. Aos nove anos participou do Circo Escola do Grajaú pela primeira vez, adorava as aulas de circo e chegou a trabalhar no Circo Espacial. "Um professor me falou do grupo dos Doutores da Alegria. Mandei meu currículo, uma carta e fui aprovado após a dinâmica inicial", diz.
Antes de ser oficialmente aceito, Sandro viveu momentos de alguma dúvida, motivados principalmente pela necessidade de trabalhar. "Cheguei a encontrar emprego em um açougue, mas na véspera de começar a trabalhar passei por um circo quando voltava para casa de ônibus. No dia seguinte, fui ao açougue e pedi demissão", conta.
Estréia – Depois de passar pelas aulas e ser integrado ao Doutores da Alegria como "besteirologista-residente", Sandro acompanhou a equipe pela primeira vez ao hospital da Universidade de São Paulo como observador. "O primeiro trabalho foi na UTI de bebês e serviu para aprender como funciona um hospital. O curso me formou como pessoa e como profissional e aprendi a adaptar a minha técnica de atuação. Naquele ambiente, precisava ser mais sutil", diz.
Depois da primeira visita ao hospital, Sandro percebeu a importância da presença dos Doutores da Alegria junto aos pacientes. A experiência fez com que ele se empenhasse mais na arte de ser palhaço e ingressasse no teatro. Já participou de algumas peças, como Sonho de Uma Noite de Verão , de William Shakespeare. "Decorar o texto foi difícil, mas o desafio foi importante. A agilidade de raciocínio que adquiri nos Doutores da Alegria me ajudou muito", afirma.
Sandro pretende continuar com o trabalho nos Doutores da Alegria e subir na hierarquia dos palhaços. "O palhaço te acompanha sempre. Mesmo que eu esteja exercendo outra profissão, ele me ajudará a encarar o mundo com outros olhos", afirma.
Transformação – O Transformando com Arte capacita jovens com renda de até três salários mínimos e os encaminha para o mercado de trabalho. Criado há quatro anos pela ONG Doutores da Alegria, o curso tem duração de dois anos com 64 horas mensais. O projeto formou a primeira turma de 17 jovens em parceria com a Camargo Correia. Atualmente, a segunda turma conta com 11 adolescentes escolhidos dentro do Projeto Arrastão, o atual parceiro, que atua no Campo Limpo, zona Sul.
O coordenador do Transformando com Arte, Heraldo Firmino, explica que o projeto nasceu de uma proposta da Prefeitura que pretendia fazer uma parceria com o Doutores da Alegria, utilizando o programa Bolsa Trabalho, só que mais voltado para as artes. No início, o curso tinha seis meses. Com o fim da parceria, passou a ter duração de um ano e recebeu um prêmio da empresa Camargo Corrêa, que depois se tornou parceira. O projeto passou então a ter dois anos.
Olheiros – Depois de formados, os jovens continuam sob a supervisão do grupo, Os Doutores também têm olheiros em todo o País, que indicam e selecionam jovens que se encaixam no perfil do projeto. "Temos a estratégia de fortalecer a arte do palhaço como profissão. Por isso, acompanhamos os jovens que passam pelo projeto. Exigimos que eles continuem com os estudos durante o período de participação no curso", diz Firmino.
Para fazer com que os jovens entendam que ser palhaço é uma profissão e que a atividade pode pode ir além do hospital, o currículo tem matérias bem diversificadas. Além do aperfeiçoamento na máscara do palhaço, jogos teatrais, consciência corporal, história do teatro, cenários e figurinos, os jovens também aprendem a fazer pesquisa de campo (entrevistas com grupos de teatro que já atuam profissionalmente) e a elaborar projetos, desde a concepção artística até a sua sustentação econômica.
Outras disciplinas são comédia dell'arte, história do circo, malabares e cultura popular. Os integrantes assistem espetáculos e visitam museus. Segundo Firmino, as aulas habilitam os jovens a praticar atividades como contação de histórias e a desenvolver projetos sócio-culturais. "O curso abre um leque de possibilidades. Ensinamos que a disciplina é importante para entrar no mercado de trabalho e se manter nele", conclui.