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Campanha do Agasalho: trabalho vai além da doação

Por Vanessa Rosal    30 de abril de 2008
Quando foi criada em meados dos anos 60, a Campanha do Agasalho arrecadava roupas e cobertores para espantar o frio da população carente durante o inverno. Hoje em dia, além das doações, o projeto recebe verbas de empresários, que proporcionam ajuda financeira a famílias da periferia, geram oportunidades de emprego e fazem a inclusão social da terceira idade.

Organizada pelo Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo (Fussesp), a campanha possui 300 instituições de caridade e 645 municípios cadastrados. A presidente do Fussesp, Mônica Serra, explicou que em 2007 foram arrecadadas 19,7 milhões de peças. "Para este ano, a expectativa é manter a quantidade, mas melhorar a qualidade das roupas, por respeito às pessoas que irão vesti-las".

Parcerias – Um dos parceiros mais antigos da iniciativa é a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Em todos os terminais são encontradas caixas com o logotipo da campanha, que neste ano traz as atrizes Regina e Gabriela Duarte como garotas propaganda.

A Companhia do Metropolitano, o Metrô, também participa da campanha. De acordo com o gerente comercial e de marketing do Metrô, Marcello Borg, os sete mil funcionários são incentivados a participar. "Nossa campanha começa internamente. É muito gratificante poder ajudar o projeto com os pontos de coleta e com doações".

Para a Drogaria São Paulo, que participa há sete anos, a expectativa é superar a arrecadação do ano passado, que chegou a 500 mil peças em 205 lojas. "As doações aumentam a cada ano e os elogios dos clientes para a iniciativa são animadores", disse a gerente de RH da empresa, Tereza Amorim.

Esquenta – Para melhor a qualidade das roupas doadas, o Fussesp desenvolveu ações paralelas. Uma delas é o Esquenta que, além de fornecer agasalhos novos para quem precisa, contribui com a renda de famílias carentes da periferia. De abril a junho, 30 costureiras do entorno das escolas de samba Vai-Vai, Mocidade Alegre e Unidos de Vila Maria produzirão roupas com matéria-prima doada por empresários.

Por duas semanas, as participantes foram capacitadas pelo Senai e recebem R$ 502,00 mensais, provenientes de verba da iniciativa privada, em parceria com o fundo. É o caso da costureira Neusa da Silva, que faz fantasias para a escola de samba Mocidade Alegre. Usando moletom emborrachado, ela costura cerca de 40 peças por dia. "Começo a trabalhar às 8h e não tenho horário para terminar", disse.

Há ainda outra ação desenvolvida em prol da geração de renda. O projeto fornece kits com novelos de lã, agulhas e receita de gorro. Depois de produzida, a mercadoria é comprada pelas empresas parceiras por R$ 1,00 a unidade. Os gorros são doados à população de baixa renda.

Para a aposentada Jovina Consorte de Souza, a idade não atrapalha na hora de ajudar o próximo. Aos 95 anos, ela já fez 200 gorros de lã, participando de grupo de terceira idade com outras 14 mulheres. "Todo o dinheiro que arrecadamos foi doado para uma creche que atende 60 crianças. Sou idosa, mas não estou velha. Quero participar sempre que puder dessa campanha tão bonita".

Postos de arrecadação - Desde 3 de abril, a Campanha do Agasalho 2008 disponibiliza 20 mil caixas e 400 mil sacolas em pontos estratégicos do Estado para a coleta de roupas e cobertores. São cerca de 50 mil postos de arrecadação para o depósito de doações .

A lista completa com a localização dos postos está disponível no site www.campanhadoagasalho.sp.gov.br. Os estabelecimentos que têm interesse em ajudar na coleta de agasalhos devem se cadastrar pela internet para participar.

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