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Tricô aquece e gera renda
Por Vanessa Rosal    14 de maio de 2008
Desempregada há cinco anos, a moradora da favela de Heliópolis Creuza Iramar encontrou no tricô uma forma de melhorar a renda familiar e também a auto-estima. Junto com um grupo de outras mil mulheres carentes, ela faz parte do projeto Frente Solidária de Trabalho, que tem como objetivo produzir e doar 25 mil cachecóis para a Campanha do Agasalho 2008, evento promovido pelo Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo (Fussesp).
As oficinas de qualificação, onde as participantes aprendem a tricotar, são promovidas pela Secretaria do Emprego e funcionam nas 15 sedes distritais da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que fornece lanche e material para o trabalho – mil pares de agulhas, tesouras e camisetas.
Duas toneladas de lã foram doadas pela Pingüim, do grupo Paramount. Com duração de 40 horas, o projeto é ministrado por 50 professoras cadastradas pela Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco) e conta com o apoio da Empresa de Turismo e Eventos da cidade de São Paulo (SPTuris).
Sonho – Cada participante recebe bolsa-auxílio mensal de R$ 210, vale-transporte de R$ 80 e vale-alimentação de R$ 47. "Conseguir esse trabalho foi um sonho, já que eu não tinha mais expectativa de melhorar de vida", disse Creuza Iramar, a tricoteira de Heliópolis. Aos 47 anos, ela ajuda o marido, que é catador de latinhas.
"Minhas filhas estão me incentivando bastante e querem que eu as ensine a fazer cachecóis também. Podemos começar a vender para melhorar a renda". Todos os dias, ela freqüenta o curso na Distrital Ipiranga, e conheceu um grupo de 25 mulheres, das quais já se considera amiga em pouco mais de uma semana de aula.
Uma delas é a dona-de-casa Raimunda Rodrigues, desempregada há 10 anos. Com o marido doente em casa, ela se inscreveu na Frente Solidária de Trabalho e começou a tricotar, atividade que jamais pensou fazer. "Tenho 50 anos de idade e nunca tinha visto uma agulha de tricô. Foi difícil colocar a lã e fazer a primeira tirinha. Estou muito feliz e orgulhosa".
De acordo com a coordenadora do Conselho da Mulher das sedes das distritais da ACSP, Dinah Maluf Ordine, o projeto vai além da ajuda de custo oferecida, que chega a R$ 337 por um período de quatro horas de trabalho. Ela lembra que, quando a oficina de tricô terminar, na próxima semana, essas mulheres carentes receberão um certificado e continuarão produzindo para a Campanha do Agasalho 2008.
A solenidade será realizada no Anhembi, na próxima segunda-feira, com a presença da primeira-dama do Estado, Mônica Serra. "O objetivo é fazer com que elas se sintam úteis e felizes. Queremos inclui-las na sociedade com ensino e dignidade", disse Dinah.
Bastidores – Nas outras distritais, o trabalho e a amizade também não param. Segundo a coordenadora do Conselho da Mulher da Penha, Maria Izilda Viroli, os bastidores do projeto revelam pessoas humildes, que não se relacionavam com ninguém. "Percebemos que, com o passar do tempo, elas vão resgatando a auto-estima e desenvolvendo iniciativas próprias. No dia das mães, por exemplo, organizaram uma festinha para comemorar. Esse convívio social é muito importante".
A alegria pode ser percebida no sorriso de Márcia Sanches, que está terminando um cachecol vermelho. "Eu não sabia nem segurar a agulha e já quase terminei a minha primeira peça. Além de fazer o curso e receber o salário, vou ajudar a agasalhar quem precisa no inverno", disse. "Eu não queria que as aulas acabassem, porque preciso cuidar do meu filho com síndrome de down. Não posso arrumar um trabalho que tome muito o meu tempo. Com quatro horas de serviço eu consigo me organizar".
Outro exemplo de vida é Áurea Maria Oliveira. Moradora da zona leste da cidade, ela precisou se inscrever na Frente Solidária de Trabalho para sustentar as duas filhas e o marido, de 48 anos, que não consegue arrumar emprego. "Eu andava muito nervosa, pensando nos problemas, na falta de cesta básica lá em casa. Descobri que tricotar me acalma e ainda vai me render um dinheirinho". Após o término do curso, a idéia é continuar produzindo para pequenas lojas de varejo. "Quero aprender a fazer luvas, gorros e blusas também".
Os cursos de tricô terminam na sexta-feira. A partir de então inicia-se a fase de produção em massa das peças. O encerramento da Frente Solidária de Trabalho será dia 27 de junho, quando os cachecóis produzidos pelas tricoteiras serão doados para a Campanha do Agasalho. Depois disso, novos cursos, ainda sem definição, serão oferecidos até janeiro de 2009.
As oficinas de qualificação, onde as participantes aprendem a tricotar, são promovidas pela Secretaria do Emprego e funcionam nas 15 sedes distritais da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que fornece lanche e material para o trabalho – mil pares de agulhas, tesouras e camisetas.
Duas toneladas de lã foram doadas pela Pingüim, do grupo Paramount. Com duração de 40 horas, o projeto é ministrado por 50 professoras cadastradas pela Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco) e conta com o apoio da Empresa de Turismo e Eventos da cidade de São Paulo (SPTuris).
Sonho – Cada participante recebe bolsa-auxílio mensal de R$ 210, vale-transporte de R$ 80 e vale-alimentação de R$ 47. "Conseguir esse trabalho foi um sonho, já que eu não tinha mais expectativa de melhorar de vida", disse Creuza Iramar, a tricoteira de Heliópolis. Aos 47 anos, ela ajuda o marido, que é catador de latinhas.
"Minhas filhas estão me incentivando bastante e querem que eu as ensine a fazer cachecóis também. Podemos começar a vender para melhorar a renda". Todos os dias, ela freqüenta o curso na Distrital Ipiranga, e conheceu um grupo de 25 mulheres, das quais já se considera amiga em pouco mais de uma semana de aula.
Uma delas é a dona-de-casa Raimunda Rodrigues, desempregada há 10 anos. Com o marido doente em casa, ela se inscreveu na Frente Solidária de Trabalho e começou a tricotar, atividade que jamais pensou fazer. "Tenho 50 anos de idade e nunca tinha visto uma agulha de tricô. Foi difícil colocar a lã e fazer a primeira tirinha. Estou muito feliz e orgulhosa".
De acordo com a coordenadora do Conselho da Mulher das sedes das distritais da ACSP, Dinah Maluf Ordine, o projeto vai além da ajuda de custo oferecida, que chega a R$ 337 por um período de quatro horas de trabalho. Ela lembra que, quando a oficina de tricô terminar, na próxima semana, essas mulheres carentes receberão um certificado e continuarão produzindo para a Campanha do Agasalho 2008.
A solenidade será realizada no Anhembi, na próxima segunda-feira, com a presença da primeira-dama do Estado, Mônica Serra. "O objetivo é fazer com que elas se sintam úteis e felizes. Queremos inclui-las na sociedade com ensino e dignidade", disse Dinah.
Bastidores – Nas outras distritais, o trabalho e a amizade também não param. Segundo a coordenadora do Conselho da Mulher da Penha, Maria Izilda Viroli, os bastidores do projeto revelam pessoas humildes, que não se relacionavam com ninguém. "Percebemos que, com o passar do tempo, elas vão resgatando a auto-estima e desenvolvendo iniciativas próprias. No dia das mães, por exemplo, organizaram uma festinha para comemorar. Esse convívio social é muito importante".
A alegria pode ser percebida no sorriso de Márcia Sanches, que está terminando um cachecol vermelho. "Eu não sabia nem segurar a agulha e já quase terminei a minha primeira peça. Além de fazer o curso e receber o salário, vou ajudar a agasalhar quem precisa no inverno", disse. "Eu não queria que as aulas acabassem, porque preciso cuidar do meu filho com síndrome de down. Não posso arrumar um trabalho que tome muito o meu tempo. Com quatro horas de serviço eu consigo me organizar".
Outro exemplo de vida é Áurea Maria Oliveira. Moradora da zona leste da cidade, ela precisou se inscrever na Frente Solidária de Trabalho para sustentar as duas filhas e o marido, de 48 anos, que não consegue arrumar emprego. "Eu andava muito nervosa, pensando nos problemas, na falta de cesta básica lá em casa. Descobri que tricotar me acalma e ainda vai me render um dinheirinho". Após o término do curso, a idéia é continuar produzindo para pequenas lojas de varejo. "Quero aprender a fazer luvas, gorros e blusas também".
Os cursos de tricô terminam na sexta-feira. A partir de então inicia-se a fase de produção em massa das peças. O encerramento da Frente Solidária de Trabalho será dia 27 de junho, quando os cachecóis produzidos pelas tricoteiras serão doados para a Campanha do Agasalho. Depois disso, novos cursos, ainda sem definição, serão oferecidos até janeiro de 2009.