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Eles colocam a mão na massa

Por Kety Shapazian    28 de maio de 2008
O analista de planejamento Tiago Dias adorou sua terça-feira, dia 13. Ele ficou por seis horas, das 9h às 15h, na Sociedade Benfeitora Jaguaré, uma organização sem fins lucrativos da zona oeste de São Paulo, lixando, pintando, envernizando, carpindo e carregando areia, mas foi recompensado de uma forma muito especial. Afinal, o trepa-trepa, o gira-gira, o escorregador, a casinha e a caixa de areia do parquinho usado por crianças de até sete anos ficaram melhor que novos.

"Foi fantástico. A maior alegria foi ver o brilho nos olhos das crianças", afirma Dias, que trabalha há quase três anos no Wal-Mart Brasil e participou, ao lado de cerca de 8,5 mil outros funcionários, da segunda edição do Dia da Comunidade, iniciativa que incentivou os integrantes das 324 lojas e quatro escritórios da rede no País a realizarem ações voluntárias durante um período de trabalho.

Adesão – Este ano, a adesão de participantes foi 37% maior do que em 2007. No Brasil, as ações beneficiaram 342 instituições – as entidades foram escolhidas pelos próprios funcionários e os trabalhos variaram de pintura de muros e paredes até aulas dadas por executivos para adolescentes em escolas públicas.

Foi o caso de Rafael Mendes Gomes, vice-presidente jurídico da empresa. Professor de educação física antes de virar advogado, Gomes escolheu participar como orientador da Junior Achievement, organização de educação prática em economia e negócios criada nos Estados Unidos em 1919. Ele falou para uma platéia de alunos com idades entre 13 e 15 anos sobre a relação que o ensino de hoje terá, no futuro, com o salário dos jovens. "Tentamos mostrar que, quanto mais eles estudarem, maior será a remuneração", afirma.

Foi feita também uma simulação de procura de emprego caso largassem a escola agora, sem terminar o ensino médio. "Eles perceberam que não conseguiriam nada porque todas as ofertas de trabalho pedem, pelo menos, o ensino médio. Montamos também um orçamento familiar porque muitos deles desejam morar sozinhos, mas não fazem idéia dos custos. Foi uma experiência muito bacana", ressalta Gomes.

Eli Lilly – Funcionários do Wal-Mart não foram os únicos a doarem um pouco de seu tempo para pessoas mais carentes. A indústria farmacêutica de origem norte-americana Eli Lilly and Company comemorou, há duas semanas, 132 anos de existência com ações voluntárias no mundo inteiro. O Dia Mundial do Voluntariado Lilly, inclusive, deve entrar para o Guiness Book, o livro de recordes, por reunir o maior número de funcionários, estagiários e prestadores de serviço de mais de 30 países no trabalho social.

No Brasil, a ação aconteceu dia 16 e não houve atividade regular de trabalho para que todos pudessem participar. A adesão foi de 95% dos funcionários. Até o presidente da empresa no Brasil, Gaetano Crupi, arregaçou as mangas e tomou parte nas atividades.

Segundo Nelson Castro, responsável pela área de responsabilidade social da Lilly, o objetivo foi sensibilizar e promover a ação voluntária. "Encaramos o evento como Dia da Sensibilização. Não houve nenhum tipo de doação, nem de alimentos ou agasalhos. A ação era de transformação", diz Castro. Foram apresentadas 32 alternativas de trabalho voluntário, mais doação de sangue e palestras sobre doação de órgãos e transplante de medula.

"Tentamos criar um leque bem variado de atividades para que todos os funcionários se interessassem. Não era possível que a pessoa não se identificasse com alguma das alternativas", afirma. "Se tivesse de resumir em apenas uma frase o que achei do dia, diria que foi muito legal", relata.

Para o diretor médico da Lilly, Mariano Janiszewski, que pintou o muro de uma escola no Brooklin e plantou mudas de árvores frutíferas, a sensação foi de "ajudar a sociedade". "O dia nos permitiu observar melhor as deficiências que a sociedade apresenta e refletir sobre os caminhos a serem trilhados para sua melhoria", afirma.

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