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Alunos da periferia expõem na Casa Cor

Por Paula Cunha / Diário do Comércio   18 de junho de 2008
Levar a arte a crianças de uma comunidade carente e transformá-las. Este é o objetivo do projeto Pintando o 7, desenvolvido há quatro anos na comunidade da Peinha, na zona sul da capital paulista. O entusiasmo e a alegria das crianças durante a exposição des seus trabalhos na Casa Cor, na semana passada, era um indicativo de que as ações desenvolvidas as estão encaminhando para um futuro melhor.

Os 41 alunos da Escola Estadual de Primeiro Grau Luiz Gonzaga Travassos da Rosa percorreram os espaços da Casa Cor e se mostraram encantados com os ambientes coloridos e sofisticados (cada espaço mostrava um cômodo de uma casa, criado por diversos artistas) até chegar ao local onde seus trabalhos de pintura em azulejos estavam expostos.

O aprendizado destas técnicas está transformando a visão de mundo destes pequenos artistas. A criadora do projeto Martha W. Farias ressaltou sua surpresa com o mundo colorido apresentado pelas crianças que desenvolveram pinturas sobre o tema Decorando o Planeta . "Elas passam por muitas dificuldades nas suas vidas e, no entanto, suas pinturas mostraram um mundo muito colorido. No seu íntimo, elas vêem um mundo melhor", explicou. Para ela, o trabalho exposto mostra que o projeto está alcançando seus objetivos, que é o de levar a arte aos alunos.

Otimismo – Durante o evento, os pequenos artistas mostravam orgulhosos os azulejos que pintaram e que foram colocados na fachada externa do banheiro criado pelos arquitetos Alessandra Almeida, Ana Vidal e Silvio Sant'Anna. Elizabeth Lira de Matos, de 9 anos, contou que gostou muito de pintar o azulejo e que fez questão de fazer uma paisagem bem colorida, "como o mundo deve ser".

Luan dos Santos Silva, de 11 anos, ficou contente ao ver os visitantes da Casa Cor observando o seu trabalho. Tímido, ele disse que gosta de desenhar e que adora as aulas de matemática. Depois de freqüentar por um ano e meio as aulas de pintura no projeto, Juliana Barbosa de Oliveira Lima, de 9 anos, já definiu seu futuro profissional. Ela quer ser professora de artes e música.

Também feliz por ter o seu azulejo exposto, Mônica Rodrigues Franco, de 10 anos, disse que não conhecia a Casa Cor e que gosta de pintar quadros. Apontando seu azulejo, a menina mostra orgulhosa que gosta de arte e que quer continuar aprendendo novas técnicas. Carliane Almeida Santos, de 9 anos, afirmou que está gostando das aulas de arte e que está mais atenta na escola. "Além do azulejo, fiz um catavento e um presente para minha mãe. Ela gostou muito".

Os irmãos Larissa e Juliano Maciel dos Anjos Resende fazem parte do projeto há três e quatro anos, respectivamente. Para eles, foi importante aprender pintura e confeccionar uma caixinha para a mãe. Eles querem aprender mais técnicas de pintura dentro do projeto, pois não têm este tipo de aula na escola.

História – O Pintando o 7 foi criado pela artista plástica Martha W. Farias a partir da sua experiência anterior de levar aulas de arte para a comunidade de Paraisópolis. A especialista em comunicação visual sempre quis trabalhar com crianças e, quando surgiu a oportunidade, passou a dedicar um dia da semana às aulas com diversas turmas das escolas públicas de vários bairros da zona sul de São Paulo.

Martha ressaltou que a parceria com os arquitetos foi fundamental para o sucesso do projeto. O grupo de profissionais que projetou o banheiro também enfatizou que a participação das crianças fez com que todos aprendessem. A atividade, segundo eles, colaborou para aperfeiçoar o trabalho.

A expectativa, agora, é ampliar as parcerias. A união com a Apsen Farmacêutica já está consolidada para atender mais crianças. Neste ano, foram atendidas as 41 que participaram da Casa Cor e, em 2007, cerca de 600 alunos da mesma escola passaram pelas oficinas de arte oferecidas pela ONG.

Na escola – Durante a visita à Casa Cor, a professora das crianças, Vanda Rego, afirmou que o rendimento melhorou muito em sala de aula com a chegada do projeto à escola. Além das notas mais altas, o comportamento dos estudantes também mudou. "Todos estão mais atentos e obedientes e os pais também sentiram a diferença em casa. Até na avaliação estadual, a escola apresentou rendimento melhor", conclui.

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