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Uma esperança, além da rua
Por Geriane Oliveira/DComércio   16 de julho de 2008
Inspirados em São Francisco de Assis, religiosos atuam em todo o País, dando assistência material e espiritual para 2 mil moradores em situação de rua. Para eles, o último refúgio é como uma volta ao lar.
Devolver a dignidade ao morador em situação de rua é a missão da Fraternidade de Aliança Toca de Assis. Inspirados nos ensinamentos de São Francisco de Assis, que viveu com seus seguidores numa toca perto de Assis, em Rivotorto, na Itália, local onde mais tarde vieram a cuidar dos pobres e leprosos, mais de mil religiosos, entre professos (já fizeram os votos) e aspirantes, atuam por todo o País em atividades baseadas no amor e no cuidado aos pobres. Na prática, eles dão assistência material e espiritual a homens e mulheres em situação de rua. Abrigá-los na instituição é o ponto alto de suas atividades.
Com o apoio da Igreja Católica, dos fiéis leigos e sem se preocupar com parceiros, a Fraternidade de Vida Consagrada, conhecida como Toca de Assis, foi fundada pelo padre Roberto José Lettieri, paulistano da Mooca, em maio de 1994. A obra surgiu após dois anos de atuação do religioso, ainda seminarista, na Pastoral de Rua.
Segundo o irmão Linus Maria do Altar da Cruz, de 28 anos, e um dos responsáveis pela Casa São Pio de Cotia, na região metropolitana, a missão é fecundada por uma intensa vida de oração. "Essa é a base para levarmos o amor aos pobres. O serviço à Igreja é a vocação da Toca de Assis", explica.
Com 120 casas em praticamente todo o País, mais da metade recebe o morador de rua que foi acompanhado pelos irmãos ou irmãs da Toca durante a Pastoral de Rua. Atualmente, o número de abrigados nessas casas ultrapassa duas mil pessoas. No exterior, a comunidade tem unidades em Lanciano (Itália), Quito (Equador), Bogotá (Colômbia) e Balasar (Portugal). A princípio, todas com foco na vida de clausura.
De acordo com o irmão Linus, o acolhimento é feito com os moradores de ruas próximas às unidades da Toca. Em São Paulo, a entidade mantém seis casas nos bairros da Mooca, Tatuapé e Campos Elíseos, o que favorece o atendimento também no Centro da cidade. Às quartas-feiras a instituição distribui um prato de macarrão aos desabrigados da região da Sé.
Na rua, seu trabalho consiste em levar alimento e suprir necessidades básicas. "Ouvimos essas pessoas e damos assistência pessoal, como cortar cabelos e unhas, fazer curativos e doar cobertores. Com isso, sofremos, choramos e nos alegramos com eles. É uma missão árdua", diz. Segundo Linus, a Toca de Assis significa resgatar a humanidade.
De acordo com ele, idosos e portadores de deficiências ganham a maior atenção da entidade. "São aqueles que já não conseguem sobreviver sem auxílio. Mas todos eles são chamados a morar na Toca", conta. Desemprego, agravado pela tendência ao vício e dificuldades com a família, são as principais causas que levam uma pessoa a morar na rua, afirma o irmão.
Casa mãe - A casa de Cotia é a maior residência da missão, com 110 ex-moradores de rua. Os religiosos são 30. Nas outras unidades da Toca, a média está entre 30 e 40 abrigados por casa. Dentro da comunidade, explica o Irmão Linus, além de dar toda a assistência necessária, os religiosos convivem harmoniosamente com cada um deles. "A primeira ação é levar o acolhido ao médico. Se ele tiver câncer, nós encaminhamos à Toca de Barretos, que fica ao lado do Hospital de Câncer". Com isso, cerca de 50 pessoas já receberam atendimento ou estão em tratamento oferecidos pelos Sistema Único de Saúde (SUS).
Outra providência informada pelo Irmão Linus é entrar em contato com os parentes. Ele estima que o contato é realizado em 20% dos casos. "Havendo possibilidade, falamos com a família, até para que eles venham visitá-lo". Com essa ação, a idéia é tentar um retorno à família. Mas isso não chega a 10% dos casos. "Geralmente a família não o aceita porque já possui um histórico difícil, outros alegam o problema do vício. Não é fácil".
Ao habitar na Toca de Assis, o ex-morador de rua que tiver condição física e vontade, pode ajudar em tarefas como limpeza, lavanderia, horta e cozinha. Outra tarefa é a confecção de artesanato, como terços, crucifixos e caderninhos. Além disso, os religiosos dão formação catequética e rezam missa diária em comunidade. "Aqueles que quiserem, participam. Aqui na 'Toca' priorizamos um convívio que devolva a eles a sua dignidade", informa.
É o caso de Valdemir José da Silva, de Cotia. Há seis anos ele chegou à casa com atrofiamento nas pernas. Hoje ele consegue andar auxiliado por muletas ou corrimão. "Cheguei aqui de cama e só comia com ajuda. Graças a Deus melhorei. Limpo o meu quarto sozinho todos os dias", diz.
Custos - De acordo com a Fraternidade, todos os custos são sustentados por doações. "Totalmente. Aqui tudo é administrado pela 'providência divina. Acreditamos que Deus vai suprindo as nossas necessidades dia-a-dia. Tem sido assim desde o começo e no fim dá tudo certo", explica o irmão. Sem elencar nomes, ele destaca o Projeto Velho Amigo como um grande parceiro da obra. "Eles nos auxiliam com diversos recursos". As doações são feitas diariamente por vizinhos, ONGs, comerciantes e empresários. Além disso, a Toca também recebe ajuda voluntária. "Temos tocado a obra assim até hoje", conclui Linus.
Devolver a dignidade ao morador em situação de rua é a missão da Fraternidade de Aliança Toca de Assis. Inspirados nos ensinamentos de São Francisco de Assis, que viveu com seus seguidores numa toca perto de Assis, em Rivotorto, na Itália, local onde mais tarde vieram a cuidar dos pobres e leprosos, mais de mil religiosos, entre professos (já fizeram os votos) e aspirantes, atuam por todo o País em atividades baseadas no amor e no cuidado aos pobres. Na prática, eles dão assistência material e espiritual a homens e mulheres em situação de rua. Abrigá-los na instituição é o ponto alto de suas atividades.
Com o apoio da Igreja Católica, dos fiéis leigos e sem se preocupar com parceiros, a Fraternidade de Vida Consagrada, conhecida como Toca de Assis, foi fundada pelo padre Roberto José Lettieri, paulistano da Mooca, em maio de 1994. A obra surgiu após dois anos de atuação do religioso, ainda seminarista, na Pastoral de Rua.
Segundo o irmão Linus Maria do Altar da Cruz, de 28 anos, e um dos responsáveis pela Casa São Pio de Cotia, na região metropolitana, a missão é fecundada por uma intensa vida de oração. "Essa é a base para levarmos o amor aos pobres. O serviço à Igreja é a vocação da Toca de Assis", explica.
Com 120 casas em praticamente todo o País, mais da metade recebe o morador de rua que foi acompanhado pelos irmãos ou irmãs da Toca durante a Pastoral de Rua. Atualmente, o número de abrigados nessas casas ultrapassa duas mil pessoas. No exterior, a comunidade tem unidades em Lanciano (Itália), Quito (Equador), Bogotá (Colômbia) e Balasar (Portugal). A princípio, todas com foco na vida de clausura.
De acordo com o irmão Linus, o acolhimento é feito com os moradores de ruas próximas às unidades da Toca. Em São Paulo, a entidade mantém seis casas nos bairros da Mooca, Tatuapé e Campos Elíseos, o que favorece o atendimento também no Centro da cidade. Às quartas-feiras a instituição distribui um prato de macarrão aos desabrigados da região da Sé.
Na rua, seu trabalho consiste em levar alimento e suprir necessidades básicas. "Ouvimos essas pessoas e damos assistência pessoal, como cortar cabelos e unhas, fazer curativos e doar cobertores. Com isso, sofremos, choramos e nos alegramos com eles. É uma missão árdua", diz. Segundo Linus, a Toca de Assis significa resgatar a humanidade.
De acordo com ele, idosos e portadores de deficiências ganham a maior atenção da entidade. "São aqueles que já não conseguem sobreviver sem auxílio. Mas todos eles são chamados a morar na Toca", conta. Desemprego, agravado pela tendência ao vício e dificuldades com a família, são as principais causas que levam uma pessoa a morar na rua, afirma o irmão.
Casa mãe - A casa de Cotia é a maior residência da missão, com 110 ex-moradores de rua. Os religiosos são 30. Nas outras unidades da Toca, a média está entre 30 e 40 abrigados por casa. Dentro da comunidade, explica o Irmão Linus, além de dar toda a assistência necessária, os religiosos convivem harmoniosamente com cada um deles. "A primeira ação é levar o acolhido ao médico. Se ele tiver câncer, nós encaminhamos à Toca de Barretos, que fica ao lado do Hospital de Câncer". Com isso, cerca de 50 pessoas já receberam atendimento ou estão em tratamento oferecidos pelos Sistema Único de Saúde (SUS).
Outra providência informada pelo Irmão Linus é entrar em contato com os parentes. Ele estima que o contato é realizado em 20% dos casos. "Havendo possibilidade, falamos com a família, até para que eles venham visitá-lo". Com essa ação, a idéia é tentar um retorno à família. Mas isso não chega a 10% dos casos. "Geralmente a família não o aceita porque já possui um histórico difícil, outros alegam o problema do vício. Não é fácil".
Ao habitar na Toca de Assis, o ex-morador de rua que tiver condição física e vontade, pode ajudar em tarefas como limpeza, lavanderia, horta e cozinha. Outra tarefa é a confecção de artesanato, como terços, crucifixos e caderninhos. Além disso, os religiosos dão formação catequética e rezam missa diária em comunidade. "Aqueles que quiserem, participam. Aqui na 'Toca' priorizamos um convívio que devolva a eles a sua dignidade", informa.
É o caso de Valdemir José da Silva, de Cotia. Há seis anos ele chegou à casa com atrofiamento nas pernas. Hoje ele consegue andar auxiliado por muletas ou corrimão. "Cheguei aqui de cama e só comia com ajuda. Graças a Deus melhorei. Limpo o meu quarto sozinho todos os dias", diz.
Custos - De acordo com a Fraternidade, todos os custos são sustentados por doações. "Totalmente. Aqui tudo é administrado pela 'providência divina. Acreditamos que Deus vai suprindo as nossas necessidades dia-a-dia. Tem sido assim desde o começo e no fim dá tudo certo", explica o irmão. Sem elencar nomes, ele destaca o Projeto Velho Amigo como um grande parceiro da obra. "Eles nos auxiliam com diversos recursos". As doações são feitas diariamente por vizinhos, ONGs, comerciantes e empresários. Além disso, a Toca também recebe ajuda voluntária. "Temos tocado a obra assim até hoje", conclui Linus.