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Um retrato preto, branco e pardo dos andarilhos do Brasil

Por Milton Mansilha/LUZ   16 de julho de 2008
Foto de Milton Mansilha/LUZ O morador de rua nem sempre possui documento de identidade, o que dificulta o acesso aos serviços e aos programas do governo.
Pesquisa encomendada pelo governo federal para a elaboração de uma política nacional para a inclusão social da população em situação de rua, que será coordenada por vários ministérios e entidades da sociedade civil organizada, revelou recentemente quem são essas pessoas que perambulam pelas ruas e esquinas do Brasil e têm em comum a pobreza. O número estimado é de 50 mil pessoas distribuídas nas capitais de Estados, Distrito Federal e cidades com mais de 300 mil habitantes, regiões onde a pesquisa foi feita. Também não foram entrevistados crianças e adolescentes. A população que predomina é a masculina (82%). A proporção de negros (27,9% em situação de rua em relação a 6,2% da população brasileira declarada negra) é substancialmente maior. Pardos somam 39,1% para 38,4% e brancos 29,5% para declarados 53,7%. A maioria (52,6%) recebe entre R$ 20 e R$ 80 semanais. Embora 74% sabem ler e escrever, 95% não estudam atualmente e apenas 3,8% fazem algum curso (ensino formal, 2,1%, e profissionalizante, 1,7%). A maioria (69,6%) dorme na rua e 22,1% em albergues. Situação que se arrasta há mais de dois anos para 48,4%. A pesquisa mostrou ainda que 70,9% exercem alguma atividade remunerada, com destaque para catador de materiais recicláveis (27,5%), flanelinha (14,1%) e construção civil (6,3%), mas apenas 1,9% têm registro em carteira. Ao menos 79,6% faz uma refeição ao dia e a hipertensão (10,1%) é o principal problema de saúde.

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