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Coração de mãe: Amparo faz 1,2 mil partos por mês

Por Geriane Oliveira/DC   12 de setembro de 2008
Foto de Luiz Prado/Luz Em quase 70 anos de atividades, o Amparo Maternal já possibilitou a realização de mais de 650 mil partos. Com 150 leitos, hoje o hospital recebe, em média, 100 grávidas por dia. À esquerda, a assistente social Marlene Beatriz Novaes com as mamães que deram à luz semana passada.
O Amparo Maternal, atolado em uma dívida de R$ 8 milhões, atende mulheres e jovens carentes. A maioria chega apenas com a roupa do corpo. Para sobreviver, o AM recebe verba do SUS e doações da Igreja Católica e da iniciativa privada.


Em quase 70 anos de atividades, o Amparo Maternal (AM) se tornou a maior maternidade de mães carentes do País. Apesar de sua importância, sobretudo para a cidade de São Paulo, a entidade filantrópica da Arquidiocese de São Paulo, onde já nasceram mais de 650 mil crianças, enfrenta há décadas uma séria crise financeira. A dívida atual da entidade chega a R$ 8 milhões. Mesmo com o déficit, a direção do AM garante que nunca um paciente deixou de ser atendido. "Mas não conseguimos sair do vermelho", disse a irmã Maria Enir Loubet, diretora da instituição.

A maternidade, que fica na zona sul, é conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, os recursos da União não cobrem nem 60% das despesas do hospital. Segundo irmã Enir, a verba anual, em torno de R$ 607 mil, representa "a metade do valor dos partos". O restante dos custos é coberto com doações da Igreja Católica e com bazares e campanhas, como a Novena de Natal.

Além disso, o orçamento é engrossado por doações de empresários e produtos enviados por entidades privadas, como a Associação Comercial de São Paulo. "Sempre lutamos com muita dificuldade, mas, ultimamente, o custo do projeto aumentou", disse a irmã. "Vamos pagando a dívida conforme há dinheiro em caixa".

"Sempre lutamos com muita dificuldade, mas, ultimamente, o custo do projeto aumentou."

Irmã Maria Enir Loubet, diretora do Amparo Maternal.



1,2 mil crianças nascem por mês

Com 150 leitos, hoje o hospital recebe, em média, 100 grávidas por dia. Trata-se de uma maternidade onde nascem aproximadamente 1,2 mil crianças por mês, registrando 7,2% dos nascimentos da Região Metropolitana de São Paulo. "É um número alto, se considerarmos que nos últimos anos foram construídas muitas maternidades na periferia", avaliou a diretora.

Segundo a assistente social Marlene Beatriz Novaes, que há 16 anos trabalha no AM, o número de atendimentos diários é em torno de 60 grávidas para o pré-natal e 40 para partos. A maioria delas é de mulheres desassistidas socialmente, entre 10 e 46 anos. No Amparo Maternal, o número de atendimentos por convênio médico não chega a 8%.

"Toda doação é bem-vinda"

Segundo irmã Enir, hoje, todo tipo de doação é bem-vinda. "Precisamos de leite em pó, fraldas, lençóis, material de limpeza e remédios. Tudo o que uma maternidade com alojamento necessita, sobretudo, de parcerias com empresas que possam nos ajudar mensalmente", disse.

Baseado nos princípios da Igreja Católica, o AM foi fundado para dar assistência social à mãe em qualquer fase da gravidez, sem distinção de raça ou credo. Porém, com as dificuldades de atendimento em hospitais particulares e até públicos, foi necessário construir também uma área hospitalar. Além da acolhida, a missão incorpora a busca de todos os meios adequados para a reabilitação social dessas mães.

Atualmente, cerca de 800 grávidas passam por mês pelo alojamento da entidade. Em setembro, 63 pessoas, entre adolescentes, mulheres e bebês, estão morando na casa-abrigo, denominada Projeto Mãe/Pai Canguru.

De acordo com Marlene, essas mulheres chegam ao AM geralmente encaminhadas por órgãos municipais, como o Conselho Tutelar, a Vara da Infância e da Juventude ou a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, representações da Igreja Católica ou ainda pelas próprias famílias que conhecem o trabalho filantrópico desenvolvido pelo Amparo.

A maioria é moradora de rua

Por volta de 70% das mulheres e jovens atendidas na casa-abrigo do AM são migrantes, deficientes físicas ou dependentes químicas em situação de rua. Outras são filhas de famílias carentes que chegam à instituição sem marido e, devido à falta de recursos financeiros, geralmente agravada por desemprego, não têm condições de cuidar delas e nem dos bebê. Marlene também observou que, no último semestre, houve um aumento no número de adolescentes grávidas. Porém, sendo jovens ou adultas, o que mais chama sua atenção é o fato de que "muitas chegam aqui somente com a roupa do corpo".

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