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Muito além do campinho de futebol

Por Geriane Oliveira / Diário do Comércio   14 de janeiro de 2009
Foto de Divulgação Eliane Spolaor, gerente de responsabilidade social da empresa - Criar vínculos com a população do entorno é uma filosofia da Cadbury
A garotada da vizinhança da antiga unidade da Cadbury – uma das maiores produtoras de confeitos do mundo –, em Guarulhos, costumava entrar às escondidas no terreno da fábrica, nos fins de semana, para jogar bola. O que eles nunca imaginaram é que justamente a filial brasileira da multinacional britânica, detentora das marcas Trident, Chiclets e Bubbaloo, os ajudaria a sair da linha de passe.

"Em vez de proibir a entrada dessas crianças, vimos nisso uma oportunidade de promover a inclusão social da comunidade", recorda a gerente de responsabilidade social da empresa, Eliane Spolaor. Foi assim que a Cadbury criou, em 2003, o projeto Bate Bola, um espaço de prática de esportes gratuitos voltado para crianças e adolescentes de baixa renda com idades entre 4 e 18 anos. Segundo Eliane, o programa da Cadbury começou com 100 participantes. Hoje, são mais de mil alunos em três núcleos.

A partir do primeiro chute, o desenvolvimento das aulas esportivas deu forma ao projeto iniciado com o compromisso de retirar crianças e adolescentes das ruas. Logo, o programa teve de incorporar atividades multidisciplinares. "Foram surgindo outras demandas como a necessidade de alimentação e formação cidadã".

Atividades – Com foco sócio-educativo, além do futebol, o projeto Bate Bola oferece aulas de vôlei, judô, capoeira, ginástica olímpica, expressão corporal e artesanato. Há ainda reforço escolar, aulas de informática e atividades pedagógicas como palestras sobre assuntos comportamentais. No Bate Bola, todos recebem também um reforço alimentar.

A aceitação do projeto foi tão grande que apesar da mudança da fábrica para a planta de Bauru, em 2005, o núcleo de atividades de Guarulhos continuou em operação, em um campo da prefeitura local, e até hoje atende 250 alunos.

Em Bauru, o programa conta com o apoio da associação de moradores local (Amorós) desde o início. "Havia ali um bolsão de pobreza no bairro de Ferradura Mirim e começamos com 200 crianças", explica Eliane.

O número de crianças dobrou e até pais e mães participam. "Criar vínculos com a população do entorno é uma filosofia da Cadbury". O terceiro núcleo do projeto surgiu em 2006, por meio de uma parceria com Centro Educacional Dom Orione, da Igreja Nossa Senhora de Achiropita, do bairro do Bexiga, região central de São Paulo. Ali, 300 crianças da comunidade se tornaram praticantes de atividades esportivas.

Um lance para o gol – Desde pequena, a estudante Karen Cristina Araújo Marques, 12 anos, adorava jogar bola. Há três anos, quando seus pais se separaram, ela se mudou com a mãe para a Vila Augusta, em Guarulhos, e logo ingressou nas aulas de futebol do projeto Bate Bola. Em 2007, sua sorte brilhou. Ao participar como jogadora de um amistoso entre os alunos do projeto Bate Bola e o time formado por estudantes do Colégio Guglielmo Marconi, Karen chamou a atenção do professor de educação física da equipe adversária. "Ganhamos o jogo e eu ganhei uma bolsa de estudos", conta Karen, que este ano vai cursar a oitava série. Com a bolsa, ela tem os estudos garantidos até a conclusão do ensino médio.

Na sede do projeto, Karen dedica suas tardes à prática dos lances do campo e ainda faz capoeira e dança. "É tudo muito divertido, eu adoro", diz. E acrescenta, decidida: "Vou seguir a carreira de jogadora de futebol".

Comemoração – Hoje, o Projeto Bate Bola comemora o quinto ano com três núcleos em operação e uma equipe de 30 pessoas gerenciando o programa, sendo 20 professores contratados. De acordo Eliane, todo o custo do projeto é patrocinado pela Cadbury que, a cada ano, aumenta em cerca de 10% a soma dos investimentos no Bate Bola.

Parcerias – Além das alianças firmadas nas regiões em que atua, o Bate Bola também tem parcerias com a ONG Diet (Direito, Integração, Educação e Terapêutica em Saúde e Cidadania) na administração do programa e com a ONG Turma do Bem para o acompanhamento odontológico dos alunos até completarem 18 anos.

De acordo Eliane, nesses cinco anos, o projeto tem contribuído com o desenvolvimento das comunidades onde atua graças à consistência de suas bases. "Pudemos conferir mudanças comportamentais, avanço no desempenho escolar e maior integração familiar e social. Buscamos estimular o papel de cidadão de cada criança e jovem", explica.

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