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Medindo a situação do idoso

Por ROGÉRIO AMATO   1 de junho de 2009
O índice Futuridade é uma ferramenta de rara utilidade para que as administrações municipais identifiquem pontos fortes e deficiências

TRATAR COM dignidade as pessoas idosas e oferecer qualidade de vida a essa população é missão das mais importantes para qualquer sociedade.

Conforme dados do IBGE, entre 1991 e 2007, o brasileiro ganhou 5,57 anos em sua expectativa de vida. Isso significa que a nossa média chegou a 72,57 anos. No Estado de São Paulo, o número de idosos chega a 4,3 milhões; em 2020, serão 7,1 milhões.

Não se pode negar que esse aumento na expectativa de vida é, entre outros fatores, fruto dos amplos investimentos que o governo de São Paulo vem fazendo em áreas como saúde, saneamento e educação, entre outras.

Mas o fato de estarmos vivendo mais e melhor requer a formulação e, principalmente, a aplicação de políticas que proporcionem a garantia do bem-estar das pessoas que tanto já contribuíram com a sociedade e ainda têm muito a oferecer.

Foi nesse ensejo que o governador José Serra determinou à Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seads) que fosse criado um plano estadual para a pessoa idosa, o Futuridade. Lançado em novembro, o programa atinge um novo estágio de importância com a criação do índice Futuridade, ferramenta construída para medir as condições de vida da população idosa nos 645 municípios do Estado, o que possibilita aos gestores públicos identificar, monitorar e planejar ações para essa faixa etária.

O índice trabalha com três indicadores. O primeiro mensura as ações realizadas pelos municípios em benefício de idosos que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

O segundo trata da participação das pessoas com mais de 60 anos em atividades de lazer, esporte e cultura e da existência ou não de um conselho municipal do idoso.

Por fim, o último analisa as condições de saúde do idoso, baseado na taxa de mortalidade de pessoas entre 60 e 69 anos e sua proporção de óbitos.

Com base nessas dimensões, o índice Futuridade estabelece uma pontuação que varia de 0 a 100, em que o valor máximo representa a situação em que o município estaria assegurando à sua população idosa as melhores condições de vida.

A sua aplicação mostrou que 15% das cidades paulistas não alcançaram 35 pontos, classificadas então com índice baixo; 69% foram avaliadas como medianas, com pontuação entre 35,1 e 59,9; 16% dos municípios atingiram os mais altos valores no índice Futuridade, com variação entre 60 e 86,2, a nota máxima aferida.

À primeira vista, isso pode levar a pensar que se trata de mais um ranking, uma simples lista colocando o município "A" na frente do seu vizinho "B", tendo a cidade "C" a desonra de ficar na "lanterninha". Porém, essa ferramenta deve suscitar muito mais do que competição. Ela permite reflexão, autocrítica e direcionamento para um melhor desenvolvimento social nos 645 "participantes" desse jogo. Servirá ainda de base para outras ações do Futuridade, como o incentivo aos municípios para a criação de uma rede de proteção ao idoso e de projetos na área da educação.

Construído com a assessoria técnica da Fundação Seade e validado pelo Fundo de População das Nações Unidas, o índice Futuridade é uma ferramenta de rara utilidade para que as administrações municipais possam identificar seus pontos fortes e suas deficiências.

Ao sintetizar todas as informações disponíveis, o índice ilumina os caminhos que podem levar os prefeitos a incrementar suas políticas para os idosos, seja buscando parcerias regionais, seja espelhando-se nos municípios mais bem colocados, seja reavaliando toda sua linha de atuação mediante uma reflexão baseada em conceitos científicos.

Em suma, desejamos que a competição saudável tenha como vencedor a população idosa do Estado.

Viver mais é uma das grandes aspirações da humanidade, e o desafio que se apresenta nesse panorama é o de assegurar que a população idosa tenha cada vez melhores condições de vida. Proporcionar dignidade e respeito aos idosos é uma tarefa dos governantes que ultrapassa os limites das vaidades pessoais ou competições político-partidárias ou regionais.

Assegurar os direitos dessa população é garantir que nossa sociedade seja mais civilizada e justa para todas as gerações.

ROGÉRIO PINTO COELHO AMATO, 60, graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, é secretário de Assistência e Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo.

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