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Crianças no caminho certo

Por Kelly Ferreira / Diário do Comércio   17 de maio de 2011
Projeto social Virando o Jogo, da Ecovias, afasta meninos e meninas das margens das rodovias Anchieta e Imigrantes, com esporte, cultura e lazer.

Retirar as crianças que passavam horas na beira da estrada, às margens das rodovias, e levá-las para o esporte. Com este objetivo, o projeto Virando o Jogo, criado em 2008 pela Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes, já atendeu 250 crianças. A ação é voltada especialmente para meninos e meninas entre 6 e 12 anos que moram em comunidades carentes próximas às rodovias Anchieta e Imigrantes. No calendário de atividades: esporte, dança e educação para o trânsito.

A escolha dos participantes é feita por meio de análises de bairros carentes, geralmente sem áreas de lazer, e que possuem histórico de acidentes e vandalismo na estrada. Um exemplo é o bairro Arco-Íris, primeiro local beneficiado pelo programa. Das 36 ocorrências registradas em 2007 próximas à comunidade, cerca de 20% foram provocadas por pedras arremessadas da passarela. Nessa área, 40 crianças foram selecionadas e passam parte do seu dia na concessionária. Foram sete meses de divertimento e aprendizado intensos.

Grupos – Há três anos, o Virando o Jogo oferece aulas gratuitas de esportes, dança, música, leitura e educação no trânsito – de como não brincar nas margens da estrada ou atravessar fora da passarela – para crianças moradoras de comunidades carentes próximas às rodovias administradas pela Ecovias. Uma vez por semana, um grupo de 40 alunos passa o dia em atividades na sede da empresa, em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista.

As turmas são renovadas a cada semestre e os alunos recebem o diploma pela participação. "O objetivo do projeto é tirar as crianças das margens da rodovia e conscientizá-las sobre os benefícios do esporte", explicou Lucélia Ferreira, assistente social da Ecovias e idealizadora do Virando o Jogo. As aulas acontecem duas vezes por semana.

História – Duas vezes por mês os pais são chamados a participar de uma reunião. "É a forma que temos de acompanhar o desenvolvimento das crianças", disse Lucélia. Foi em um desses encontros que a história de Victor Gabriel Florentino, de 11 anos, se tornou conhecida. Morador da Vila Mulford, em Diadema, Victor lutava contra os quilos a mais desde 2009.

A mãe já tinha tentado vários regimes com auxílio de médicos, ma sem sucesso. Quando ingressou na 4ª turma do projeto, passou a receber dias alimentares, sobre a importância de comer frutas e legumes e de praticar esportes. Sua motivação mudou. "Ao final do programa, além de ter perdido 5 quilos, seus pais também sentiram os efeitos positivos. Até a mãe dele emagreceu alguns quilinhos", lembrou Lucélia.

Além das aulas ministradas por profissionais da área de pedagogia, passeios externos e palestras com atletas e empresários integram a agenda de atividades das crianças. "Já tivemos muitos momentos marcantes. Um deles foi a visita à Vila Belmiro, em Santos. Muitas crianças nunca tinham ido à praia e nem a um campo de futebol", diz.

Atletas - Neste primeiro semestre, o Virando o Jogo atenderá crianças carentes da Vila Bitaru, de São Vicente, na Baixada Santista. Além da conscientização de hábitos saudáveis para melhorar a qualidade de vida, aliados a segurança viária, uma convidada ilustre, moradora da própria comunidade, falou aos pequenos sobre sua experiência no mundo dos esportes. A judoca Beatriz Santos de Oliveira, de 16 anos, a atual campeã Pan-americana Juvenil, que visitou o projeto para falar sobre sua trajetória de vida. "No início foi tudo muito difícil, os treinos eram muito mais fortes do que de costume, mas eu gostava. Foi a partir daí que as portas começaram a se abrir", contou a judoca.

No ano passado, o judoca Alex Reiller foi o convidado para contar às crianças sua trajetória até chegar à Seleção Brasileira e sobre os títulos que ganhou em campeonatos mundiais. Em outra ocasião, todas as áreas da Ecovias, inclusive a diretoria, receberam os alunos do Virando o Jogo em suas estações de trabalho para falar sobre a rotina do serviço.

Para 2011, o departamento responsável pelos projetos sociais da concessionária pretende ampliar a participação na Baixada Santista e investir em atividades musicais no Virando o Jogo – que antes eram limitadas apenas ao segundo semestre. "O propósito destas aulas é desenvolver a coordenação motora das crianças, usando diversos ritmos musicais e a história da música popular brasileira. Incentivamos as crianças a conhecerem a cultura brasileira, e, de maneira descontraída, motivamos a prática da leitura", disse Lucélia.

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