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Santa Casa cria banco de leite

Por    29 de junho de 2011
A Santa Casa de São Paulo, localizada no Centro da capital paulista, terá o seu primeiro banco de leite materno. O hospital, que presta atendimento a um grande número de gestantes de alto risco, mães adolescentes, recém-nascidos também de risco e prematuros que necessitam atenção especial ao nascer e nos primeiros meses de vida, deverá processar, inicialmente, 60 litros de leite materno por mês. A expectativa é que o banco de leite entre em funcionamento até o final deste ano. Com um investimento estimado em R$ 150 mil, o banco de leite humano da Santa Casa será o único instalado na região central.

Segundo o chefe do setor de Neonatologia e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Maurício Magalhães, responsável pela instalação do banco de leite, um mililitro de leite humano pode fazer toda a diferença na sobrevida do bebê prematuro, dependendo de seu peso e do tempo de gestação até a hora do parto. "Por esse motivo resolvemos montar um banco de leite, que será importante também para que os alunos do curso de Medicina aprendam as técnicas relacionadas com a retirada do leite das doadoras, com os procedimentos para conservação. Eles verão também como é comum que uma mãe não possa amamentar", explicou.

A Santa Casa realiza, em média, 200 partos por mês. Destes recém-nascidos, 25% ocupam os 27 leitos da UTI e Semi-UTI Neonatal, por prematuridade ou problemas de saúde. "O leite humano é vital para eles, muito vulneráveis. Promove o crescimento adequado, permitindo que ganhem o peso que deveriam ter conseguido no útero e contém os anticorpos que darão ao pequeno organismo a resistência a infecções. Alimentado com leite humano, o bebê não fica tão dependente da prescrição de antibióticos", disse Magalhães.

Cuidados – De acordo com o professor Magalhães, o banco de leite humano também irá propiciar a realização de uma série de pesquisas, estudos comparativos do desenvolvimento conseguido com leite humano e os chamados "leites de fórmula", da redução da mortalidade e do ganho de peso nas primeiras semanas de vida. "O conhecimento é tudo. Os alunos de medicina poderão informar que uma mãe pode doar de 100 a 300 ml sem prejudicar seu próprio bebê, pois o leite mamado ou doado é rapidamente reposto pelo organismo e volta a estar disponível", disse o médico.

Segundo ele, a iniciativa ajudará muito as mulheres contaminadas pelo vírus HIV, que não podem amamentar. Embora frequentemente a criança nasça sem o vírus, ele poderia ser transmitido pelo aleitamento. "Serão beneficiadas também as mães em tratamento quimioterápico, que não devem oferecer seu leite ao filho, e aquelas que simplesmente não produzem leite em quantidade suficiente", disse o médico.

O professor Maurício ressalta também que o projeto, que começa a ser desenvolvido, inclui um ângulo educacional, pois será possível a conscientização das mães convidadas a doarem o leite. Também será possível mostrar às mães dos prematuros a importância desse alimento, que precisa continuar sendo oferecido mesmo após a alta hospitalar do recém-nascido.

Dados – Segundo a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, de janeiro a maio foram coletados, no sudeste, 17.006 litros de leite materno e distribuídos 13.467 litros. Mais de 21 mil mulheres doaram leite para 13.818 receptoras. No Brasil há 301 pontos de doação, sendo 202 bancos de leite e 99 postos de coleta. A maioria se concentra na região sudeste (138) com destaque para São Paulo com 79 bancos e postos de coleta. O leite doado pode ser preservado por até 12 horas na geladeira ou, se pasteurizado, conservado por meses no freezer.

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