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Negros são mais respeitados

Por A Critica    22 de novembro de 2001
O Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado ontem, não contou com nenhuma mobilização da comunidade negra amazonense. Apesar de não haver festejos alusivos à data, alguns membros antigos da comunidade lembraram que a situação do Negro na sociedade de hoje está bem melhor que antigamente.

O aposentado Heitor Nascimento, 80, contou alguns casos de discriminação sofridos por ele e por membros de sua família em épocas passadas. Segundo Heitor, antigamente os negros eram simplesmente proibidos de entrar em alguns estabelecimentos da cidade. "Lembro que meu irmão Miguel, que foi artilheiro do time de futebol do Atlético Rio Negro e ídolo da torcida, era impedido de participar de qualquer evento realizado nas dependências do clube. Os dirigentes davam dinheiro para ele se divertir em outros locais, mas nunca deixaram meu irmão brincar no clube", recordou.

Heitor disse que chegou a ser preso porque decidiu reclamar da atitude preconceituosa de uma moça. Ele contou que estava dentro de um ônibus quando o incidente aconteceu. "Eu tinha meus 25 anos de idade e havia entrado num ônibus, no Centro. Sem perceber, encostei o meu braço na moça e ela se afastou. Quando toquei nela novamente ela disse que eu estava sujando o seu braço. Desci do ônibus para reclamar na polícia e terminei sendo preso", comentou.

Na avaliação de Heitor, a situação do negro atualmente está melhor porque diminuiu a questão do preconceito racial. "Hoje podemos ver negros exercendo todas as profissões, o que há algum tempo era impossível", afirmou.

Para a vendedora de tacacá mais conhecida do bairro Praça 14, na Zona Sul, Maria de Lourdes Fonseca Martins, 76, a "Tia Lourdinha", o preconceito racial realmente diminuiu nos últimos anos. Ela ressaltou que na época em que estudava sempre estava envolvida em confusão por causa das chacotas das colegas de colégio. "Tinha um grupinho que sempre mexia com a gente. Elas cantavam coisas do tipo: 'O que tem no mato? Jurubeba. Corre nega que a onça te pega'. Quando a gente conseguia pegar era surra na certa", lembrou. Tia Lourdinha comentou que hoje suas filhas e netas não passam pela mesma situação. "Dificilmente elas chegam em casa com alguma reclamação. As coisas realmente mudaram e, atualmente, o negro tem mais respeito da sociedade", avaliou.

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