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Transparência e participação política recebe pior nota na sexta edição do IRBEM – São Paulo.
Você está satisfeito com a qualidade de vida em São Paulo? Os paulistanos responderam questões de 25 áreas analisando 169 itens, entre 24 de novembro e 08 de dezembro de 2014. Foram 1.512 pessoas consultadas. Em sua sexta edição, os Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (IRBEM) atingiu uma média de 5,1.
Lançado na manhã de 22/01, o estudo é realizado pela Rede Nossa São Paulo e em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O objetivo é monitorar os indicadores sobre a satisfação com qualidade de vida na cidade, as condições de moradia, a avaliação de serviços e de instituições públicas.
Segundo Márcia Cavallari, CEO do Ibope, ressaltou que o levantamento é uma pesquisa de percepção. Ou seja, as questões são voltadas para a compreensão subjetiva dos cidadãos. “A ideia desse estudo é monitorar para planejar ações públicas e privadas, um panorama do que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida”, afirmou. Ela iniciou a apresentação do estudo, pontuando que mais de 1/3 percebem alguma melhora na cidade, enquanto 13% percebem pior, além de 57% das pessoas terem respondido que se pudessem sairiam da cidade paulista.
Todas as questões foram avaliadas de 1 a 10, e com comparativo das notas dos anos anteriores (2009, 2010, 2011, 2012 e 2013), apenas quatro áreas receberam notas médias acima de 5,5, que foram: relações humanas, religião e espiritualidade, trabalho e tecnologia da informação. As piores notas ficaram para: transporte/trânsito/mobilidade, acessibilidade para pessoas com deficiência, desigualdade social, segurança e transparência e participação política.
Em relações humanas, com satisfação média de 6,1, as melhores notas foram para relação com sua família (7,5), com seus amigos (7,3) e com sua comunidade (do bairro, religiosa, entre outros – 6,2). Todas as questões tiveram variações de médias negativas, exceto em respeito aos direitos humanos.
Já em religião e espiritualidade, com média de 5,9, as melhores notas foram para: sua prática religiosa (6,2), grau de coerência da sua vida em relação aos ensinamentos religiosos (6,0) e convivência harmoniosa entre diferentes religiões (5,8). Em terceiro lugar ficou trabalho, com a média geral da área de 5,8 e houveram avanços em: perspectiva de futuro/crescimento/carreira (6,2), equilíbrio entre seu trabalho e sua vida pessoa (5,8) e condições de seu trabalho (5,9).
A área de educação recebeu média de 4,5. As melhores notas foram para: acesso ao ensino superior de qualidade (4,6), envolvimento das famílias na educação dos filhos (4,8) e formação e condições de trabalho e estudo dos profissionais de educação (4,6). Já a pior nota foi para respeito, valorização e reconhecimento aos profissionais da educação (4,2).
Pontos de atenção
Transparência e participação política recebeu pior média do ranking, com 3,1. Entre os itens analisados, as "melhores" notas foram para obrigatoriedade do voto (3,7), grau de conhecimento dos espaços de participação política pelos meios de comunicação populares (3,5) e acesso às informações úteis por telefone e internet (3,3). Os piores ficaram para: transparência dos gastos e investimentos públicos (2,8), punição à corrupção (208) e honestidade dos governantes (2,7).
Os cidadãos também responderam para eles quais seriam os principais fatores para melhorar a qualidade de vida: saúde lidera, depois educação e em seguida trabalho. Outras citadas foram: habitação, transporte/trânsito/mobilidade, segurança, valores pessoais e sociais e terceira idade.
Foi feita uma análise SWOT, baseada em quatro fatores: prioridades, fraquezas, oportunidades e fortalezas. As áreas foram divididas nesses quatro grupos. Prioridades, conhecidas com alto grau de importância e baixo grau de satisfação, foram: saúde, educação, habitação, segurança, transporte/trânsito/mobilidade. As fraquezas, com baixo grau de importância e baixo grau de satisfação, ficaram: acessibilidade para pessoas com deficiência, desigualdade social, transparência e participação política, infância e adolescência, meio ambiente e assistência social.
Com baixo grau de importância e alto grau de satisfação, o grupo de oportunidades reuniu: tecnologia da informação, consumo, sexualidade, religião e espiritualidade, relação com animais e humanas, aparência/estética, lazer e modo de vida, juventude, cultura e esporte. Em fortalezas, com alto grau de importância e alto grau de satisfação, foi com o de menos itens: trabalho, valores pessoais e sociais, e terceira idade.
Quando a questão é sobre ações e medidas importantes para diminuir a violência na cidade, as principais respostas foram: aumentar o número de policiais nas ruas, combater a corrupção na política e nos presídios, combater mais severamente o tráfico de drogas e investir em educação de qualidade para jovens de baixa renda.
Crise hídrica
A maioria (61%) respondeu que o principal responsável pelo abastecimento de água na cidade é a Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp). O governo do Estado de São Paulo ficou em segundo, com 30%. Sobre o principal responsável pela crise no abastecimento de água na cidade, 42% responderam a falta de planejamento do governo do Estado de São Paulo, depois a falta de chuvas nas represas com 29%. Em terceiro lugar, ficou a falta de planejamento da Sabesp, com 15%.
Em relação ao gerenciamento da crise de abastecimento de água na cidade, 38% opinam que seja dividida igualmente entre governo e iniciativa privada. Sete em 10 já tiveram problemas de abastecimento no último mês.
Análise rápida
Para o professor de ética e filosofia política da Universidade de São Paulo, Renato Janine, houve avanços em cultura, esportes e transportes. Ressaltou a importância de três ministérios para aumento da produção criativa: o de meio ambiente, de esportes e de cultura.
Em relação à pesquisa, ele chamou atenção que a maior insatisfação está com a política, as medidas de punição e a confiança nos gestores. “Isso parece determinar o restante. Parece que o elogio é uma virtude privada, infecunda quando vai para esfera pública”, pontuou.
O professor contextualizou rapidamente sobre a questão da escravidão como era tratada por antigos imperadores no Brasil na época de colônia. “Daí veio essa ideia de que tem que fazer muito pouco aos mais pobres”.
Sobre a crise hídrica, Renato questionou a falta de debate com a sociedade civil, em especial com a população da zona norte da capital paulista, uma das principais regiões mais impactadas pela falta de abastecimento de água pelo sistema Cantareira. “Também acho importante colocar foco mais forte para quem é atendido na rede pública de saúde, já que recebeu boas notas de seus serviços prestados, mesmo com a decadência dos planos privados”.
Para o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, sua gestão está focando em ações de longo prazo para não afetar no bem estar das futuras gerações. Dessa forma, explicou que sua gestão está voltada em três projetos: renegociação da dívida de São Paulo com a União, convênios do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Plano Diretor.
“Se a sociedade não se apropriar disso, nada pode ser feito”, afirmou Haddad sobre a importância do cidadão ter uma efetiva participação política junto aos órgãos institucionais. O prefeito ressaltou o trabalho da Controladoria Geral do Município – espaço criado em maio de 2003 para prevenir e combater a corrupção na gestão municipal, garantindo a transparência e participação social, previsto pela lei 15.764/2013. “Estão fazendo um trabalho de cruzamento de informações e de banco de dados. Estamos fazendo um esforço de combate à corrupção. Quando escancara e coloca luz, você tem que pagar o preço da transparência”.
Haddad também defendeu a importância de ter um caminho para o cidadão comum reconhecer um bom gestor. “É necessário criar um ambiente para defender o que pensa. Isso já um enorme avanço para nossa democracia. Não é uma tarefa para uma pessoa”. Para o prefeito, a academia é um ambiente político institucional interessante para ajudar nesse processo. “Com a ausência de um processo político, pode vir uma coisa bem pior”, sinalizou.
Sobre a questão da crise hídrica em São Paulo, o prefeito comentou sobre um relatório feito pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente de 2009, Cenários Ambientais 2020, um estudo sobre comportamento das variáveis: população, urbanização e principais atividades econômicas potencialmente poluidoras sobre os recursos hídricos, ar, biodiversidade, recursos naturais e resíduos sólidos; além de analisar a influência do aquecimento global sobre o meio ambiente no Estado de São Paulo. Clique aqui: http://goo.gl/AtTqT9.
Fernando Haddad ressaltou que é importante orientar a população separado das questões partidárias de Estado, estruturais e de conjuntura. O prefeito comentou que está sendo organizado um encontro com prefeitos de 30 cidades abastecidas pela Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp) com novo secretário de recursos hídricos, Benedito Braga, para receberem orientações. Por outro lado, ele disse ainda que o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, encaminhou um projeto de lei sobre possíveis providências para essa situação.
Estudo na integra: http://nossasaopaulo.org.br/portal/arquivos/irbem/irbem2015-resumido.pdf
*Fonte: Setor 3 – SENAC http://www.setor3.com.br/jsp/