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SOS tornou a Mata Atlântica conhecida

Por Maura Campanili    23 de novembro de 2001
A entidade comemora 15 anos com uma longa lista de vitórias em defesa da floresta e novos projetos de conservação para o futuro.

São Paulo - A principal conquista da Fundação SOS Mata Atlântica, que hoje comemora seus 15 anos, talvez tenha sido sua própria criação. Uma grande campanha de mídia, com o slogan "Estão Tirando o Verde da Nossa Terra" e o logotipo da entidade - a bandeira brasileira perdendo a cor verde - revelaram para a população que essa floresta - praticamente no "quintal" de 60% da população brasileira - era tão importante do ponto de vista da biodiversidade quanto a Amazônia e estava para desaparecer se o processo de destruição não fosse contido. Nesses 15 anos, a conscientização sobre a importância da Mata Atlântica cresceu e a SOS transformou-se na maior organização ambientalista do País, com 50 mil filiados.

Os resultados concretos da entidade começaram a aparecer em 1990, com a realização de um workshop, reunindo 42 especialistas, quando se definiu, pela primeira vez, a abrangência territorial e o conceito de Mata Atlântica. No mesmo ano, a SOS desenvolveu, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o primeiro mapeamento dos remanescentes florestais de Mata Atlântica, nos 17 estados brasileiros em que o bioma está presente.

A partir daí, a entidade passou a acompanhar - com estudos cada vez mais detalhados - a evolução dos 7% de que restam da floresta original, através de um atlas, com base em imagens de satélite, atualizado a cada cinco anos. O próximo, relativo ao período 1995-2000, já vem sendo divulgado, estado a estado, e estará completo no início de 2002. Esse levantamento, que chocou num primeiro momento, ao revelar a destruição de 1% da Mata Atlântica ao ano, tem revelado que o desmatamento continua, mas o ritmo é menor e já existem alguns pontos de recuperação.

Outra frente de trabalho da entidade foi a criação do Núcleo Pró-Tietê, em 1991, também a partir de uma campanha para a recuperação do rio Tietê. Atualmente com atuação voltada para para a questão de preservação dos recursos hídricos, o Núcleo desenvolveu projetos como o "Observando o Tietê", de monitoramento e análise de qualidade da água em diversos municípios ao longo da bacia, cuja metodologia voltada para educação ambiental tem sido utilizada por várias entidades de diferentes bacias hidrográficas no país.

Identificada desde o início com o Vale do Ribeira, maior remanescente de Mata Atlântica existente, a SOS tem uma atuação local direcionada para a região, onde possui uma sede, localizada em um imóvel histórico no município de Iguape. O local, onde funciona um Centro de Interpretação Ambiental e Informações Turísticas, serve de base também para projetos como o Pólo Ecoturístico do Lagamar, que busca alternativas de desenvolvimento sustentável para a região. Pioneiro no país, o Pólo foi premiado pela revista norte-americana "Condé Nast Traveler" como o melhor roteiro ecoturístico do mundo em 1999.

Nesses 15 anos, a Fundação desenvolveu ainda projetos de educação ambiental, como o Mãos a Obra!, que durante três anos (de 1996 e 1999) formou mais de 300 grupos em escolas para trabalhar com temas como recuperação de áreas verdes, uso racional de energia, poluição do ar e reciclagem. Mantém ainda um grupo de voluntários que trabalha com questões como direito e educação ambientais, além de atividades em áreas de proteção ambiental, como a Estrada Parque de Itu e a Área de Proteção Ambiental Cairuçu, em Paraty.

Programas que instigam a participação da população nas questões de preservação ambiental tornaram a SOS Mata Atlântica popular. Entre essas iniciativas, estão a elaboração de o Manual de Denúncias de Agressões ao Meio Ambiente - Como e a Quem Recorrer e o Clik Árvore, programa de reflorestamento da Mata Atlântica pela Internet, pelo qual cada click de um internauta corresponde ao plantio de uma árvore, custeado por empresas patrocinadoras.

A SOS está ainda entre as principais entidades defensoras de políticas para a preservação da Mata Atlântica, como a luta pela aprovação da lei da Mata Atlântica, em tramitação no Congresso Nacional há quase dez anos. A entidade é a coordenadora da campanha "Faça a Lei com as Próprias Mãos" da Rede de Ongs da Mata Atlântica, cujo objetivo é recolher um milhão de assinaturas para pressionar o Legislativo a aprovar o projeto.

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