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Voluntariado: o Brasil se mobiliza
Por Jornal Valor - Luiz Carlos Merege   5 de dezembro de 2001
Encerra-se amanhã o calendário do Ano Internacional do Voluntariado, marcado pela mobilização realizada pelas Nações Unidas em prol desta causa, na qual participaram 123 países. O comitê brasileiro, liderado por Milu Villela, realizou um excelente trabalho que, de tão bem-sucedido, destacou-se dos demais programas internacionais apresentados em recente reunião das Nações Unidas em Genebra. O comitê conseguiu criar nas principais capitais de nossos Estados, Centros de Voluntariado que vêm exercendo papel estratégico para que o trabalho voluntário de brasileiros tenha o merecido reconhecimento, sejam estimulados e profissionalizados. O fato do comitê ter conseguido dar visibilidade para a questão do trabalho voluntário em nosso país, já se constitui, por si só, uma enorme contribuição para o fortalecimento do terceiro setor. Historicamente o trabalho voluntário sempre existiu, mas, assim como o terceiro setor, não havia o reconhecimento da importância dessa atividade para a melhoria das nossas condições de vida. E a mídia contribuiu significativamente para que a atividade voluntária saísse do anonimato e ganhasse uma nova identidade e respeito de todos nós. Em recente entrevista, Milu chama a atenção para o fato de que foram mais de 2 mil reportagens sobre o tema, somente na mídia impressa.
Uma dessas publicações, o caderno especial publicado pelo jornal "Folha de S. Paulo" (28/10/01), destaca os resultados de pesquisa realizada pelo Datafolha sobre a ação voluntária no Brasil. Nesta pesquisa dois resultados nos chamam a atenção. Um deles traz a informação que 83% dos brasileiros consideram o trabalho voluntário muito importante e o outro nos diz que 73% nunca fizeram nada. Essas informações são interessantes porque indicam que, embora exista reconhecimento por parte dos brasileiro de que o trabalho voluntário se constitui em uma atividade fundamental para a melhoria das condições sociais, por outro lado o engajamento não é significativo.
Elas confirmam que a existência dos Centros de Voluntariado se faz necessária, uma vez que eles poderão oferecer oportunidades para que aquela grande maioria que considera o trabalho voluntário muito importante, possa transformar este potencial de vontade em ações de solidariedade. Desta forma, os Centros estão contribuindo para que o percentual de pessoas de nossa população que se dedicam ao voluntariado possa ser aumentado. Dados do Centro de Voluntariado de São Paulo indicam um crescimento considerável do número de pessoas que ligam buscando alguma atividade na área. O centro revela que desde a sua criação, em 1998, até o ano passado havia recebido cerca de 15 mil ligações e que, somente neste ano, foram cerca de 12 mil até setembro. Um crescimento explosivo no número de pessoas interessadas, o que revela que, muito em breve, o percentual de brasileiros voluntários se descolará dos modestos 27% que hoje estão comprometidos. Em termos de estatísticas sempre somos forçados a nos referir aos Estados Unidos, que possuem informações detalhadas sobre o terceiro setor. Lá, segundo informações do Independent Sector ( www.indepsec.org ), o percentual de pessoas voluntárias atinge cerca de 49% da população, que doa mais de 20 bilhões de horas anuais e que corresponde a um valor de US$ 201 bilhões. Um valor significativo que supera muitos PIBs de nosso planeta, chegando a um terço da produção de nossas riquezas anuais!
Essas informações demonstram o importantíssimo papel que o trabalho voluntário pode assumir para a melhoria das condições de vida em um país, quando exercido por uma parcela da população comprometida com a causa social.
O Dia Mundial de Combate a Aids, celebrado no dia 1º de dezembro, nos lembra do competente trabalho desenvolvido pelas denominadas ONGs/Aids no Brasil, também com reconhecimento internacional, que conseguiram uma grande vitória no combate à epidemia, fazendo com que a incidência da doença reduzisse de 12,2 casos para 9 casos por 100 mil habitantes somente no período entre 1999 e o ano passado. Em recente trabalho que desenvolvemos com cerca de 180 ONGs/Aids de todo o Brasil, pudemos constatar que em mais de 80% dessas organizações prevalece o trabalho voluntário. Uma demonstração clara de que o povo brasileiro, quando mobilizado, pode realizar verdadeiros milagres.
Luiz Carlos Merege é professor titular, doutor pela Maxwell School of Citezenship and Public Affairs da Universidade de Syracuse, coordenador do curso de Administração para Organizações do Terceiro Setor e do Centro de Estudos do Terceiro Setor-CETS da FGV/EAESP
E-mail: merege@fgvsp.br
Uma dessas publicações, o caderno especial publicado pelo jornal "Folha de S. Paulo" (28/10/01), destaca os resultados de pesquisa realizada pelo Datafolha sobre a ação voluntária no Brasil. Nesta pesquisa dois resultados nos chamam a atenção. Um deles traz a informação que 83% dos brasileiros consideram o trabalho voluntário muito importante e o outro nos diz que 73% nunca fizeram nada. Essas informações são interessantes porque indicam que, embora exista reconhecimento por parte dos brasileiro de que o trabalho voluntário se constitui em uma atividade fundamental para a melhoria das condições sociais, por outro lado o engajamento não é significativo.
Elas confirmam que a existência dos Centros de Voluntariado se faz necessária, uma vez que eles poderão oferecer oportunidades para que aquela grande maioria que considera o trabalho voluntário muito importante, possa transformar este potencial de vontade em ações de solidariedade. Desta forma, os Centros estão contribuindo para que o percentual de pessoas de nossa população que se dedicam ao voluntariado possa ser aumentado. Dados do Centro de Voluntariado de São Paulo indicam um crescimento considerável do número de pessoas que ligam buscando alguma atividade na área. O centro revela que desde a sua criação, em 1998, até o ano passado havia recebido cerca de 15 mil ligações e que, somente neste ano, foram cerca de 12 mil até setembro. Um crescimento explosivo no número de pessoas interessadas, o que revela que, muito em breve, o percentual de brasileiros voluntários se descolará dos modestos 27% que hoje estão comprometidos. Em termos de estatísticas sempre somos forçados a nos referir aos Estados Unidos, que possuem informações detalhadas sobre o terceiro setor. Lá, segundo informações do Independent Sector ( www.indepsec.org ), o percentual de pessoas voluntárias atinge cerca de 49% da população, que doa mais de 20 bilhões de horas anuais e que corresponde a um valor de US$ 201 bilhões. Um valor significativo que supera muitos PIBs de nosso planeta, chegando a um terço da produção de nossas riquezas anuais!
Essas informações demonstram o importantíssimo papel que o trabalho voluntário pode assumir para a melhoria das condições de vida em um país, quando exercido por uma parcela da população comprometida com a causa social.
O Dia Mundial de Combate a Aids, celebrado no dia 1º de dezembro, nos lembra do competente trabalho desenvolvido pelas denominadas ONGs/Aids no Brasil, também com reconhecimento internacional, que conseguiram uma grande vitória no combate à epidemia, fazendo com que a incidência da doença reduzisse de 12,2 casos para 9 casos por 100 mil habitantes somente no período entre 1999 e o ano passado. Em recente trabalho que desenvolvemos com cerca de 180 ONGs/Aids de todo o Brasil, pudemos constatar que em mais de 80% dessas organizações prevalece o trabalho voluntário. Uma demonstração clara de que o povo brasileiro, quando mobilizado, pode realizar verdadeiros milagres.
Luiz Carlos Merege é professor titular, doutor pela Maxwell School of Citezenship and Public Affairs da Universidade de Syracuse, coordenador do curso de Administração para Organizações do Terceiro Setor e do Centro de Estudos do Terceiro Setor-CETS da FGV/EAESP
E-mail: merege@fgvsp.br