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Desigualdade marca o Brasil do Censo 2000

Por Folha de Pernambuco    21 de dezembro de 2001
IBGE divulgou ontem levantamento feito há mais de um ano

RIO - Os dados do Censo 2000, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e divulgado ontem, revelam um Brasil que chega ao século 21 com a desigualdade como sua principal marca. No Maranhão, o responsável pela família ganha em média R$ 343,00 um quarto do que recebe no Distrito Federal (R$ 1.499). No Brasil, a renda média é de R$ 769. De acordo com o Censo 2000, o Brasil tem 169.799.170 habitantes. A população ficou mais velha, mais feminina, mais urbana e mais alfabetizada. Permanece, porém, um enorme fosso entre as regiões.

Nos nove anos que separam os censos de 1991 e 2000, o país conseguiu diminuir a taxa de analfabetismo em 32%, mas ainda existem 16,29 milhões de pessoas acima de 15 anos que não conseguem ler nem escrever. Um terço dos domicílios é comandado por um analfabeto funcional, alguém que não consegue entender um texto. No Nordeste, eles são 54,4%; no Sul, 25,6%. Em todo o país, ainda há 8 milhões de famílias comandadas por pessoas totalmente analfabetas.

As mulheres já são responsáveis por um quarto dos domicílios. Continuam, porém, ganhando menos do que os homens. A família brasileira está menor e também diminuiu o número de moradores por domicílio. Eram 4,15 em 1991 e agora são 3,8.

O rendimento médio dos responsáveis pelos domicílios aumentou em todo o país - 41,9% de 1991 a 2000, passando de R$ 542,00 para R$ 769,00. Mas é necessário destacar que o Censo 1991 foi realizado quando o Brasil enfrentava uma forte recessão causada pelo confisco do Plano Collor. Ou seja, a população começou os anos 90 ganhando muito mal, viu sua renda crescer especialmente após o Plano Real e enfrentou nova perda de renda em 1998 e 1999.

O Brasil ainda tem 7,5 milhões de domicílios sem banheiro (16,74% do total). A velocidade da urbanização não foi acompanhada na mesma proporção pelo aumento da oferta de serviços de saneamento básico e abastecimento de água. No Piauí, 42,9% dos domicílios não têm banheiro ou qualquer tipo de instalação sanitária. Em São Paulo, esse percentual é de apenas 0,4%. Na região Norte, só 35,6% dos domicílios têm rede de esgoto ou fossa séptica. No Sudeste, 82,3%.

Também há dois países no limite entre o campo e a cidade. O rendimento médio do responsável pelo domicílio até subiu mais na área rural (52,6%) do que na área urbana (34,9%) e no país como um todo (41,9%), mas a diferença ainda é brutal: o rendimento médio no campo é de R$ 328,00 enquanto, na cidade, é de R$ 854,00.

Cerca de 200 mil recenseadores e 30 mil supervisores coletaram os dados do Censo 2000, de 1º de agosto a 30 de novembro de 2000. Foram visitados 54.265.618 domicílios. Os dados agora divulgados pelo IBGE são do questionário básico, mais sintético, aplicado em todos os domicílios (menos os selecionados para responder ao questionário da amostra, bem mais detalhado).

Os dados do questionário da amostra estão sendo analisados e serão divulgados em 2002, trazendo informações sobre raça, religião e rendimento, entre outros.

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