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Dentistas prestam atendimento voluntário no presídio feminino

Por Correio da Bahia - Roberto Nunes   21 de dezembro de 2001
Profissionais ensinam as internas a cuidar da higiene bucal

Extrações, obturações, além de limpeza de tártaro e uma orientação da saúde bucal estão sendo feitas, de forma voluntária, por odontólogos e profissionais de saúde entre as internas da Penitenciária Feminina, no Complexo Penitenciário da Mata Escura. A iniciativa da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra), ONG internacional de apoio à saúde e da melhoria da qualidade de vida, vem oferecendo serviço de qualidade, fazendo com que as internas aprendam a cuidar da saúde bucal. Segundo a diretora da Penitenciária Feminina, Silvana Maria Selem Gonçalves, a maioria das 123 internas que tinham problemas dentários recebeu atendimento odontológico num consultório móvel montado no pátio externo da unidade.

"Antes as internas reclamavam muito de dores causadas por problemas dentários. Agora, os profissionais estão reforçando o atendimento de extração, obturação e outras ações de saúde bucal na unidade", diz ela, elogiando a iniciativa da Adra e adiantando que a Secretaria da Justiça e Direitos Humanos já anunciou a aquisição de equipamentos odontológicos para ampliar o atendimento nas unidades prisionais, no estado.

No próximo ano, adiantou Wilton Remigio, diretor executivo da Adra, a entidade deverá estender mais as suas ações entre os internos das unidades do Complexo Penitenciário da Mata Escura. "Este ano, fizemos também um atendimento preventivo entre as crianças da creche-escola do complexo", explicou ele, dizendo que a saúde bucal é essencial para melhorar a qualidade de vida entre as internas.

Voluntariado - Durante o Ano Internacional do Voluntariado, o médico e odontólogo iugoslavo Marko Dedic, que fez atendimento junto às internas da Penitenciária Feminina, foi uma espécie de conselheiro e anjo da guarda das internas. "Elas têm sérios problemas de saúde bucal e eu tive um pouco de receio de atendê-las no começo", contou ele, que nunca tinha entrado num presídio, tampouco feito atendimento odontológico em detentos. "Fiquei surpreso com o retorno e muito gratificado com o trabalho que desenvolvi com as internas", relatou.

Dedic, que garantiu que esta foi uma experiência única na sua vida, disse que irá retornar para prosseguir o trabalho voluntário nas comunidades carentes na região metropolitana de Salvador. Segundo as internas, Marko sempre foi gentil no trato durante o atendimento. A interna Patrícia Vieira, 24 anos, e que teve sete dentes extraídos num único dia, elogiou os cuidados do iugoslavo. "Ele tem uma mão leve. Não senti nada. Realmente, ele foi enviado por Deus", acredita.

Já a interna Cristina Santos, que antes tinha medo de dentista, adiantou que não vai mais se descuidar da saúde bucal. "Estava com várias cáries nos dentes e cuidei de tudo", contou ela, que vai ter de extrair dois dentes. Noélia Vieira Santos explicou que o dentista teve muita paciência com as internas. "Ninguém reclamou dele. Aqui ele só fez o bem para nós", garantiu.

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