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Indústrias podem se tornar responsáveis pelo lixo que produzem
`O Instituto Ethos espera que os empresários não se preocupem apenas com as questões do dia-a-dia, mas também se envolvam na discussão de políticas públicas e questões nacionais`, afirmou Oded Grajew, diretor-presidente do Instituto Ethos, no início do encontro. Em seguida, o deputado Emerson Kapaz lembrou que a Política Nacional de Resíduos vai ter um impacto direto sobre as empresas. `Hoje nós não queremos saber o que é feito com o que resta do nosso consumo, mas isso vai ter que mudar`, disse ele.
A Comissão Especial para a Política Nacional de Resíduos foi criada em maio deste ano para analisar e dar uma orientação única aos 57 projetos sobre resíduos que tramitam no Congresso Nacional. Como relator da comissão, Kapaz elaborou um relatório preliminar, que está sendo apresentado para a sociedade, de maneira que todos os envolvidos conheçam e discutam o assunto. Em 2002, o projeto deve ser encaminhado para votação na Câmara dos Deputados e no Senado, e para aprovação do Presidente.
No projeto preliminar são definidos vários princípios para a Política Nacional de Resíduos. O principal deles é o princípio poluidor-pagador, segundo o qual cada indústria deve gerenciar os resíduos decorrentes de suas atividades. Outros princípios são a universalização e regularização dos serviços de limpeza urbana (incluindo-se as favelas) e a responsabilidade solidária (pelo qual a indústria é considerada co-responsável pelo destino do produto durante todo o seu ciclo de vida).
O relatório também trabalha com o conceito dos `3Rs`: redução, reaproveitamento e reciclagem. A redução busca diminuir a quantidade de lixo produzido pelas indústrias. `Para isso, as empresas vão ter que rediscutir as embalagens que utilizam para vender seus produtos`, acredita Kapaz. Como exemplo, ele cita os tubos de pasta de dente, que em muitos países já são vendidos sem a caixa de papel. No Brasil, o deputado sugere que, através incentivos como juros mais baixos, os órgãos de financiamento público valorizem as empresas que buscam reduzir a quantidade de lixo que produzem.
O reaproveitamento é o uso de materiais, como vidros, que podem ser reutilizados sem serem reciclados, economizando a energia gasta no processo de reciclagem. `Uma das propostas é que estabelecimentos, como restaurantes e bares, sejam obrigados a utilizar mais materiais reaproveitáveis e menos materiais recicláveis`, explica o deputado.
Por último vem a reciclagem, que já é uma realidade em muitos setores. Cerca de 78% das latas de alumínio produzidas no Brasil são recicladas, graças ao exército de 700 mil pessoas que vivem de catar lixo no País. Segundo Kapaz, a proposta é incentivar a criação de cooperativas de catadores e ampliar o mercado para produtos reciclados. `A Política Nacional de Resíduos só vai dar certo se os seus custos forem divididos entre o setor público, o privado e os consumidores`, concluiu o deputado. Mais informações sobre a Política Nacional de Resíduos podem ser obtidas no site www.kapaz.com.br