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Santo de Casa Também faz Milagres

Por evista Consumidor Moderno - http://www.consumidormoderno.com.br/   2 de janeiro de 2002
São Paulo - Com duas décadas de ações sociais no País, a 3M já beneficiou mais de 86 mil pessoas

Na 3M, o velho ditado "o exemplo começa dentro de casa" funciona. Entre seus 2,6 mil funcionários das unidades industriais de Sumaré, Ribeirão Preto e Itapetininga, no interior paulista, 1,4 mil prestam trabalhos voluntários. Isso mesmo: 55% do quadro de funcionários estão envolvidos em causas sociais.

Para valorizar aqueles que se engajam em ações que beneficiam a comunidade, a empresa criou, em 1996, o prêmio Boa Ação 3M. Esse prêmio não visa escolher pessoas ou projetos, mas reconhece os chamados "líderes" - todos aqueles que apresentam à empresa algum projeto ou campanha. "O prêmio é uma maneira simbólica de homenagear todos os talentos", diz a gerente de relações públicas da empresa, Carmella Carvalho.

Segunda Carmella, um voluntáriolíder compõe uma idéia, mas precisa de mais voluntários para participar da campanha e colocá-la em prática. Hoje, a companhia tem 652 voluntários líderes em projetos sociais, que se comprometem a ficar pelo menos um ano prestando assistência à causa escolhida. "Isso garante que os programas tenham começo, meio e fim", afirma a gerente.

Por incentivar o trabalho voluntário, a 3M não repreende funcionários quanto às horas que se ausentam para se dedicar às causas sociais. Não é raro, por exemplo, encontrar o responsável pela área de meio ambiente saindo de Sumaré para ir à cidade de Araras com um grupo para visitar uma creche. "Todo voluntário é uma pessoa especial. Ele se dedica mais no trabalho, não anda na contramão na rua, não joga papel no chão", observa Carmella. "E na 3M o trabalho é voluntário mesmo, as pessoas escolhem seus projetos de acordo com o que a vontade manda."

Mensalmente, somados os esforços de todos os envolvidos, os funcionários da 3M dedicam 128 mil horas ao voluntariado. Mas no fim do ano eles encontram uma capacidade extra para fazer da campanha de Natal, que envolve a empresa toda, um grande momento. Este ano o tema é "Pequenos Gestos, Grandes Atitudes", e os resultados prometem. No ano passado, só na cidade de Sumaré, foram distribuídas mais de 2,5 mil sacolas para crianças pertencentes a cerca de 20 instituições escolhidas pelos voluntários. Um único funcionário arrecadou 453 sacolas. Na cidade de Itapetininga, a equipe optou pela campanha de brinquedos, arrecadando mais de seis mil deles.

Entre as 86 instituições que recebem apoio dos voluntários está o Grupo Primavera, destinado a meninas adolescentes que moram em um bairro de Campinas com alto índice de violência. Lá elas recebem, em horário extra-escolar, orientação para autovalorização e a possibilidade de participar de atividades como coral e curso de bordado em ponto de cruz.

Com base no grupo, foi desenvolvida uma fábrica de bordados, que já mantém uma linha de produção, e que, uma vez por ano, rende uma "florada", em que os trabalhos são vendidos - a filosofia do Primavera é que 51% de seus recursos sejam gerados pela instituição, garantindo seu sustento. Nessa instituição, a 3M patrocina um projeto chamado Sempre Amigas, fornecendo sete bolsas de estudos por ano que já ajudaram a formação de profissionais como engenheiras e enfermeiras.

O Grupo Primavera recebe também apoio e orientação profissional por parte de funcionários da 3M. Engenheiros da companhia, por exemplo, otimizaram seus processos de produção e ajudaram a implementar medidas de segurança, como o uso de máscaras, na linha de montagem. "Com a equipe da 3M, melhoramos muito nossa produção", afirma Jane Shiang Sieh, fundadora do Grupo Primavera. "É uma parceria muito importante e que nos ajuda a fortalecer como pequena empresa."

Carmella diz que o envolvimento da 3M em causas sociais criou um ambiente de trabalho mais agradável entre os funcionários, contribuiu para o baixo turn over e criou maior afinidade do profissional com a empresa. "Hoje o funcionário defende a empresa", afirma.

Além do voluntariado

Além do voluntariado, a 3M mantém programas como o 3M Preserve o Meio por Inteiro, dedicado à educação ambiental, nascido há 12 anos nas escolas de ensino público de Sumaré e que já envolveu cerca de 55 mil alunos, cadastrados em um banco de dados da empresa - anualmente, todos eles são lembrados de sua participação com um brinde ao final do ano.

Este ano, fazem parte do programa 5,5 mil alunos das escolas de Sumaré, 1,1 mil de Itapetininga e 1,1 mil de Ribeirão Preto. Realizado em parceria com as Secretarias de Educação dos municípios, o Preserve o Meio por Inteiro visa estimular professores e alunos a estudarem temas relacionados ao meio ambiente, especialmente aqueles em torno da conservação da água, do ar e do solo. "É um projeto de muito valor por causa do envolvimento da Secretaria de Educação", diz Carmella. "Sem ele não seria possível."

No início do ano, é feito um planejamento dos temas que serão desenvolvidos. O passo seguinte é convidar todos os professores das escolas que estarão envolvidas para avaliarem a adesão. "Este ano, 287 professores participam do programa, contando com palestras de capacitação de profissionais de órgãos como Unicamp, USP e OAB ", explica Carmella.

Nos nove meses de duração do projeto, são abordados assuntos como importância da água, formação dos mananciais e preservação e segregação de resíduos, além de serem promovidas ações como o plantio de árvores pelos alunos com a finalidade de reflorestar as matas ciliares e a observação dos elementos poluidores das águas. Também faz parte do programa o estímulo ao uso de latas de lixo com as cores de seleção de resíduos - plástico, papel, orgânicos e vidros -, e a visita à estação de tratamento de efluentes na 3M.

Outro projeto apoiado pela 3M é o Cidade dos Meninos, que recebe meninas de oito a 18 anos e meninos de 11 a 14 proporcionando-lhes formação profissional em áreas como preparação de produtos alimentares, panificação, marcenaria, serralheria, construção civil e hidráulica, artes gráficas e serigrafia, e instalação elétrica. Na escola de funilaria e pintura, a 3M contribui com produtos e aperfeiçoamento da mão-de-obra, capacitando tecnicamente os professores, além de promover a integração dos jovens no mercado de trabalho.

A preocupação da empresa na área de educação também se reflete no projeto Educação para o Trabalho, realizado em parceria com a Sorri Campinas e o Centro de Educação Especial Egydio Pedreschi, de Ribeirão Preto. O programa, voltado a portadores de deficiências, procura treinar e capacitar os alunos para sua inclusão no mercado de trabalho, abordando questões como disciplina, cumprimento de metas, qualidade, normas internas de segurança e participação em treinamentos. Duas pessoas da Sorri Campinas já foram contratadas para integrar o quadro de funcionários da 3M. Além disso, uma parceria com o Centro de Educação Especial Egydio Pedreschi permitiu que a companhia ampliasse de seis para 13 o número de vagas disponíveis, bem como ampliasse as áreas em que os alunos podem ser treinados (produtiva, administrativa e jardinagem).

Uma andorinha só não faz verão

Para estimular a atuação social por parte do empresariado, em outubro a 3M realizou em Sumaré o 1º Fórum de Responsabilidade Social Empresarial, reunindo empresários, especialistas e lideranças regionais para discutir o papel do cidadão na sociedade. "O objetivo do fórum é ser multiplicador das empresas da região, levando os empresários à reflexão sobre sua responsabilidade social", diz o diretor de relações públicas da 3M, Sérgio de Regina.

Para enriquecer o conteúdo levado aos participantes, a companhia buscou palestrantes e representantes de organizações sociais, como Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos de Responsabilidade Social, e o jornalista Gilberto Dimenstein. Ainda não há previsão sobre a data para uma nova edição do evento, mas é provável que ele seja realizado novamente dentro de dois anos.

Sérgio de Regina lembra que ter responsabilidade social não envolve apenas dar dinheiro para instituições. "É preciso eliminar a idéia de que responsabilidade social é um ato só de dinheiro", avalia. "Pelo contrário - cada vez mais deve ser menos, à medida que se busque uma parceria com a instituição para que ela se desenvolva, tenha pernas próprias e possa andar sozinha." Ou, para lembrar mais um ditado, é melhor ensinar a pescar do que entregar o peixe.

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