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Coleta seletiva de lixo exige planejamento e educação
A coleta seletiva é indispensável em um país que produz 90 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, classificados em domiciliares (45,6 milhões), industriais e comerciais (44,4 milhões), e que assiste ao esgotamento das capacidades dos aterros sanitários, apesar deles receberem apenas 10% do lixo coletado. O restante segue para aterros controlados ou lixões.
O programa de coleta seletiva depende do ramo de atividade, dos resíduos gerados e dos objetivos da empresa. "Programas-padrão não surtem efeito, tampouco projetos baseados na compra e colocação de lixeiras, que apenas dão visibilidade ao projeto. Em 100% dos casos, esse tipo de implantação resulta em desperdício de recursos e fracasso do programa", conta a educadora ambiental Ana Domingues, do Instituto GEA - Ética e Meio Ambiente.
"A implantação requer estudos técnicos especializados para detectar os resíduos gerados, a localização dos geradores do lixo, a dinâmica de retirada do lixo pelo pessoal da faxina, o nível sócio-cultural dos funcionários, entre outros itens", explica Ana.
Na hora de optar por um programa, Ana alerta para os riscos de se contratar alguém que ofereça implantação gratuita do projeto, mas que tenha interesses econômicos com a venda de material reciclável ou lixeiras. Um projeto de coleta seletiva deve estar comprometido com a educação ambiental, afirma a educadora do GEA.
Patrícia Blauth, educadora e consultora ambiental, conta que, muitas vezes, o empresário confunde educação com divulgação ou treinamento. Daí optar por atividades de curta duração, como o uso de panfletos ou cartazes, que não atingem o objetivo. "Mais do que conscientizar, é preciso sensibilizar as pessoas para uma nova relação afetiva com o ambiente."
O ideal é ministrar palestras e debates para desvendar temas acerca do lixo, os problemas ambientais e sociais decorrentes e as possibilidades de reciclagem. "O programa com base educativa mobiliza os funcionários e fortalece o sentido de participação, até em outros aspectos da vida da empresa, e de cidadania", avalia Patrícia. "Em geral, 75% do peso total de lixo produzido nas empresas poderia ser, pelo menos, destinado à reciclagem, sem falar nas possibilidades de redução e reuso", afirma.
O destino dos resíduos coletados deverá ser definido durante os estudos prévios para implantação do projeto. Existem as possibilidades de parcerias com cooperativas de catadores ou com entidades que recolhem o material e revertem o resultado da venda para ações sociais.
São opções que as consultorias ambientais conhecem. Elas são especializadas em "juntar as pontas", envolvendo os agentes em atividade na cadeia da reciclagem de acordo com as necessidades da empresa.
Outra opção é a própria empresa vender o material reciclável e reverter o dinheiro obtido na operação em benefício dos funcionários.
Nos dois casos, é o momento em que o empresário verá os custos com a retirada do lixo se converter em marketing social.