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Ser voluntário exige perseverança e dedicação
Ser voluntário da Associação Viva e Deixe Viver pode até parecer divertido. Mas não basta querer ajudar, tem de existir dedicação e preparo para lidar com crianças que, em muitos casos, estão em fase terminal.
"Estatisticamente, apenas 10% dos voluntários inscritos chegam a ficar aptos para o trabalho. Queremos um serviço responsável, não esporádico", afirma Valdir Cimino, fundador e diretor da associação. O processo de formação do voluntário chega a durar, segundo ele, até nove meses.
Após tomar conhecimento da proposta da entidade, a pessoa interessada em participar preenche um questionário com 47 perguntas. As respostas são analisadas por um grupo de 12 terapeutas, que prestam serviço à organização.
O passo seguinte consiste em participar de um workshop, que tem como enfoque o trabalho de contar histórias. "É importante que o voluntário desenvolva características artísticas e possua condições emocionais para lidar com situações humanas adversas", afirma o publicitário.
Depois do workshop, o inscrito realiza um curso sobre administração de tempo. De acordo com Cimino, a adoção dessa estratégia deve-se à irregularidade dos primeiros voluntários. "Cerca de 90% dos colaboradores abandonavam o trabalho e não davam nenhuma satisfação. A desculpa sempre era que não tinham mais tempo."
Perda - Posteriormente, procura-se mostrar com detalhes o que é estar dentro de um hospital. Uma comissão de médicos do Hospital Emílio Ribas está a cargo dessa atividade. Em fevereiro do ano que vem, esse trabalho será realizado no centro médico Cruz Azul.
Nessa fase de preparação, o interessado passa por uma conversa individual com um terapeuta, que lhe incute a noção de perda, comum às crianças atendidas pela associação. "Muitas perguntam aos contadores de histórias o que é a morte. Por isso é importante que ele transmita confiança e tenha jogo de cintura para transformar uma situação triste em alegria", diz Cimino.
Nessa jornada de aprendizagem, o próximo item é passar um mês acompanhando um contador experiente no Emílio Ribas, para ter noção da parte prática do trabalho. Depois desse percurso, que pode durar quase um ano, a pessoa fica apta a exercer o trabalho sozinha, até mesmo em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
"Há dois meses, uma comissão da Unicamp (Universidade de Campinas) estudou o impacto do trabalho nas crianças atendidas e constatou que 87% delas conseguiam abstrair da mente os problemas com a doença", festeja o publicitário.
Para se manter, a entidade conta com o apoio permanente da Colgate, além de doações de outras empresas e particulares. Na semana passada, o Ministério da Cultura aprovou uma proposta da associação, que poderá utilizar leis de incentivos fiscais para captação de recursos.
Por enquanto, os hospitais atendidos pelos contadores de histórias, em São Paulo e Campinas, são Emílio Ribas, Sírio-Libanês, Hospital da Criança, Sepaco, Samaritano, Cândido Fontoura, Auxiliar Cotoxó, Centro Médico de Campinas, Clínicas de Campinas e Casa Sol.
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