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Métodos diferentes, mesma motivação

Por Jornal O Estado de S. Paulo   2 de janeiro de 2002
Há quem diminua o tempo de serviço ou aproveite aposentadoria para ir a hospitais

Para contar as histórias, os voluntários usam diversos métodos, incluindo leitura, desenhos, dobraduras, colagens e mímicas. O importante é deixar a criança à vontade, sentir se ela quer mesmo ouvir e saber se comunicar da melhor maneira possível. As histórias tradicionais, como Chapeuzinho Vermelho, os Três Porquinhos, Cinderela e Pinóquio, por exemplo, podem ser mudadas a qualquer momento, para que se incuta na criança conceitos de higiene, cidadania e auto-estima.

"É o melhor trabalho do mundo, sendo uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo que levo alegria para as crianças, tenho como retorno esse sentimento", regozija-se a voluntária Rose Esteves, de 42 anos. Há dois anos, ela tomou conhecimento da filosofia da entidade e se engajou no trabalho. Moradora de Perdizes, no mês passado decidiu trabalhar menos tempo como representante comercial e se dedicar mais ao serviço voluntário no Hospital Samaritano.

"Quando comecei, senti um pouco de dificuldade em suportar emocionalmente o impacto de lidar com crianças enfermas. No entanto, a preparação prévia da associação deu forças para que eu continuasse", afirma Rose. Para entreter as crianças, criou a personagem Juju, uma boneca que entra em todas as histórias.

Aposentadoria - Marta Lúcia Paro Guerra, de 44 anos, começou o trabalho na associação há três anos. Aproveitou a chegada da aposentadoria para dedicar-se exclusivamente ao trabalho voluntário. Além de contar histórias, atua na parte administrativa da entidade. Todas as quintas-feiras, na parte da manhã, vai até o Hospital da Criança, no Jabaquara, e diverte os jovens pacientes.

"O momento mais difícil para mim foi em outubro, quando morreu uma criança que eu visitava havia três anos. Gradativamente, ela foi perdendo os movimentos do corpo e definhando, mas, sempre que podia, ouvia as histórias.

Sem poder se mexer, piscava os olhos para demonstrar suas reações", emociona-se a voluntária.

Conhecida no hospital, os médicos muitas vezes solicitam seu trabalho e indicam crianças que estão passando por momentos mais difíceis. "Gosto demais do que faço. É uma dádiva divina poder ajudar outras pessoas, quanto mais crianças que muitas vezes não têm nenhuma esperança de vida melhor."

(L.C.)



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