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O caminho é o da parceria
Por Jornal Valor-Rodrigo Baggio   23 de janeiro de 2002
O Ano Internacional do Voluntariado, como foi declarado 2001 pela
Organização das Nações Unidas, aqueceu no Brasil uma expressiva faceta das
práticas sociais: a responsabilidade social.
Nunca se investiu tanto em ações sociais como no ano que passou. Mais do que uma estratégia de marketing, muitas empresas perceberam que tinham em suas mãos um compromisso maior do que apenas manter seus orçamentos no azul.
Na ponta deste inédito posicionamento estão as mais de 200 mil organizações brasileiras do terceiro setor, este novo segmento da sociedade que vem, desde o início da década de 90, ampliando sua participação na busca e no desenvolvimento de soluções para os problemas nacionais e até internacionais. Organizações não-governamentais, institutos, fundações, entidades de diferentes perfis e abrangências se espalham nas mais diversas áreas de atuação: educação, saúde, assistência social, cultura, entre outros.
Segundo recente estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA (www.ipea.gov.br), que buscou esquadrinhar as ações sociais das empresas brasileiras, o Sudeste ainda lidera os investimentos no social. No entanto, estados do Nordeste e demais regiões vem expandindo rapidamente sua participação. Os segmentos que mais receberam recursos foram os de assistência social e alimentação/abastecimento, seguidos por segurança, esporte, educação/alfabetização, saúde e cultura. Ranking este que apresenta algumas variações de posição se isolarmos por região.
O trabalho a que me dedico hoje ao dirigir o Comitê para Democratização da Informática (www.cdi.org.br), ONG que fundei em 1995 com a missão de promover a inclusão social através da utilização das tecnologias da informação como um instrumento de construção e exercício da cidadania, me permitiu acompanhar esta evolução do mercado social. Os resultados deste estudo do IPEA me deixaram muito feliz por sinalizarem um amadurecimento do setor empresarial em relação aos aspectos da responsabilidade social. Há 5 ou 10 anos, seria difícil imaginar que nos dias de hoje, dois terços das empresas do sudeste, 55% das empresas da região nordeste e 46% na região sul, estariam investindo em ações sociais, independente do tamanho ou do faturamento. Outro dado interessante que pude observar na pesquisa é que a maioria das empresas não vem utilizando os incentivos fiscais.
Atualmente não se vê mais como exclusividade do Estado a responsabilidade pelas soluções das questões brasileiras. Hoje o caminho é o da parceria, onde empresas, organizações da sociedade civil organizada e Estado trabalham em conjunto para desatar os nós que impedem que a "Qualidade de Vida" chegue a todos os brasileiros.
No entanto, os recursos investidos pelas empresas em ações sociais, mais do que um retorno de imagem ou satisfação pessoal daquele que doa, devem objetivar a melhoria do relacionamento da empresa com a comunidade, a motivação e produtividade dos funcionários e, acima de tudo, o bem-estar e desenvolvimento da cidadania. Não se trata de distribuir recursos aleatoriamente, a mola mestra da filantropia deve ser a superação da condição de exclusão social.
Este ano que se inicia é fundamental para as entidades envolvidas com o trabalho social. É o momento do setor avaliar a extensão do impacto deste Ano do Voluntariado na cultura, não só empresarial, como da sociedade brasileira. O aumento dos investimentos traz uma maior responsabilidade também dos empreendedores sociais. Exige-se um maior profissionalismo, transparência, qualidade na gestão dos recursos e foco na ação proposta, visando um atendimento mais amplo e de maior qualidade. Temos esta tarefa, manter aceso e ativo este novo espírito, esta nova atitude.
Rodrigo Baggio empreendedor social e fundador e Diretor-executivo do Comitê para Democratização da Informática
E-mail: cdi@cdi.org.br ou www.cdi.org.br
Nunca se investiu tanto em ações sociais como no ano que passou. Mais do que uma estratégia de marketing, muitas empresas perceberam que tinham em suas mãos um compromisso maior do que apenas manter seus orçamentos no azul.
Na ponta deste inédito posicionamento estão as mais de 200 mil organizações brasileiras do terceiro setor, este novo segmento da sociedade que vem, desde o início da década de 90, ampliando sua participação na busca e no desenvolvimento de soluções para os problemas nacionais e até internacionais. Organizações não-governamentais, institutos, fundações, entidades de diferentes perfis e abrangências se espalham nas mais diversas áreas de atuação: educação, saúde, assistência social, cultura, entre outros.
Segundo recente estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA (www.ipea.gov.br), que buscou esquadrinhar as ações sociais das empresas brasileiras, o Sudeste ainda lidera os investimentos no social. No entanto, estados do Nordeste e demais regiões vem expandindo rapidamente sua participação. Os segmentos que mais receberam recursos foram os de assistência social e alimentação/abastecimento, seguidos por segurança, esporte, educação/alfabetização, saúde e cultura. Ranking este que apresenta algumas variações de posição se isolarmos por região.
O trabalho a que me dedico hoje ao dirigir o Comitê para Democratização da Informática (www.cdi.org.br), ONG que fundei em 1995 com a missão de promover a inclusão social através da utilização das tecnologias da informação como um instrumento de construção e exercício da cidadania, me permitiu acompanhar esta evolução do mercado social. Os resultados deste estudo do IPEA me deixaram muito feliz por sinalizarem um amadurecimento do setor empresarial em relação aos aspectos da responsabilidade social. Há 5 ou 10 anos, seria difícil imaginar que nos dias de hoje, dois terços das empresas do sudeste, 55% das empresas da região nordeste e 46% na região sul, estariam investindo em ações sociais, independente do tamanho ou do faturamento. Outro dado interessante que pude observar na pesquisa é que a maioria das empresas não vem utilizando os incentivos fiscais.
Atualmente não se vê mais como exclusividade do Estado a responsabilidade pelas soluções das questões brasileiras. Hoje o caminho é o da parceria, onde empresas, organizações da sociedade civil organizada e Estado trabalham em conjunto para desatar os nós que impedem que a "Qualidade de Vida" chegue a todos os brasileiros.
No entanto, os recursos investidos pelas empresas em ações sociais, mais do que um retorno de imagem ou satisfação pessoal daquele que doa, devem objetivar a melhoria do relacionamento da empresa com a comunidade, a motivação e produtividade dos funcionários e, acima de tudo, o bem-estar e desenvolvimento da cidadania. Não se trata de distribuir recursos aleatoriamente, a mola mestra da filantropia deve ser a superação da condição de exclusão social.
Este ano que se inicia é fundamental para as entidades envolvidas com o trabalho social. É o momento do setor avaliar a extensão do impacto deste Ano do Voluntariado na cultura, não só empresarial, como da sociedade brasileira. O aumento dos investimentos traz uma maior responsabilidade também dos empreendedores sociais. Exige-se um maior profissionalismo, transparência, qualidade na gestão dos recursos e foco na ação proposta, visando um atendimento mais amplo e de maior qualidade. Temos esta tarefa, manter aceso e ativo este novo espírito, esta nova atitude.
Rodrigo Baggio empreendedor social e fundador e Diretor-executivo do Comitê para Democratização da Informática
E-mail: cdi@cdi.org.br ou www.cdi.org.br