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Fórum Social Mundial termina em clima de carnaval
Por Jornal do Commercio    7 de fevereiro de 2002
Um carnaval globalizado, que misturou políticos petistas, Mães da Praça de
Maio, militantes palestinos, delegados israelenses, índios sul-americanos e
ativistas de organizações não-governamentais da Índia e da África encerrou
ontem o 2º Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre. A festa foi
realizada minutos após a leitura de uma sisuda mensagem em que o escritor
português José Saramago criticou as fórmulas caducas dos partidos e os
limites da democracia. Rivais nas prévias do PT gaúcho, o governador do Rio
Grande do Sul, Olívio Dutra, e o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro,
chegaram a dançar de mãos dadas numa ciranda improvisada no palco. Cerca de
5 mil pessoas participaram da celebração, acompanhando as músicas. Depois de
108 horas de discussões, o FSM terminou sem um documento que reunisse todas
as propostas, porque não houve ali um pensamento único, mas com um
calendário de resistência contra o neoliberalismo, o militarismo e a guerra.
"Viramos uma ONU das bases", resume Maria Luisa Mendonça, diretora da Rede
Social de Justiça e Direitos Humanos e integrante do comitê de organização
do fórum. A ênfase da segunda edição do FSM, desta vez, não esteve em
grandes pensadores nem em personalidades que costumam roubar a cena, como
ocorreu em 2001 com o ativista francês José Bové - bem contido neste ano,
diga-se de passagem, a pedido da cúpula petista. Ao contrário, os debates do
chamado supermercado de idéias culminaram com o lançamento de redes para
mais discussões, como o Fórum Permanente de Direitos Humanos. Ficou decidido
ainda que haverá fóruns regionais e continentais, de outubro a dezembro
deste ano. Detalhe: a nata planetária do liberalismo não está a salvo da
turma que se concentra em Porto Alegre. Uma das reuniões deve ser realizada
na Califórnia (EUA). Outra, na Palestina.