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ONG orienta candidatos a pais adotivos
Por Aniela Almeida   18 de março de 2002
Ponta Grossa — Carlos Luís Paes de Almeida Pinske, 8 anos, foi adotado quando já havia passado um ano e meio dentro de uma instituição. O menino tinha bronquite, alergia, era anêmico, pesava seis quilos e já havia sido internado várias vezes com pneumonia. Carlinhos faz parte de um grupo privilegiado de crianças que conseguiram ser adotadas. De acordo com dados da Vara da Infância e Juventude de Ponta Grossa, o número de menores institucionalizados é grande por causa da exigência dos pretendentes à adoção. A preferência é por meninas, recém-nascidas, de cor branca, cabelos e olhos claros e saudável.
O que levaria, então, um casal a adotar uma criança mais velha e doente? Glaci Paes Pinske tinha apenas 15 anos quando decidiu que, ao invés de engravidar, adotaria um filho. O sonho demorou 23 anos para ser realizado. Ela e seu marido visitavam uma instituição pela oitava vez quando viram Carlinhos num carrinho de bebê mamando – nas visitas anteriores o menino estava internado. “O Paulo disse para o Carlinhos terminar logo de mamar para que ele pudesse pegá-lo. Ele jogou a mamadeira e pulou no colo do meu marido imediatamente e não tive dúvidas", conta emocionada a mãe.
A batalha para conseguir a guarda de Carlinhos demorou quatro anos. Mas Glaci e Paulo não desistiram e hoje fazem parte do Grupo de Apoio à Adoção Necessária, criado em agosto do ano passado por cerca de 20 pais adotivos. “Nosso objetivo é orientar pais pretendentes e mostrar para sociedade que não são os adultos que precisam de filhos e sim as crianças que precisam de família”, comenta Glaci.
Para a professora do departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que há quatro anos coordena o projeto Adoções Necessárias, Edith Franke, esta situação é resultado da cultura disseminada pelo Código do Menor, que previa o processo de adoção como uma forma de proporcionar filhos aos casais incapazes de conceber. “Assim os candidatos procuram por crianças parecidas com eles”, explica. Com a promulgação do Estatuto da Criança e Adolescente, a ótica se inverteu. O documento reconhece que a criança é que tem direito ao convívio familiar.
A Vara da Infância e Juventude da cidade baixou uma portaria exigindo a participação dos pais pretendentes nas reuniões do grupo. O primeiro encontro dos candidatos a pais adotivos com a ONG acontece no próximo dia 23.